Frio e mudança climática: perigos à saúde mental e aos investimentos

O momento é favorável para falar sobre o tema, já que os impactos foram sentidos na pele nesta semana Se você está congelado de frio ao ler este artigo sabe bem o que as mídias sociais chamaram de “erupção polar histórica”. Uma conjunção de fatores climáticos provoca onda de frio intensa no País, rara para esta época do ano. Embora os efeitos das mudanças climáticas causem impacto no corpo, no bolso e inclusive na mente, muitas vezes eles são negligenciados. Outro dia, em um bate-papo descontraído de “happy hour” sobre dificuldade em relacionamentos amorosos, um amigo virou para o outro e sugeriu: “Conversa com ela sobre o aquecimento global e como cuidar do planeta”. E a resposta, seguida de uma risada, foi: “Ninguém está falando sobre isso, cara!”. Parece que o mecanismo de cuidar do planeta é semelhante ao de pedidos em restaurante da mesa grande de amigos: “Se o colega não cuida, por que eu vou cuidar?” E a conta acaba saindo cara para todos. É sabido que consequências de longo prazo são mais difíceis de serem percebidas pelas pessoas no dia a dia, e o mesmo acontece com investimentos. O momento então é favorável para falar sobre o tema, já que os impactos imediatos foram sentidos na pele nesta semana mesmo. Afinal, queremos corpo, mente e bolsos sãos, e nenhum investidor quer seu dinheiro congelado ou ver ativos derretendo. No curto prazo, geadas, chuvas congelantes e enchentes impactam diretamente as safras e os preços das commodities, aumentando a inflação e por consequência os juros. Em alguns setores, o risco climático pode ser muito significativo. No Brasil, apesar do aquecimento global ter efeito direto no setor produtivo, ainda há enorme distância dos cuidados e ações necessárias. Dada a grande dependência do PIB pela agricultura, muitos investimentos estão expostos a grandes perdas. A questão é séria e vai além da preocupação com o dinheiro. O impacto das alterações climáticas pode provocar sérios danos psicológicos. Pessoas que passaram por situações de desastres naturais como enchentes, terremotos, secas ou geadas encontram dificuldades no enfrentamento de risco, aumento do uso de álcool e, em alguns casos, transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse pós traumático. Mesmo aqueles que não vivenciaram diretamente tais situações, podem sofrer crises de ansiedade pela antecipação e preocupação com eventos climáticos extremos. A palavra “solastalgia”, criada pelo filósofo Glenn Albrecht em seu trabalho no Departamento de Estudos Ambientais da Universidade de Newcastle, na Austrália, refere-se à sensação de angústia associada a mudanças no entorno natural de um indivíduo. Pesquisa publicada pela The Lancet em 2021, aponta que no mundo três a cada quatro jovens de 16 a 25 anos projetam o futuro como “assustador”, mais de 80% acreditam que o planeta não é bem cuidado e 39% estão em dúvida sobre ter filhos pela incerteza quanto ao futuro. A mesma pesquisa aponta dados mais pessimistas no Brasil: 86% têm medo do futuro, 92% acreditam que a população negligencia o problema e 48% é hesitante sobre gerar descendentes por medo dos impactos da crise do clima. A psicologia tem se debruçado sobre o tema das mudanças climáticas globais por meio do estudo dos comportamentos humanos e sociais negativos, como a emissão de gases de efeito estufa, elevados padrões de consumo e decisões de matrizes energéticas. Ela auxilia também no enfrentamento das pessoas contra as consequências que as mudanças climáticas trazem, assim como na adaptação a elas. Com base na psicologia social e na ciência climática, um novo modelo investiga como a evolução das mudanças comportamentais humanas afeta a mudança de temperatura global e vice-versa. Na modelagem, o estudo aponta boas notícias sobre a relação entre percepção social, mudanças comportamentais e o impacto nos eventos climáticos extremos. Exemplos são a adoção de painéis solares e investimentos em transportes públicos, reduzindo a probabilidade da projeção do aumento da temperatura global em até 1,5°C para 2100. A combinação no modelo de projeções climáticas com processos sociais prevê uma variação de temperatura global de 3,4 a 6,2°C até 2100, comparada com 4,9°C do modelo climático sozinho. Portanto, se você investidor já percebeu que o cobertor está curto, pode fazer a diferença incorporando em suas atitudes rotineiras e decisões de investimentos o cuidado com o meio ambiente e a preservação do planeta, intimamente ligados à sua saúde física, mental e financeira.

