Qual é a fórmula para garantir o futuro dos filhos?
Devo fazer um investimento para garantir o futuro do meu filho? Qual a melhor opção? Quanto devo deixar? “Uma pessoa muito rica deveria deixar para seus filhos o suficiente para eles fazerem qualquer coisa, mas não o suficiente para eles não fazerem nada”, disse o megainvestidor Warren Buffett. No final de setembro, uma declaração do apresentador super-rico da CNN Anderson Cooper ao podcast Morning Meeting reavivou a polêmica sobre deixar ou não fortuna aos herdeiros. Está ocorrendo um movimento de doações de fortunas de bilionários no exterior e estamos vendo também um aumento de pedidos de testamentos com o advento da pandemia. O próprio Warren Buffett já doou metade de sua fortuna para fundações de impacto social. Há uma discussão sobre herdeiros não darem valor ao dinheiro e por isso perderem suas iniciativas. Frase como “Filho de rico é playboy, filho de pobre é motoboy” traz a simbologia do dinheiro conseguido facilmente versus o dinheiro suado, mas talvez adquirido de forma pouco prazerosa. Devo fazer um investimento para garantir o futuro do meu filho? Qual a melhor opção? Quanto devo deixar? Para responder a esta pergunta, gostaria de dar um passo atrás. Minha pergunta é: o que leva você a se preocupar com isso? Posso afirmar, em minha experiência, que o erro na educação financeira dos filhos não está na classe social. Pais com muito ou pouco recurso podem igualmente errar ou acertar nesse caminho. A questão também não está no quanto se deixa aos filhos. Mesmo porque, se todos tiverem vida longa, o dinheiro de herança só seria usado pelos netos (como no caso da rainha Elizabeth e a provável sucessão do trono inglês). No entanto, inserido na obsessão da preocupação em deixar ou não recursos, provavelmente existe o desejo de excesso de controle sobre a vida dos filhos, que desvirtua o foco do que realmente é importante deixar a eles; e, talvez, já esteja causando em si mesmo, danos suficientes. Um filho bem-sucedido financeiramente precisa desenvolver autonomia, autoestima, senso de autoeficácia, amor pelo trabalho, por suas conquistas e autocontrole sobre decisões de longo prazo. Precisa entender por que e para que ele está no mundo, precisa adquirir um senso de propósito e transcendência naquilo que faz, na razão de existir, para poder alcançar sua autorrealização. Para isso, ele precisa ser elogiado e compreendido. Precisa de apoio para identificar seus talentos e potencialidades (a maioria dos jovens com quem trabalho não consegue identificar no que são bons o bastante). Precisa tentar e errar por conta própria, ao longo de sua vida, desde a infância e ser incentivado a persistir. Filhos criados assim serão capazes de tudo! De viverem no pouco ou no muito. De serem excelentes sucessores, ótimos administradores de possíveis heranças ou mesmo seguirem seus caminhos e construírem do zero. Por isso, papai e mamãe, muito mais do que presente do Dia das Crianças ou de garantir o futuro financeiro de seus filhos, ou de privá-los de possíveis heranças, preocupem-se em valorizar os seres humanos únicos e incríveis que estão aqui no mundo, que precisam apenas de apoio, elogio, acolhimento, empatia e suporte para encontrarem seus próprios caminhos, nos quais possam brilhar e fazer a diferença nesta sociedade.
