‘A inflação é a maior inimiga do amor’, diz Ana Paula Hornos
Em live, ela ressaltou que questão financeira é a segunda maior causa de divórcio e separação Em um mundo em que problemas financeiros são determinantes para a manutenção de um relacionamento amoroso um período de inflação e de pressão sobre o poder aquisitivo da população como o atual pode representar um risco para os casais. E às vésperas do dia dos namorados, quando é comum a troca de presentes entre os amados, o E-Investidor abordou em live desta quarta-feira se é possível alcançar o sucesso nas finanças compartilhado com um grande amor. O evento on-line contou com a participação da especialista em finanças e comportamento Ana Paula Hornos. De início, Hornos lembrou que a questão financeira é a segunda maior causa de divórcio e separação e defendeu que a conversa sobre dinheiro deve ser recorrente entre os casais. De acordo com ela, a melhor maneira de começar a abordar o tema é escutando o parceiro. “As pessoas têm valores internos diferentes, crenças, princípios diferentes. Então, um tem uma visão e o outro, outra, e aí dá o conflito. Como a gente resolve o conflito? É chegar de uma forma esvaziada. O primeiro exercício para uma conversa dar certo é esvaziar a mente de uma ideia pré-concebida que vá para aquela conversa. Então a postura é de escutar, perguntar qual a opinião a respeito”, disse. Sobre como os casais devem fazer para juntar um bom dinheiro juntos, Hornos comentou que existem vários passos e um deles consiste em viver com 70% da renda, para que 20% possam ser poupados individualmente e destinados para uma reserva e os 10% restantes usados como uma doação, uma contribuição de volta à sociedade. Isso, no entanto, exige flexibilidade de adaptação ao padrão de vida. “A inflação é a maior inimiga do amor. Inflação, desemprego e enfermidade são as principais coisas que causam grande distúrbios na finanças dos casais”, apontou. Ao ser questionada sobre eventuais problemas decorrentes da situação em que um parceiro ganha mais que o outro, Hornos ressaltou que não pode haver uma relação de poder, já que é necessário entender que, enquanto casal, ambos precisam ter a ciência de que formam um par. “Esse desequilíbrio pode mudar ao longo da vida, o importante é que não exista uma situação de relação de poder por meio desse desequilíbrio. O casal tem que entender que eles são pares, porque senão passa a ser um controle abusivo, coercitivo. Você começa a controlar a outra pessoa ou exacerbar o seu poder. Então, sobre a questão de um ganhar mais que o outro, ela precisa ser neutra, precisa estabelecer um acordo”, disse. Na hora da separação, principalmente quando se trata de uma união estável, em que não há um “contrato” assinado, mas uma espécie de “acordo de namoro”, Ana Paula ressaltou que é necessário tomar cuidados jurídicos. “É amoroso falar de contrato. Se você negligência isso, uma hora alguém vai estar descuidado ou ambos saem perdendo”, ressaltou. A questão da traição financeira também foi abordada na conversa. “Uma pessoa que gasta escondido ou acima do orçamento comum e que passa a exceder nos gastos com compras, comprar no cartão escondido, esconde, tira o dinheiro e invade o valor principal, isso caracteriza evasão de bens, se for comunhão total ou parcial de bens. Fazer investimentos escondidos em comunhão total de bens é traição”, disse. “Um caso grave que passou pelo meu atendimento: a pessoa começou a querer investimentos ousados, operação não-estruturada e alavancou o CPF da família inteira, da família da esposa. Além de perder o patrimônio próprio do casal, perdeu o da família inteira, uma dívida muito maior do que tinha. Tudo isso feito escondido. Isso claramente é uma traição”, contou. Hornos ainda reiterou que a inflação é um grande vilão, ao lado da covid-19, que consome a renda e o poder de compra. “Única forma de vencer a inflação é ser investidor e manter os investimentos acima da inflação, a forma de proteger seu patrimônio é investindo de forma que se rentabilize acima da inflação. No orçamento doméstico é flexibilidade, ter a reserva e se adaptar, flexibilizar, fazer contas e entender que o padrão de vida não pode ser mais o mesmo, infelizmente. Assumir decisões conservadoras nos custos fixos”, comentou. Ela também desmentiu a crença popular de que mulher gastam mais do que os homens. A especialista disse que as pesquisas apostam que quem gasta mais é aquele que não sabe quanto é o orçamento familiar. Sobre uma conta conjunta, ela ressaltou que pode ser uma ferramenta excelente, mas exige um nível de maturidade bem forte. “É excelente porque você tem uma visão conjunta e prevalece o coletivo, mas é importante uma liberdade e autonomia para cuidar. Se há uma integração, um nível bom de equilíbrio e ambos vão para o mesmo lado, é excelente”, disse. Por fim, quando questionada se as ações seriam um bom presente para o dia dos namorados, Hornos observou que se a linguagem de amor do casal for essa, então “por que não?”. Ressaltou, porém, que é necessário informação para saber se não vai presentear o parceiro com uma ação que venha a desvalorizar. Uma sugestão é presentear com um curso de educação financeira.