Investidor deve olhar para a frente, mas para os lados também

Se você está se esforçando e fazendo sua parte, por que os resultados não aparecem? Você já se deparou com uma situação em que navega, navega, mas não consegue sair do lugar? Seja na sua empresa, como executivo, colaborador e empreendedor, ou como autônomo ou mesmo na sua vida pessoal, você fica exaustivamente lutando contra a maré, mas não vê os resultados? Se você está se esforçando, fazendo sua parte, por que não funciona? A resposta é simples: não existe somente sua parte, o que acontece ao seu redor é a outra grande parte! Do ponto de vista psicológico, qualquer ação humana e comportamento é sempre conectado ao meio, aos estímulos, reforçadores que o indivíduo recebe, ao contexto sócio-histórico-cultural. Na vida financeira, isso significa que a sua história, a influência de valores, hábitos e crenças familiares impactam diretamente em seu modo de agir e de se relacionar com o dinheiro. Em termos macroeconômicos, significa que suas ações individuais, como investidor, ou suas ações empresariais, por melhores que sejam, serão influenciadas diretamente por variáveis do mercado como inflação, taxa de juros e cenário internacional. Embora pareça óbvio, isso significa que o autoconhecimento, desenvolvimento técnico, inovação, boa gestão e governança, aprendizagem, dedicação e esforço são muito necessários, mas não serão suficientes. Na matemática, a desigualdade é expressa através da relação entre dois elementos, em que um é maior e outro, menor. A complexidade do cenário brasileiro de desigualdades de renda, educacional, de gênero, de raça e de situações de vulnerabilidade familiar e social, são acentuadas a cada dia pela desigualdade digital e injustiça da desigualdade ambiental, que elevam o número de pessoas em situação de pobreza e a concentração de riqueza em uma minoria. No Brasil, segundo relatório da Riqueza Global publicado pelo Banco Credit Suisse em 2021, 1% da população mais rica concentra 50% da riqueza do país, o que coloca o País como segundo país de maior desigualdade econômica entre os pesquisados, ficando atrás apenas da Rússia. Embora exista a minoria que detém a maior parte da riqueza, ninguém é privilegiado, porque todos saem perdendo. A desigualdade acentua a culpa, o medo, a violência, a insegurança e a polarização. Gera distorções no mercado e tensões que culminam em desfechos e rupturas nas relações sociais. O mercado financeiro e a concentração A adesão do mercado financeiro ao conceito ESG vem estimulando a alocação de recursos nas boas práticas sociais, ambientais e de governança nas empresas, o que promove diversas ações individuais corporativas quanto à diversidade, inclusão, cuidados com o meio ambiente e com a ética. Mas isso, por si só, não é suficiente para garantir o desenvolvimento sustentável brasileiro e o equilíbrio econômico social no país. Há inclusive concentrações de geração de caixa dentro do próprio mercado por meio de desigualdades empresariais tributárias e de acesso ao crédito. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) atua na defesa da concorrência, para evitar monopólios, oligopólios, a concentração de um determinado grupo econômico em um mesmo mercado. Mas em que instância há o olhar pela concentração econômica de um mesmo acionista, ou grupo econômico, no acúmulo da liderança em diferentes mercados simultaneamente? É razoável que um mesmo acionista seja detentor da liderança por exemplo de segmentos industriais, serviços e financeiros simultaneamente? Nesse sentido há lacunas ainda pelo olhar da concentração de grupos investidores em mercados distintos. O todo é maior que a soma das partes Se navegar contra a correnteza muitas vezes não faz chegar aos objetivos desejados, e se iniciativas ESG empresariais pontuais não garantem o desenvolvimento sustentável na nossa sociedade, é necessário unir forças, através da atuação coletiva e política. Uma pessoa sozinha, em situação desigual, pode enfrentar dificuldades impeditivas, mas poderá se fortalecer através de uma rede de apoio. Do mesmo modo que grupos sociais e empresariais podem atuar coletiva e politicamente através de uma ferramenta chamada Advocacy. O termo, que vem do latim Advocare, significa ajudar alguém que está em necessidade. Advocacy tem por objetivo influenciar na formulação e implementação de políticas públicas para a defesa de causas que favoreçam a população. Ações individuais como empreendedor, empresário, colaborador ou na vida pessoal podem não levar isoladamente ao resultado esperado, mas coletivamente é possível mudar o cenário socioambiental e mudar a história. Discussões isoladas, polarizadas ou mesmo o voto individual nas urnas isoladamente podem não trazer as transformações esperadas, mas ações coletivas, proativas, organizadas podem mudar o rumo do crescimento do país. É mais que necessária a aproximação dos cidadãos da política. A aproximação do mercado financeiro e privado do setor público, de forma organizada e institucional tem de ir além do interesse específicos dos negócios. O trabalho conjunto público-privado pode contribuir na identificação efetiva das necessidades existentes na sociedade, sugerir melhores soluções e criar um ambiente que favoreça tanto os resultados individuais como o bem-estar e equilíbrio coletivos. O ser humano é um ser social e político. Em vez do distanciamento empresarial da política, ou de uma atuação enviesada por interesses particulares, em vez de discussões superficiais e polarizadas que só causam rupturas, é momento de uma atuação ética, coletiva e organizada dos setores público-privado para o bem social, com visão de longo prazo e da sustentabilidade em seu aspecto mais amplo. Aqui vale a premissa de que a união faz a força!