Fake news trazem prejuízos para a vida do investidor
Notícias falsas impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos Na manhã de segunda-feira (13), o mercado de criptomoedas acordou agitado. Um informe publicado pelo distribuidor de releases GlobeNewswire dizia que a esquecida moeda Litecoin seria aceita em lojas do Walmart a partir de 1º de outubro. A rede de supermercados negou essa fake news horas depois, mas o valor da Litecoin já havia explodido, enquanto Bitcoin e outras Altcoins sofreram com a volatilidade. No Brasil, a praga das fake news contamina vários setores: na saúde com as vacinas; no mundo dos famosos – como a polêmica com Paolla Oliveira; ela negou ter dito que, caso o presidente Jair Bolsonaro se reeleja, só restará a prostituição para as atrizes da Globo –; no mundo da política; em transações com jogadores de futebol e até mesmo envolvendo a classe dos caminhoneiros. No mundo dos investimentos, o jargão “rumores” é usado como sinônimo de fake news. Já ouviu a expressão de que a ação sobe no boato e cai no fato? Como exemplos, entre muitos, podem ser citados o recente rumor sobre a aquisição de Lojas Marisa por Lojas Americanas ou a fusão com a Renner, e um mais antigo envolvendo a Petrobras e novas reservas. Especulações, notícias não confirmadas ou falsas provocam cenários voláteis, aumentam o risco, impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos para pessoas, empresas e países. Será mesmo que fake news devem fazer parte de nossas vidas como algo natural? Qual o impacto delas para a economia, para os investimentos, para o bolso e para a vida em geral? “Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”, disse o filosofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). A confiança é uma necessidade do ser humano, pela qual são estabelecidos os vínculos e laços de afeto. Suas matérias primas são a transparência, integridade e a coerência. Quebrar a confiança causa no outro um sofrimento tão profundo como a dor física de uma ferida, pois são mecanismos equivalentes para o cérebro. Em psicologia, confiança é entendida como a crença na probidade moral, na sinceridade de alguém, como a expectativa de que um indivíduo, grupo ou instituição aja de forma esperada, com certa regularidade e previsibilidade. A confiança será mais ou menos reforçada, em função de atos ou fatos. Fake news abalam a confiança! Sentimentos coletivos de insegurança em relação ao futuro podem provocar que algum temido evento aconteça, como uma profecia autorrealizável. Como os mercados produtivo e financeiro trabalham com projeções futuras e como nós, seres humanos, estamos frequentemente antecipando o futuro mentalmente, expectativas alimentam a tomada de decisão e tornam realidade o que antes era apenas especulação. Pessoas agem conforme suas crenças persistentes mesmo que estas sejam retiradas. Seguem interpretando novas informações de maneira tendenciosa, o que pode provocar em um grupo distanciamento de visões e polarização de opiniões. É o viés cognitivo de confirmação colaborando para abalar a confiança e fazer gente perder dinheiro com isso. Não é à toa que índices de confiança são monitorados, como o Índice de Confiança do Consumidor e o Índice de Confiança Empresarial, e que agências de classificação de risco dos países levam em consideração marcadores de confiança. Em termos práticos, a falta de evidências, fake news, incertezas, especulações, rumores, ou condutas não confiáveis podem levar você a decisões erradas, a rupturas de relacionamentos e problemas financeiros; podem levar empresas a temer investimentos ou a perder seu valor no mercado; podem impactar países em suas taxas de juros, de emprego, em seu crescimento e estabilidade. É fundamental, em nossas vidas pessoais, financeiras e como cidadãos, fazermos nossa parte, checando fontes, buscando informação em lugares seguros, apoiando iniciativas de combate a notícias falsas e ajudando a impedir que elas se espalhem.
Setembro traz sinal amarelo sobre day trade e as emoções do investidor
Problemas financeiros e o suicídio são dois temas graves e que muitas vezes andam juntos Setembro Amarelo, mês da prevenção do suicídio e promoção da vida, é um momento significativo para falar com você, investidor, sobre dois temas graves que muitas vezes andam juntos e são tratados como tabus: problemas financeiros e o suicídio. Enredos que compõem o imaginário elaborado através dos filmes infelizmente também fizeram parte da realidade no período da Grande Depressão, por exemplo, quando aconteceu a quebra da Bolsa de 1929, em Nova York. Na época, várias tentativas de suicídio, vistas em lugares públicos, foram relatadas pela mídia. No Brasil também houve registros de suicídio ligados às crises financeiras, desde a quebra da república do café, passando pelo confisco da poupança do plano Collor e, agora, os mais recentes relatos sobre day traders, tanto no Brasil como no exterior. Foi o caso do jovem do Rio Grande do Norte que deixou mensagem à família dizendo que sua intenção nunca havia sido aceitar um risco daquele tamanho. Ou o acontecido nos Estados Unidos, com dois jovens que tiraram a própria vida mediante perdas financeiras ao investir no Robinhood. Se por um lado pessoas são vistas cometendo atos contra a própria vida por gatilhos financeiros, por outro lado o mundo acompanhou, com grande comoção, milhares de afegãos lutando por suas próprias vidas, pendurados em asas de avião, deixando qualquer posse ou propriedade para traz, para, na melhor das hipóteses, salvarem a própria pele e começarem do zero. Por que alguns seres humanos tiraram a própria vida por assuntos ligados ao dinheiro e outros lutam pela própria vida com todas as forças, perante