5 dicas para evitar o “sincericídio” na carreira e nos investimentos
Há uma nova tendência viralizando, chamada de “recados sincerões” no ambiente de trabalho Uma frase postada recentemente nas redes sociais exemplifica o poder avassalador do sincericído sobre carreiras e empresas. “Você vai ter que me engolir, pois as reuniões de pauta vão ser comiguinho agora. Vai falar mais m*rda não more”, teria dito uma jornalista sobre seu novo chefe, em seu primeiro dia de trabalho. Esse discurso de sinceridade tóxica, fez a profissional ser desligada da emissora em menos de 24 horas. Em novembro de 2020, o fundador do Alibaba teve que suspender o maior IPO (abreviatura de oferta pública inicial em inglês, referente a abertura de capital de uma empresa, isto é, sua estreia no mercado de ações) da história por cometer um sincericidio, lançando duras críticas contra o governo chinês, em uma reunião de cúpula da liderança política e financeira do país. Por outro lado, nos últimos meses, há uma nova tendência muito divertida viralizando nas redes sociais, chamada de “recados sincerões” no ambiente de trabalho, que pode ser muito positiva e produtiva. Pessoas de diferentes áreas fixam frases sinceronas nas costas de suas cadeiras nos escritórios, revelando de forma bem-humorada seus sentimentos, pensamentos, seu estado de espírito do momento. Por meio de dizeres impressos colados, mandam recado aos colegas sobre suas necessidades, com objetivo de manter o foco nas atividades durante o expediente de trabalho. São espécie de “emojis”, ou frases similares às figurinhas do WhatsApp, vistas em ambientes presenciais. Frases como “Ocupada até 2024, eu sei que é urgente, mas tudo é”, “Por favor, não converse comigo. Só se for fofoca boa”, “Orem por mim que hoje ‘tô’ só por um milagre” ou “Não me chame para um café (pois eu irei)” estabelecem, de forma bem-humorada e sincera, uma empatia entre os colegas, a respeito de necessidades ou estado de humor da pessoa. Existe limite para a sinceridade? Cada vez mais, a manutenção de relações positivas e de confiança entre os colaboradores no local de trabalho torna-se essencial como meio para alcançar bons resultados. Além disso, é crucial que as empresas compartilhem seus dados financeiros de maneira transparente, clara e acessível, para estabelecer confiança com investidores e o público. Governos, do mesmo modo, devem adotar políticas de transparência sobre suas ações, fornecendo informações e prestando contas da sua administração perante a sociedade, para gerar credibilidade sobre sua gestão e sobre o país gerido. No entanto, a mesma intenção de sinceridade pode gerar confiança ou soar como uma ofensiva para o interlocutor. Ser sincero significa honestidade e franqueza ao expressar pensamentos, sentimentos e opiniões, ser verdadeiro e direto, sem enganar ou ocultar intenções. Já o sincericídio é carregado de uma verdade relativa, na qual alguém fala sem ponderar, ignorando os sentimentos e desejos dos outros. O grande diferencial entre a sinceridade e o sincericídio, então, está em saber separar fatos de percepções próprias. Está na habilidade de se comunicar de forma clara, direta e respeitosa, sem ser agressivo ou passivo. Em saber defender seus direitos e interesses, levando também em consideração os direitos dos outros. Como evitar o sincericídio? Portanto aqui vão 5 dicas para evitar o sincericídio e agir de forma transparente e assertiva na vida e no trabalho: 1. Verifique se sua “verdade” está servindo para diminuir, ferir ou desmotivar alguém. Se isso acontecer, será uma sinceridade tóxica;2. Avalie a “verdade” a ser dita com neutralidade. Tente olhá-la por diversos ângulos ou busque distintas visões sobre o mesmo assunto, antes de emitir opinião sobre um tema sensível;3. Procure diferenciar uma opinião que diz respeito a alguém daquela que diz mais sobre você mesmo. Algumas opiniões podem distorcer a realidade por influência da própria história de vida e crenças pessoais;4. Percepções são permeadas pelo estado emocional. Espere o assunto “esfriar” um pouco para ver se suas ideias mudam ou diminuem a intensidade na urgência ou importância para serem expressas;5. Escolha o momento e a forma certa para falar algo. É importante ter uma boa leitura do ambiente e do interlocutor para não ser mal interpretado ou transmitir mensagens erradas ou com ruído. Lembrando que impressões e acontecimentos da vida podem ser ressignificados de modo a gerar novas e positivas narrativas pessoais. Muitas vezes é fundamental silenciar-se, para ouvir os outros e explorar as inúmeras facetas de uma mesma realidade. O primeiro passo é ser sincero consigo mesmo. Conseguir ouvir a si próprio em ambiente seguro e privativo que favoreça a reflexão. Para isso, vale a pena buscar um processo psicoterapêutico de autoconhecimento, de forma a desenvolver uma comunicação mais assertiva consigo mesmo e com os outros ao redor.