“No Ritmo do Coração” ensina investidores e faz ESG ganhar o Oscar

O filme vencedor do Oscar 2022 teve um orçamento de US$ 10 milhões e dá um show sobre ESG Eu poderia começar este texto falando da estratégia financeira da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) – responsável por produzir anualmente o Oscar – com sua carteira de investimentos em ativos líquidos da ordem de US$ 790 milhões. Ou falar dos retornos financeiros do filme vencedor em 2022, que teve um orçamento de US$ 10 milhões e vendeu seus direitos à Apple TV em um leilão por US$ 25 milhões, somados ainda ao faturamento da bilheteria dos cinemas. O longa-metragem ganhador “No Ritmo do Coração” – ou em inglês “CODA”, do acrônimo Child of Deaf Adults (filho de adultos surdos) – ao retratar a história de Ruby (Emilia Jones), a única da família sem deficiência auditiva, faz um convite à reflexão do que realmente é saber ouvir. Há muitos temas relevantes financeiros tratados na obra áudiovisual, como o dilema central da escolha da carreira da menina, que, entre as difíceis opções que se apresentam, coloca em xeque os valores dos diversos personagens, assim como os nossos próprios valores pessoais. Sian Heder, cineasta, roteirista e mulher, dá um show ESG – sigla do mercado financeiro que significa Espaço (Meio Ambiente), Social e Governança – ao convidar o espectador a colocar-se no lugar dos personagens, a sentir o que cada um está sentindo, a buscar entender a linguagem do outro e a vivenciar a mesma situação de diversas maneiras. Entre as muitas letras lindas das músicas do filme, Ruby, ao cantar a mensagem com sua voz e seus gestos em libras, diz “olhei o amor dos dois lados: de amar e ser amado, e descobri não saber nada sobre o amor” fala sobre o amor, fala sobre relações humanas, fala sobre ESG. Não seria ESG o mesmo que empatia e cuidado? O mesmo que amar e ser amado? A sigla ESG é uma tradução de compromisso com os laços e a ética nas relações sociais, com os direitos humanos, com a longevidade, sustentabilidade, com o cuidado tanto do presente como do futuro de nosso planeta, para garantir nossa existência como humanidade, em um amplo espectro, tanto no curto e como no longo prazo. O filme coloca holofote sobre crises econômicas familiares, sobre o enfrentamento para a subsistência financeira de deficientes físicos, sobre conflitos em escolhas profissionais, sobre modelos de capitalismo exploratório ou colaborativo – ao retratar a proposta de cooperativa de pescadores; mas traz mesmo o olhar de que precisamos ser uma sociedade inclusiva e plural que sabe ouvir, cooperar, cuidar e amar. Ter diversidade traz retorno financeiro? Ter mulheres na liderança traz resultados, mais faturamento e lucro? São perguntas frequentemente feitas, já comprovadas e respondidas positivamente por diversas pesquisas e estudos, mas que intuitivamente podem ser visualizadas. A diversidade reflete a sabedoria de diferentes olhares e aumenta o grau de inovação e de satisfação com clientes. Cuidar do próximo, do planeta, da ética, da justiça, da própria saúde integral, ter respeito e propósito são condições estruturais para resultados financeiros consistentes e duradouros. Por isso, caro leitor, faço aqui um convite a, não só assistir ao filme maravilhoso vencedor do Oscar, como a pensar sua vida financeira e assumir uma atitude frente a suas escolhas no melhor estilo ESG de no “Ritmo do Coração”.