grande ameaça e sem se importarem em perder tudo? O que faz a diferença entre esses dois comportamentos humanos perante a vida? Pessoas que tentam o suicídio, na verdade, não desejam morrer, desejam livrar-se de toda dor e sofrimento que estão passando. São acometidos de um intenso sofrimento existencial. No caso dos suicídios atrelados às perdas financeiras, a pessoa não enxerga mais saída mediante à vergonha e aos problemas gerados pelas perdas que sofreu. Por isso é preciso estar atento aos sinais de quem passa por isso, para que encontrem lugar de fala e espaço de acolhimento necessários como ajuda para ressignificar o momento. Sob outra perspectiva, como no relato de Viktor Frankl, médico psiquiatra, autor do livro “Em busca de Sentido”, que viveu em campo de concentração, pessoas que vivem a guerra ou fortes ameaças contra a vida, lutam por sua sobrevivência, mobilizadas por um forte sentido existencial, espiritual, movidas pela liberdade interior e o sentido do amor. Por isso, investidor, muito além de seus objetivos de rentabilidade, de avaliação de riscos e liquidez, é preciso ter em mente o quanto de energia emocional está sendo depositada nessa empreitada. Descobrir qual o simbolismo que o dinheiro representa em sua vida, avaliar o quanto ganhar ou perder nos investimentos passa a ser um objetivo em si mesmo. Há mais riscos envolvidos ao investir em ativos de alta volatilidade do que aqueles mensurados pelos “ratings”, como por exemplo, os riscos da montanha russa emocional, da queda na produtividade do trabalho, do isolamento social por vergonha ou obsessão, das perdas do sentido de propósito, da saúde mental e até mesmo do sentido existencial. Diversificar, não é apenas uma recomendação que serve para a segurança financeira, mas também para a saúde de forma integral, para que seu foco possa ser distribuído em diversas fontes de felicidade, além das recompensas financeiras, como a convivência em família e entre amigos, o prazer em ser produtivo na sociedade, o lazer, as práticas da espiritualidade e do autocuidado.
Conheça o tipo de perdão que soluciona qualquer dívida
Segundo estimativas do Idec, mais de 60 milhões de brasileiros estão endividados Em agosto, exatamente todo dia 30 do mês, é celebrada a data nacional do perdão, proposta pela deputada Keiko Ota. Ela foi motivada pela morte de seu filho, sequestrado e brutalmente assassinado aos oito anos de idade. Por volta deste mesmo período, em setembro, também acontece o Yom Kippur, um dos dias mais importantes do judaísmo, dedicado ao arrependimento e ao perdão. O intuito de provocar reflexão a partir de datas celebrativas sobre a importância do perdão pode servir de estímulo a repensar a própria vida financeira. No começo de julho, entrou em vigor nova lei para prevenção e intervenção em casos de superendividamento. Ela modificou o Código de Defesa do Consumidor (CDC), estabelecendo que credores são obrigados a renegociar dívidas quanto a prazos e valores de parcelas, além de permitir antecipações com desconto e de informar ao consumidor, no ato da contratação, todos os encargos assumidos no ato da dívida. Agora, o consumidor pode pedir em juízo, de forma simplificada, para instaurar o processo por superendividamento para revisão dos contratos, caso não tenha sucesso na conciliação direta de suas dívidas. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), mais de 60 milhões de brasileiros estão endividados. Dentre eles, 30 milhões são superendividados, principalmente mulheres responsáveis pelo sustento de suas famílias. Dívidas geram graves problemas à saúde e à vida. Provocam estresse. O toque do telefone com um credor cobrando pagamentos ou a simples lembrança de estar devendo a alguém são exemplos de situações que aumentam o grau de ansiedade, que inclusive pode levar à depressão. Problemas financeiros afetam o humor, causam insônia, tiram a motivação, geram medo, insegurança e aumentam o pessimismo. Estar em dívidas leva a mentir, a esconder o assunto da família, a enganar. Gera brigas, acusações e sentimentos de culpa. Também afeta a produtividade, pois a pessoa passa a usar horas de trabalho para administrar os problemas, além de se sentir menos capaz. E o que o perdão tem a ver com tudo isso? A solução não está na ideia simplista de propor a busca pelo perdão das dívidas. Em muitos casos, isso não resolve, principalmente quando o padrão comportamental de endividamento já está estabelecido na pessoa. Nestes casos, quanto mais o indivíduo ganha, mais ele gasta, em um modelo instituído da Síndrome do Devedor, onde viver de crédito passa a ser um estilo de vida, que, apesar de provocar intensa culpa, muitas vezes é sublimada. A proposta aqui para transformação na vida financeira e promoção da própria saúde e felicidade está no auto perdão. Perdoar-se implica na busca de libertar-se da culpa, em absolver-se. Poupar-se. É até simbólico pensar que, na definição trazida pelos dicionários para a consequência de livrar-se das dívidas pelo perdão, poupar é uma delas. Perdoar-se implica em sair da negação, em deixar de evitar o contato com sentimentos dolorosos, ou com comportamentos disfuncionais para encará-los e provocar a mudança. Liberar-se da raiva, da autopunição ou de compensações negativas e ressignificar a vida. Perdoar-se traz a coragem do enfrentamento, motivação para largar as “vistas grossas” perante a própria conduta, sem precisar de absolvição de terceiros, desculpas ou autoengano. Para sair da cilada das dívidas é preciso pedir ajuda, que não vem do modelo recorrente de pedir dinheiro emprestado, mas sim do suporte técnico e principalmente psicológico para mudar o modelo de viver! Que tal aproveitar o Dia do Perdão para dar o primeiro passo?