Carreira: como ser feliz e ganhar dinheiro ao mesmo tempo

O medo é um dos motivos mais citados pelos jovens para abdicarem das suas motivações O dilema entre trabalhar em algo que se deseja fazer, ou aceitar o que aparece, é complexo e pode gerar grande ansiedade e estresse. É mencionado, com bastante frequência, em atendimentos psicológicos de orientação profissional e gestão de carreira, como fonte de frustração. Uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), realizada antes da pandemia, mostra que quase metade dos jovens trabalhava fora da sua área de formação. Em outra pesquisa, feita pelo aplicativo Monkey Survey, 64% dos brasileiros entrevistados disseram que gostariam de fazer algo diferente em suas carreiras. Já no início da vida profissional, a depender do contexto familiar, das questões financeiras circunstanciais, do conhecimento sobre o mercado de trabalho e inclusive do seu próprio autoconhecimento, não é raro o jovem renunciar as suas motivações para acomodar, de forma mais rápida e possível, necessidades imediatas. Entre os motivos mais citados para abdicar de suas preferências, estão os medos de não ser capaz de passar no vestibular, de não ser suficientemente bom para determinadas atividades; a necessidade imediata de dinheiro ou a falta dele para bancar uma escolha; a percepção de baixa remuneração ou poucas oportunidades de trabalho em determinados nichos de atuação desejados; não enxergar possibilidade de equilíbrio entre vida profissional e pessoal nas carreiras almejadas. E o comportamento de fuga, que começa no início da carreira perante a escolha do curso de graduação, repete-se sequencialmente nas próximas fases de vida. Se o dinheiro ou a sensação de incapacidade foram as forças motrizes para a primeira escolha imediata e indesejada, a pessoa seguirá mantendo o padrão de infelicidade ao longo das próximas escolhas de carreira, quer seja por aversão à perda do status social e financeiro alcançados ou por não ter adquirido reservas suficientes para uma mudança. Essa sequência iniciada na juventude perpetua-se pela fase adulta até o momento da aposentadoria. Frases como sou “jovem demais”, ou “velho demais”, “não tenho dinheiro, capacidade ou conhecimentos suficientes” e “não há oportunidades disponíveis” viram narrativas para explicar para si e para outros uma trajetória profissional infeliz. Como boa notícia trago aqui algumas reflexões que facilitam mudar esse cenário e sair do caminho da frustração: Se você está se vendo amarrado ao mecanismo de fuga de aspirações por medo; se está preso à cilada das decisões imediatas e de curto prazo; se dinheiro, conhecimento, idade ou mesmo vagas indisponíveis apresentaram-se até agora como barreiras impeditivas para uma vida profissional de realização, cito como inspiração o exemplo de Cora Coralina, renomada poetiza brasileira, que publicou o primeiro livro somente aos 75 anos e deixou a seguinte frase como seu lema de vida: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”.

Amor e dinheiro podem viver em harmonia

O que é preciso para construir uma aliança financeira no seu relacionamento O dia 14 de fevereiro é conhecido como o dia mais romântico do mundo, como a data internacional do amor. O Valentine’s Day, ou Dia de São Valentim, em português, foi instituído em homenagem ao padre Valentim, preso por fazer casamentos escondidos para evitar a determinação do imperador de que soldados deveriam ficar solteiros. No Brasil é equivalente ao Dia dos Namorados, instituído em 12 de junho para fins comerciais, a partir do sucesso de uma campanha publicitária que dizia “Não é só de beijos que se prova o amor” e “Não se esqueçam: amor com amor se paga”. O saudoso cantor e compositor Tim Maia, ao dizer que “gritaria ao mundo inteiro, não quero dinheiro, eu só quero amar” trouxe, com muita arte, a temática dos conflitos financeiros em relações amorosas. A dupla amor e dinheiro é polêmica, e muitas são as questões filosóficas que envolvem esse par. Entre elas estão autonomia, poder, segurança e prazer, traduzidas em situações práticas como ter ou não ter conta conjunta, fazer ou não pacto nupcial, dividir  despesas do dia a dia, compartilhar ou ocultar compras, investimentos ou projetos. Se relacionamentos começam por atração física, sexual e intelectual, muitas vezes acabam por assuntos financeiros. O assunto é complexo. Sem a pretensão de dar fórmula pronta, trago aqui cinco reflexões para colaborar com hábitos mais saudáveis em uma relação: 1) Relacionamentos humanos são bens preciosos e precisam ser cuidados Uma pesquisa feita pela London School of Economics apontou que estar em um relacionamento amoroso eleva o nível de felicidade três vezes mais do que aumentar o salário. Humanos são seres relacionais e precisam estar conectados uns aos outros. 2) Relacionamentos são investimentos que precisam de dedicação e conhecimento A melhor prática para conhecer o par amoroso é a empatia e a escuta atenta. Aquilo que é importante para um nem sempre é para outro, e muitas vezes as brigas por dinheiro acontecem por divergência de opiniões e valores pessoais. Saber o que o outro sente ou pensa, entender as motivações sem julgamento e colocar-se no lugar do outro são ótimos passos para soluções conciliadoras de conflitos; 3) Confiança é fundamental para a saúde de relacionamentos Confiança é a base para relações de longo prazo, para alinhamento de sonhos. É ela que vai garantir a segurança para vencer obstáculos juntos. Não há confiança sem transparência. Por isso, pense duas vezes se vale a pena esconder assuntos financeiros. O melhor caminho para solucionar divergências é o diálogo positivo; 4) Liberdade, Igualdade e Fraternidade É quase impossível garantir que entre duas pessoas diferentes exista situações financeiras 100% igualitárias ao longo de uma vida a dois. O desequilíbrio financeiro pode ter início na riqueza das famílias de origem e por várias situações como enfermidade, desemprego, escolhas ou mudanças de carreira. O importante é o respeito mútuo e o equilíbrio emocional de poderes. É muito prejudicial  quando o dinheiro é usado como controle coercitivo. Um casal saudável respeita a  autonomia, a individualidade de cada um e estabelece apoio recíproco como um time; 5) Hábitos financeiros disfuncionais podem ser tratados Se há comportamentos que atrapalham a vida financeira do casal, é possível trabalhá-los. O importante é reconhecê-los e buscar ajuda. Tapar o sol com a peneira só aumenta o problema e alimenta uma relação doentia. Então, meu caro e minha cara, aproveite a fase de namoro para conhecer seu parceiro(a) e principalmente construir uma relação saudável com o dinheiro em casal. Mas, se você já está em um relacionamento e tem problemas com o tema ou se você se depara com insucessos amorosos frequentes por conta do assunto dinheiro, é importante buscar ajuda psicológica especializada para trabalhar crenças, valores e comportamentos financeiros mais equilibrados e construtivos, que colaborem para uma vida amorosa feliz.