ESG é a blindagem mais eficaz contra o desemprego
Diante da desinstitucionalização do trabalho, a necessidade de governança deixa de ser apenas corporativa Cada vez mais, o tema ESG – sigla em inglês para a adoção de critérios ambientais, sociais e de governança – ganha relevância para o investidor na escolha de sua carteira. ESG então deve ser assunto exclusivo do mercado financeiro ou da agenda das empresas? Errado. ESG diz respeito a você, ao conceito mais amplo de sustentabilidade na sua vida e ao modelo do futuro do trabalho, que já chegou. O emprego vem gradativamente desaparecendo. Já não há mais certeza sobre a duração de certas profissões, previsibilidade de carreira, nem caminho seguro de desenvolvimento profissional. A taxa de desemprego vem batendo recordes entre jovens no Brasil, segundo dados do IBGE, e relatórios sucessivos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam a mesma tendência no mundo. Do ponto de vista da saúde mental, o desemprego é um grande catalizador de doenças psíquicas. Além disso, o contato físico e os limites de horário e espaço que antes conferiam concretude psicológica estão sendo substituídos por contratos flexíveis, por trabalhos remotos sem fronteiras, que apesar de darem mais autonomia aumentam o grau de incertezas. O emprego, por opção ou não, está sendo substituído pelo empreendedorismo, no qual o profissional precisa reinventar suas atividades e a si mesmo. Garantias dos direitos trabalhistas migram agora para a gestão pessoal. Inclusive a aposentadoria, cada vez mais, precisa ser autogerida. Por que a postura ESG passa a ser uma atitude necessária frente ao mundo em transformação? Em face da desinstitucionalização do trabalho, a necessidade de processos de governança (G do ESG) deixa de ser apenas corporativa. Num mundo no qual terceiros não cuidam mais de sua carreira, uma governança própria exige de cada indivíduo crescimento psicológico. A tão falada inteligência emocional nada mais é que uma conquista da flexibilidade psicológica, uma capacidade de governar a si próprio através do autoconhecimento, da aceitação e do autocontrole. O olhar S (Social) passa a ser mandatório nesse cenário. Como ter ideias, empreender, inventar a própria carreira sem empatia, sem entender as diferenças e a diversidade de um mundo não binário? O movimento de autonomia e autogestão produz o risco do exagero do individualismo que leva a polarização. A única saída para a não ruptura é aumentar a cooperação. Entre as habilidades em alta para o profissional do futuro, levantadas pelo Fórum Econômico Mundial, está a orientação para servir o cliente, que, no sentido mais amplo e eficaz, seria compreender o próximo e servir à sociedade. Do ponto de vista financeiro, a postura S (Social) é imprescindível para a felicidade coletiva, uma vez que a desigualdade é geradora de grandes conflitos, quer seja por revolta de quem sofre, ou por culpa de quem leva vantagem. E finalmente há o olhar para o meio ambiente (E), definido não somente pelos cuidados com a natureza, mas também por fatores econômicos, sociais e culturais sobre a qualidade de vida do homem, incluindo as relações humanas, formas de interagir com o meio, de se comunicar, de oferecer respeito e acolhimento. No mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, o risco não está no desaparecimento dos empregos, mas sim na própria inabilidade de lidar com as questões emocionais da fragilidade, da ansiedade, da não-linearidade e da incompreensão que esse cenário favorece.