Sete passos para conciliar a vida profissional e a pessoal

Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida é complexo, mas necessário Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida está cada vez mais complexo. A pandemia, as mudanças no mercado, novas relações laborais e o crescimento na taxa de desemprego aumentam a pressão sobre o trabalhador. O impacto desse desequilíbrio na saúde mental é tamanho que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recentemente adicionou a Síndrome de Burnoutao CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) como doença ocupacional, definida como um estresse crônico no ambiente de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Dado que o conceito de sucesso profissional, para muitos, está intimamente ligado ao equilíbrio entre carreira e vida pessoal, quando deveria começar uma e terminar outra?  Qual deveria ser a linha de corte entre pessoal e profissional? Se você vive o desafio de equilibrar esses dois lados de sua vida, seguem algumas reflexões que podem facilitar seu caminho: Repense o significado do trabalho: Por ser um papel social, o trabalho está intimamente ligado à identidade dos indivíduos. Não é à toa que pessoas descrevem-se contando o que fazem e onde trabalham. Normalmente é visto como o lugar onde se obtém a remuneração. A psicologia amplia o conceito de trabalho, incluindo outros papéis sociais como ser progenitor, filho, irmão, amigo, membro de clube ou de igreja etc. como atividades em que o homem também desempenha funções. Já o lazer, por definição de dicionário, refere-se a um tempo livre e prazeroso. Dessa forma, se o trabalho que faço ou o papel social que desempenho, independentemente de qual seja, remunerado ou não, for prazeroso e estiver alinhado às minha motivações, prioridades, talentos, valores pessoais, e a uma contribuição claramente percebida, a linha tênue entre pessoal e profissional passa a não ter tanta relevância. “Conheça-te a ti mesmo” A lacuna de autoconhecimento, a desconexão de si próprio e a fusão com as influências do meio por comparação, pressão e culpa alimentam a projeção de insatisfações na dimensão profissional. Quando tentamos viver da forma da qual nos falam que devemos ou de acordo com algum ideal irreal que construímos, nos desconectamos de nós mesmos. Por isso, conhecer as próprias habilidades, ter clareza de prioridades e propósitos são fundamentais para a autorrealização. Desenvolva a flexibilidade psicológica Aceitar aquilo que é possível, em vez de agarrar-se ao idealizado, elimina a culpa, aumenta o nível de satisfação e gratidão. Avalie se a régua de equilíbrio estabelecida não está muito exigente. Avalie seu grau de confiança nas pessoas Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicado este mês diz que apenas 4,7% dos brasileiros acreditam uns nos outros, índice abaixo da média mundial, de 25%, e dos países ricos da OCDE (41%). O mesmo estudo mostra que, quanto menor a confiança, menores serão a produtividade, inovação e formalização do mercado de trabalho. Buscar maior conexão e a empatia com as pessoas, estar inteiro onde estiver, seja em família, com amigos ou no trabalho, trará aumento da confiança, da generosidade e do equilíbrio na percepção de felicidade. Viva o aqui e agora Respirar, focar no momento presente, buscar conexão com a natureza são formas de alcançar relaxamento e ajudam a reduzir as interferências dos pensamentos acelerados, dos vícios, do tempo excessivo dispendido nas redes sociais e de tudo aquilo que captura nosso cérebro e rouba a qualidade do nosso tempo. Estabeleça rotinas Embora a flexibilidade de agenda seja a solução mais desejada para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ela é uma das explicações para o aumento do estresse relativo ao trabalho. Equipes virtuais, com agendas flexíveis e assíncronas, a flexibilização dos contratos de trabalho, com maior número de autônomos e menos CLTs e o crescimento do trabalho em sistema de “home office” (de casa) diminuem as concretudes físicas e temporais, reduzem o contato humano. A rotina é reguladora emocional e colabora para reduzir os níveis de incerteza, instabilidade, medo e consequentemente de estresse. Exercite gestão do tempo com visão de longo prazo O equilíbrio pode ser visto como uma média ao longo da vida e não como uma exigência diária.  Organizar a agenda, assumindo compromisso com seus objetivos prioritários, reduz o grau de procrastinação e aumenta a percepção de um trabalho bem-feito. A harmonia entre vida pessoal e profissional envolve gestão de tempo e dinheiro, mas principalmente gestão emocional. Ainda que a a modernidade líquida, descrita pelo polonês Zygmunt Bauman, agrava-se pouco a pouco para uma modernidade gasosa, de um mundo volátil nas relações, nas informações, no tempo e no trabalho, a resposta para seu equilíbrio pode estar no aprendizado da melhor forma de interagir com o meio e principalmente na mudança de percepção dentro de si.

O que a variante Ômicron tem a ensinar para o Touro de Ouro

Seria a polêmica do Touro de Ouro um momento favorável para o mercado financeiro repensar seus modelos? A palavra símbolo, por definição, significa um nome, personagem ou imagem que representa algum comportamento ou atividade. O psiquiatra suíço Carl Jung dizia que um símbolo morre quando seu significado assume uma expressão concreta e, então, se transforma em sinal. Quais sinais a polêmica sobre a estátua do Touro de Ouro, colocada em frente à B3, e retirada pela prefeitura de São Paulo no dia 23 de novembro, pode nos indicar? À parte as questões políticas, na busca de pontos de convergência entre os que apoiam ou condenam o animal de fibra de vidro, ambos os lados desejam retomada econômica e geração de empregos. No entanto, enquanto para uns, o símbolo do Touro de Ouro no centro da capital paulista pode representar virilidade e prosperidade, para outros pode sugerir desigualdade e injustiça. E talvez essa seja a maior simbologia: a polarização em que estamos. Extremos de riqueza e pobreza que mostram filas de espera de meses para compras de carros e barcos de luxo, enquanto há um crescente número de moradores de rua e pessoas em situação de miséria e fome no País. A desigualdade dificulta a cooperação, com prejuízos tanto para quem está em vantagem, como para o lado prejudicado. Marcelo Benvenuti, coordenador do grupo de pesquisas em psicologia sobre comportamento social e cultura na USP, diz que as vantagens da cooperação têm sido gradualmente reconhecidas em áreas como a psicologia e a economia. Até mesmo na evolução, em que a sobrevivência parecia depender da competição, a cooperação mostra-se como um diferencial importante em relação a grupos que cooperam menos. Estamos sentindo isso na pele, globalmente. Uma prova é o surgimento da mais recente variante do coronavírus, a chamada Ômicron, resultado de uma vacinação desigual, entre países pobres e ricos. Ou seja, a diferença entre riqueza e pobreza prejudica a todos. Seria a polêmica do Touro de Ouro um momento favorável para o mercado financeiro repensar seus modelos? Será que ainda cabe o padrão de competição, entre Touros (sinônimo de investidores que estão na ponta do interesse da subida das ações) versus Ursos (referente aos que especulam para que as ações caiam)? Se a economia real é altamente beneficiada pelas fontes de financiamento provenientes da renda variável, da negociação de ações, poderia existir um modelo de bolsa de valores menos especulativa, que favorecesse o longo prazo, o ganha-ganha e a colaboração? Poderiam ser repensadas as normas de “day trade” e estruturas de liquidez na bolsa? E, se há polêmica entre a população em geral, deveria o mercado financeiro se empenhar mais na educação financeira, para que a compreensão sobre a importância do mercado acionário seja ampliada? E, se a comunicação sobre o touro foi mal compreendida, pode haver a hipótese de que o problema da mensagem está no emissor, no próprio mercado financeiro? Talvez o símbolo do touro, de virilidade, que remete exclusivamente à potência somente masculina, já não represente mais as demandas da sociedade atual que deseja inclusão, diversidade, igualdade e necessita urgentemente de colaboração para a própria sobrevivência. Quem sabe a estátua polêmica possa ser substituída por uma escultura cuja arte represente as demandas ambientais, sociais e de governança. Quem sabe podemos ter, ao invés de um touro, uma escultura ESG no centro de São Paulo, mostrando uma renovação dos valores do mercado financeiro. Dia 10 de dezembro celebra-se o Dia Internacional dos Direitos Humanos, que visa promover os direitos econômicos, sociais e culturais de cada indivíduo. Vale o momento para refletir se iremos perceber a importância da união, do coletivo, da convergência e da colaboração ou se iremos ceder aos velhos modelos da polarização, do individualismo e da competição, onde todos juntos iremos sucumbir.