Por que este é o melhor presente para o dia dos pais
Na educação dos filhos, existe a preocupação paterna sobre os filhos entenderem o valor do dinheiro Com a chegada dos filhos, nasce uma lista de expectativas, responsabilidades e sonhos. É desejo de todo o pai que seu filho seja amado, respeitado e gentil com as pessoas. Que encontre uma carreira que goste, forme família, tenha amigos, realizações, traga alegrias e seja saudável. Que seja feliz independentemente da configuração familiar, a pessoa que exerce a paternagem simboliza, ao mesmo tempo, afeto e a lei; representa base segura e carinho, mas também é autoridade e referência. Todas essas expectativas, somadas ao dilema entre as regras e o amor, tornam o papel de ser pai precioso, especial e repleto de responsabilidades e desafios. Do ponto de vista financeiro, escuto em atendimentos a preocupação paterna sobre os filhos entenderem o valor do dinheiro. E o que exatamente isso significa? Que valor seria esse? A maior parte das respostas traz a palavra dinheiro, simbolizando trabalho. Normalmente, o sentimento encoberto é o desejo de que o filho perceba o esforço e cuidado e transforme isso em bens e provisão. Desta forma, a ideia é que os herdeiros também zelem pelo patrimônio, não façam desperdícios e na vida adulta trabalhem para sustentar-se. No entanto, o grande paradoxo que os pais enfrentam está em achar equilíbrio entre oferta e restrição, proteção e exigência, responsabilidade e bondade, e autoridade e concessão. Enfim, na educação dos filhos, os pais enfrentam a mesma encruzilhada das decisões importantes, que passa pela disputa entre razão e emoção, entre atender situações imediatas ou garantir efeito no longo prazo. Realizados os votos acima, já estaria dado o maior presente que todo pai gostaria de receber ao longo de sua vida. Mas como chegar lá? Um pai pode presentear-se ao contribuir com sua parte, no objetivo de uma vida equilibrada e saudável dos filhos, oferecendo educação financeira baseada em valores e comportamentos desejados. Para ajudar nesta tarefa, trago aqui alguns princípios, aliados ao conceito de saúde mental definido pela Organização Mundial de Saúde, que podem embasar uma educação financeira de qualidade à prole: Autonomia e autoestima: se a saúde mental foi definida como estado de bem-estar, no qual a pessoa percebe suas próprias habilidades, é muito importante que, desde pequenos, os filhos sejam elogiados, reconhecidos e incentivados a descobrir seus talentos com clareza, mesmo que isso represente um caminho de frustrações durante a descoberta. Tenho visto jovens inseguros, com baixo nível de autoconhecimento e incapazes de descrever suas próprias habilidades. Muitas vezes, a superproteção provoca a imagem do pai herói, mas produz o efeito colateral da percepção de baixa autoeficácia frente a um patamar elevado de comparação. Gratidão, flexibilidade e Paciência: ensinar aos filhos a adaptação através do exercício da gratidão; estimular o autocontrole através do saber esperar e do compromisso com o longo prazo; exercitar a flexibilidade que dá espaço para o erro, tanto próprio como de outros; são caminhos para a saúde financeira, mental, para aprender a lidar com estresses cotidianos e com recursos escassos. Mas para isso é necessário que você mesmo, pai, saiba flexibilizar, seja agradecido, aceite e se adapte ao incontrolável. É importante perdoar erros e encontrar uma medida satisfatória entre o curto e o longo prazo. Atitude de doador: segundo pesquisadores Daniel Kahneman e Adam Grant, pessoas que assumem a postura de doadores perante a vida, através do servir e da doação também em dinheiro, conseguem desenvolver maior equilíbrio em sua própria vida financeira, empatia e obtém maiores remunerações. Ao ampliar o sentido do propósito do trabalho por postura incondicional, e observação das dores do próximo, ficam inclinadas a agradar clientes, criar soluções inovadoras, sendo assim pessoas produtivas e capazes de contribuir com a comunidade, conforme a própria definição de saúde mental da OMS. Que você, leitor, tenha um feliz Dia dos Pais, com muita saúde, prosperidade, realizações, felicidade e educação financeira a seus filhos!
Saída de Simone Biles nas Olimpíadas traz um alerta para o mercado
O que a desistência da atleta olímpica tem a ver com os seus investimentos Alta performance no mercado financeiro tem sido a motivação de muitos investidores dispostos a assumir riscos cada vez mais ousados em busca de altos rendimentos. Ao desistir da final nas Olimpíadas de Tóquio para cuidar da saúde mental, Simone Biles disse: “Eu realmente sinto que às vezes eu tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que eu ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes, é difícil”. Em algum momento da vida, foi ensinado que a fórmula da pressão é igual a força dividida por uma área. Desta forma, se a ação física para provocar resultados for maior que a base de sustentação, a pressão se tornará insuportável e pode causar rupturas. Mas o que aulas de física ou a desistência da ginasta olímpica tem a ver com você, investidor? Há muitos paralelos e aprendizados aqui para a vida financeira. É possível definir a superfície de sustentação nos investimentos como a área segura da diversificação e pela formação das reservas de emergência. Não adianta buscar rendimentos extremamente elevados, concentrando toda a força em ativos de intenso risco, se a sua área de segurança é pequena. Não adianta também agir com intensa força, trocando o dinheiro de posição em movimentos diários, pois a pressão pode levar à quebra. “Às vezes é preciso deixar os ativos andarem de lado pelo bem da própria saúde emocional” Pode-se fazer o paralelo da fórmula física sobre o equilíbrio psíquico, como no caso de Biles. Se a cobrança colocada em resultados é mais forte que o preparo emocional, ou se a área de conhecimento técnica é pequena, haverá danos à saúde mental e ao bolso. O mesmo acontece se os esforços empenhados estão roubando o seu sono, descanso e horas de lazer. A atleta fez uma declaração de desabafo refletindo uma fala interna, através do conselho: “Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos”. “Sou mais do que minhas realizações.” Aqui, é de se tirar o chapéu e tomar como exemplo a escolha da ginasta pelo caminho do autoconhecimento. A saída de Biles ensina importância de estabelecer limites, zonas de proteção e segurança e a necessidade de observar quais motivações estão orientando os próprios comportamentos. Ela mostra que é indispensável saber diferenciar o que pertence a si próprio e o que pertence ao outro. Como investidor, pode-se tirar a lição sobre ter claro seu objetivo, conhecer o próprio perfil, estabelecer travas nas operações, buscar conhecimento confiável e autoconhecer-se para saber identificar quais comportamentos e decisões podem ser prejudiciais. “Não somos apenas atletas, somos pessoas, e às vezes é preciso dar um passo atrás. Pensei que era melhor eu dar um passo para o lado pelo bem da minha saúde mental”, disse Biles. Há uma importante reflexão para a vida financeira sobre a experiência dolorosa da atleta em momento tão difícil de sua carreira, se sua fala for parafraseada da seguinte forma: não somos apenas investidores, somos pessoas, e às vezes é preciso deixar os ativos andarem de lado no curto prazo, pelo bem do longo prazo e da própria saúde emocional. Em suma, a desistência de Simone Biles ensina que o olhar pela saúde física, mental e financeira como saúde integral deve ser prioridade como investimento na própria felicidade.
Empreendedorismo na pandemia? Decifre o medo e lucre com isso
Mesmo que o ambiente externo não favoreça, temos recursos internos para virar o jogo O que eu quero fazer antes de morrer? Em 2009, a artista Candy Chang criou nos Estados Unidos uma lousa gigante em parede pública para as pessoas completarem a frase “antes de morrer, eu quero…” e assim registrarem seus desejos mais importantes. Nunca, neste último século, a humanidade esteve tão intensamente em luto coletivo como na atual pandemia. Todos nós tivemos, de certa forma, perdas profundas. O contato com a morte gera medo, tristeza e dor, mas também pode ser uma oportunidade única de reflexão com a essência e o propósito da vida. Lancei a mesma pergunta de Chang recentemente em minhas redes sociais e me chamou a atenção a carência de sonhos e a falta de clareza nos objetivos de vida através das respostas recebidas. O brasileiro parou de sonhar? Segundo pesquisa mundial do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), divulgada pelo Sebrae em 2019, o Brasil ocupa a primeira posição em empreendedorismo no mundo. Empreender é a arte de transformar uma ideia em ação. Mas se não há sonho, se não há confiança, como manter acesa a chama do DNA empreendedor? O cenário de pandemia despertou intenso medo e ansiedade, sentimentos que preparam o cérebro para reações de luta e fuga. Por ser uma situação de extrema incerteza, cada indivíduo, reagindo a seu modo, pode passar por paralisia, pela