ESG: importante para investimentos, fundamental para a política

Se já estamos cansados de ser o país do futuro que nunca chega, é necessário implementar uma agenda ESG O que você sente quando ouve a palavra sustentabilidade? Pergunto sobre o sentimento que desperta, ainda sem entrar na definição em si e muito menos no tema ESG ou em candidatos ao governo. Considerada uma bandeira e algo ligado à ecologia, para uns é um modismo passageiro com custos mais caros. Para outros, a palavra sustentabilidade por definição significa permanência, perenidade, propriedade daquilo que é necessário para a conservação da vida, que traz equilíbrio. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. E isso é possível? Aqui está o famoso dilema entre a disputa das satisfações do curto e longo prazo! Você que é investidor conhece bem esse conflito, não é mesmo? E ele está presente em nossas vidas, o tempo todo! Compro aquilo que quero agora, ou poupo para cuidar do meu amanhã? Esse dilema exige autocontrole e compromisso com decisões de longo prazo, mas também pede por mimos com recompensas e satisfações imediatas. Resolver essa questão é o segredo do equilíbrio, do sucesso e da longevidade. É claro que desejamos isso para nossas vidas, para nossos investimentos, para as empresas e para nosso país. Equilíbrio, felicidade, segurança, crescimento, sucesso, com permanência, longevidade, ou seja, com sustentabilidade! E em quais aspectos?! A resposta está no ESG! Nos aspectos ambientais (E, do inglês, environmental), sociais (S) e de governança (G). Sem cuidado com o ambiente onde se está – quer seja com a casa limpa e conservada, quer seja com o ambiente psicológico, ou mesmo com o planeta em que vivemos – existe equilíbrio na vida? Há como ser feliz, se as relações humanas ao nosso redor não estiverem harmoniosas, atendidas, acolhidas, com justiça, respeito e equidade? Há como garantir tudo isso, se não houver planejamento, método, processos, transparência, ética, respeito, consenso, inclusão, eficiência, ou seja, uma boa governança? Se já estamos cansados de ser o país do futuro que nunca chega, é necessário implementar uma agenda ESG para a nossa nação. Além da importância do tema ESG para investimentos e empresa, da relevância de ser ESG na condução da própria vida e na relação com o trabalho, gostaria agora de despertar em você, leitor e investidor, a importância do tema ESG na hora de votar. No momento de volatilidade e incertezas pelo qual estamos passando, é necessário a união, juntar esforços e escolher um governo que pense em longevidade, sustentabilidade e no equilíbrio entre o curto e longo prazo. Que ofereça propostas de cuidado com o patrimônio ambiental, que olhe pelo social em todos os aspectos, incluindo a harmonia, relações de parceria e cooperação. E que zele pela governança, em seu sentido amplo de ética, respeito, honestidade, transparência, disseminação de informações confiáveis, planejamento, cumprimento de metas e promessas! E isso é possível? Se vivemos neste constante conflito entre o curto e o longo prazo em nossas vidas, mas sempre em busca da melhoria e do crescimento, se buscamos conhecimento para melhores investimentos no longo prazo como investidores e se estamos trabalhando em uma agenda ESG para empresas mais lucrativas e sustentáveis, por que não acreditar e construir, através do voto, este mesmo caminho, para o País?