negação, por narrativas de autoengano e por depressão. Ao ser lançado ao instinto mais primitivo da sobrevivência, é desperto em si o individualismo e o egocentrismo, como estratégias de proteção pessoal. Muito embora, infelizmente, ao longo da história econômica de nosso país, estejamos treinados a conviver com a instabilidades e obstáculos, o contexto atual despertou um fechamento psicológico nas relações e disparou com força conflito dos extremos, polarização, com sérios riscos para a criatividade e inovação. Onde há então oportunidade e esperança nesse cenário? Mesmo que o ambiente externo não favoreça, a boa notícia é que temos recursos internos em nosso cérebro para virar o jogo, como os sistemas límbico e cortical. No entanto, para acioná-los, é necessário virar a câmera frontal do modo “self” para a observação do entorno e da necessidade do outro. O empreendedorismo começa a partir de uma ideia que só pode existir como solução da dor e do problema do próximo. Sem observar a necessidade do outro, sem abertura para a empatia, não há como empreender. A proximidade da morte é uma oportunidade única para a percepção do valor e do propósito da vida. Se tivermos a capacidade de ressignificar o medo e o apego à própria defesa, para ligar o radar da compaixão, da empatia e do altruísmo, seremos capazes de agarrar a esperança, identificar oportunidades para novos negócios, projetos e retomar a construção de uma sociedade novamente colaborativa, criativa e produtiva. Medo ou esperança? Paralisia ou ação? Autoconhecimento ou insegurança? Egoísmo ou altruísmo? Polarização ou cooperação? Segundo semestre de 2021 está aí. Você pode escolher de que lado quer ficar.
Cinco erros financeiros cometidos por amor
O entendimento equivocado do amor e de conceitos financeiros pode acarretar erros graves para o bolso Sentir-se amado (a) é uma necessidade primária humana. A busca do olhar amoroso está em todas as pessoas. Isso explica a crueldade em ser vítima de abandono, preconceitos, discriminações e racismo, pois quando alguém não se sente visto, aceito e reconhecido é sua existência como ser humano que está em jogo. Todos sabem do amor, mas ele é de definição confusa e entendido de diversas maneiras. Em sua concepção mais sublime, mais perfeita e divina, é incondicional, paciente e não espera nada em troca. A grande beleza, mas também o maior conflito que está contido no amor é ser composto de dois elementos: ele sempre envolve o outro; e além de ser um sentimento é também ação. E é no momento de sua prática, que surgem os obstáculos, as contrariedades, os desentendimentos, também os equívocos. Tanto o amor como o dinheiro são elementos presentes constantemente na vida. Em vários momentos, o lidar com ambos se cruza no dia a dia. Dessa forma, o entendimento equivocado do amor e de conceitos financeiros juntos pode acarretar alguns erros com consequências graves para a saúde emocional e para o bolso. A seguir, alguns deles: 1 – Manter a relação baseada no dinheiro Pode ser alimentada pelas duas pontas, a do provedor e a de quem é provido. Aqui moram a superproteção, a dependência financeira e as relações abusivas. São comportamentos mobilizados pelo medo de perder a pessoa ou deixar de ser amad@. 2 – Colocar-se como salvador(a) Para ajudar, agir inadequadamente assumindo obrigações que não cabem a si. Movid@ por sentimento de culpa ou de responsabilidade de terceiros, passa a cobrir a dívida dos outros, emprestar a conta bancária ou o próprio CPF para pessoas próximas. 3 – Endividar-se por amor O medo de ser deixad@ ou a vontade de fazer a pessoa amada feliz pode levar a dívidas através do presentear em demasia, de oferecer agrados não compatíveis com seu orçamento e por esconder a situação financeira real. Tudo isso para fazer com que @ outr@ se sinta satisfeit@, realizad@ e seja retribuid@ também com amor. 4 – Deixar a própria vida e os sonhos Tanto do lado de quem se dedica a resgatar problemas da pessoa amada como de quem tem a dificuldade, ambos acabam perdendo a condução da própria vida, e comprometendo sua autonomia e o próprio ganhar financeiro. A pessoa que busca excesso de controle desenvolve uma obsessão que alimenta o sentimento de dependência e incapacidade do outr@. Ambos são prejudicados e deixam de viver seus sonhos, por estabelecerem uma relação sufocante. O medo de ser abandonad@ também pode ser um disparador desse comportamento. 5 – Desenvolver vícios financeiros As compras compulsivas, a busca de emoções ou ganhos extraordinários nos investimentos podem ser comportamentos desencadeados por desilusão amorosa ou pela tentativa de manter o objeto amado por perto. A saúde no amor e no dinheiro está em estabelecer uma relação saudável consigo mesm@ e com @ outr@, um verdadeiro equilíbrio entre amar o próximo como a si própri@. Está em conquistar uma relação justa.
Sete erros financeiros gerados pela ansiedade
Trago aqui, como um alerta, sete erros financeiros que ansiosos podem cometer Segundo dados da OMS, a ansiedade é um dos maiores males do século XXI. O Brasil, mesmo antes da pandemia, já era considerado o líder mundial na taxa de pessoas com transtornos ansiosos. “Não importa o quanto tentamos, nunca estaremos em dia com o que aparentemente nos é oferecido”, diz Zygmunt Bauman, autor do livro “Modernidade Líquida”. É um sentimento de desconforto por antecipação do perigo ou de expectativa futura que gera inquietação e pode ser acompanhada por tensão muscular, fadiga, sudorese, dores de cabeça, insônia, tontura e problemas de concentração. No primeiro texto desta coluna, foi levantada a questão de como o investidor pode se proteger de uma crise de ansiedade, se a própria lógica do mercado financeiro, já é montada a partir da antecipação de resultados, quando se trata de precificar investimentos. A ansiedade pode ser benéfica, quando, por exemplo, funciona como prontidão para uma prova ou entrevista de emprego, de modo passageiro e adaptativo. Mas, quando constante e intensa, é um dos principais fatores que desequilibra a relação com o dinheiro. Trago aqui, como um alerta, sete erros financeiros que ansiosos podem cometer: 1) Perder oportunidades de trabalho ou desistir de sonhosUm dos comportamentos mais prejudiciais e recorrentes que observo em meus atendimentos está em fugir ou evitar situações importantes, sonhos e oportunidades valiosas na vida pessoal e profissional, por avaliação desproporcional e superestimada das dificuldades, riscos ou perigos atrelados à conquista. Então, a pessoa cria para si, uma narrativa de desvalorização daquilo que desejava, por acreditar ser muito ameaçadora a trajetória. 2) Fugir do cuidado das próprias finançasA pessoa evita olhar o saldo da conta, acompanhar o extrato bancário ou os gastos da fatura do cartão. Recusa-se a fazer orçamento e utiliza-se de contas mentais de auto engano para justificar seu descuido. Fica paralisada quando tem que lidar com sua organização financeira. 3) Buscar excessivamente controlar e nunca relaxarA mente do indivíduo que precisa de controle opera sem parar e não oferece descanso. Independentemente da situação financeira, sempre haverá simulações mentais quanto a riscos, cenários possíveis, coisas a fazer para se proteger ou melhorar. A pessoa tem problemas com o sono, não é capaz de desfruta do lazer e nem de situações de relaxamento. 4) Tomar decisões erradas frente aos investimentosA ansiedade pode levar o investidor a realizar rapidamente ganhos, vendendo suas ações de forma prematura ou a manter a posição frente a prejuízos, por muito tempo, por paralisia e aversão à perda. 5) Ser impulsivo quanto aos ganhosA pessoa ansiosa faz escolhas imediatistas e renuncia a ganhos maiores e mais consistentes no longo prazo. Embarca na busca do “dinheiro rápido e fácil” e pode cair facilmente em promessas de enriquecimento e fórmulas mágicas golpistas. Assume riscos mal avaliados e toma decisões precipitadas. 6) Fazer dívidas por não conseguir esperarO ansioso tem dificuldade de focar no aqui e agora. Como a satisfação está no futuro, naquilo que não se tem, costuma fazer dívidas para antecipar realizações. 7) Buscar compensação nas compulsõesOs sintomas da ansiedade são bastante indesejáveis e como compensação, muitas vezes são desencadeadas as compulsões, que momentaneamente, apaziguam os sintomas. Na vida financeira, podem ser várias, como compras compulsivas, consumismo financeiro e o trabalho em excesso.Existem algumas dicas práticas para trabalhar a ansiedade como a rotina de atividade física, técnicas de relaxamento e o exercício da gratidão. No entanto, se você está percebendo que os sintomas descritos acontecem com frequência.