Fake news trazem prejuízos para a vida do investidor

Notícias falsas impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos Na manhã de segunda-feira (13), o mercado de criptomoedas acordou agitado. Um informe publicado pelo distribuidor de releases GlobeNewswire dizia que a esquecida moeda Litecoin seria aceita em lojas do Walmart a partir de 1º de outubro. A rede de supermercados negou essa fake news horas depois, mas o valor da Litecoin já havia explodido, enquanto Bitcoin e outras Altcoins sofreram com a volatilidade. No Brasil, a praga das fake news contamina vários setores: na saúde com as vacinas; no mundo dos famosos – como a polêmica com Paolla Oliveira; ela negou ter dito que, caso o presidente Jair Bolsonaro se reeleja, só restará a prostituição para as atrizes da Globo –; no mundo da política; em transações com jogadores de futebol e até mesmo envolvendo a classe dos caminhoneiros. No mundo dos investimentos, o jargão “rumores” é usado como sinônimo de fake news. Já ouviu a expressão de que a ação sobe no boato e cai no fato? Como exemplos, entre muitos, podem ser citados o recente rumor sobre a aquisição de Lojas Marisa por Lojas Americanas ou a fusão com a Renner, e um mais antigo envolvendo a Petrobras e novas reservas. Especulações, notícias não confirmadas ou falsas provocam cenários voláteis, aumentam o risco, impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos para pessoas, empresas e países. Será mesmo que fake news devem fazer parte de nossas vidas como algo natural? Qual o impacto delas para a economia, para os investimentos, para o bolso e para a vida em geral? “Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”, disse o filosofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). A confiança é uma necessidade do ser humano, pela qual são estabelecidos os vínculos e laços de afeto. Suas matérias primas são a transparência, integridade e a coerência. Quebrar a confiança causa no outro um sofrimento tão profundo como a dor física de uma ferida, pois são mecanismos equivalentes para o cérebro. Em psicologia, confiança é entendida como a crença na probidade moral, na sinceridade de alguém, como a expectativa de que um indivíduo, grupo ou instituição aja de forma esperada, com certa regularidade e previsibilidade. A confiança será mais ou menos reforçada, em função de atos ou fatos. Fake news abalam a confiança! Sentimentos coletivos de insegurança em relação ao futuro podem provocar que algum temido evento aconteça, como uma profecia autorrealizável. Como os mercados produtivo e financeiro trabalham com projeções futuras e como nós, seres humanos, estamos frequentemente antecipando o futuro mentalmente, expectativas alimentam a tomada de decisão e tornam realidade o que antes era apenas especulação. Pessoas agem conforme suas crenças persistentes mesmo que estas sejam retiradas. Seguem interpretando novas informações de maneira tendenciosa, o que pode provocar em um grupo distanciamento de visões e polarização de opiniões. É o viés cognitivo de confirmação colaborando para abalar a confiança e fazer gente perder dinheiro com isso. Não é à toa que índices de confiança são monitorados, como o Índice de Confiança do Consumidor e o Índice de Confiança Empresarial, e que agências de classificação de risco dos países levam em consideração marcadores de confiança. Em termos práticos, a falta de evidências, fake news, incertezas, especulações, rumores, ou condutas não confiáveis podem levar você a decisões erradas, a rupturas de relacionamentos e problemas financeiros; podem levar empresas a temer investimentos ou a perder seu valor no mercado; podem impactar países em suas taxas de juros, de emprego, em seu crescimento e estabilidade. É fundamental, em nossas vidas pessoais, financeiras e como cidadãos, fazermos nossa parte, checando fontes, buscando informação em lugares seguros, apoiando iniciativas de combate a notícias falsas e ajudando a impedir que elas se espalhem.

Setembro traz sinal amarelo sobre day trade e as emoções do investidor

Problemas financeiros e o suicídio são dois temas graves e que muitas vezes andam juntos Setembro Amarelo, mês da prevenção do suicídio e promoção da vida, é um momento significativo para falar com você, investidor, sobre dois temas graves que muitas vezes andam juntos e são tratados como tabus: problemas financeiros e o suicídio. Enredos que compõem o imaginário elaborado através dos filmes infelizmente também fizeram parte da realidade no período da Grande Depressão, por exemplo, quando aconteceu a quebra da Bolsa de 1929, em Nova York. Na época, várias tentativas de suicídio, vistas em lugares públicos, foram relatadas pela mídia. No Brasil também houve registros de suicídio ligados às crises financeiras, desde a quebra da república do café, passando pelo confisco da poupança do plano Collor e, agora, os mais recentes relatos sobre day traders, tanto no Brasil como no exterior. Foi o caso do jovem do Rio Grande do Norte que deixou mensagem à família dizendo que sua intenção nunca havia sido aceitar um risco daquele tamanho. Ou o acontecido nos Estados Unidos, com dois jovens que tiraram a própria vida mediante perdas financeiras ao investir no Robinhood. Se por um lado pessoas são vistas cometendo atos contra a própria vida por gatilhos financeiros, por outro lado o mundo acompanhou, com grande comoção, milhares de afegãos lutando por suas próprias vidas, pendurados em asas de avião, deixando qualquer posse ou propriedade para traz, para, na melhor das hipóteses, salvarem a própria pele e começarem do zero. Por que alguns seres humanos tiraram a própria vida por assuntos ligados ao dinheiro e outros lutam pela própria vida com todas as forças, perante grande ameaça e sem se importarem em perder tudo? O que faz a diferença entre esses dois comportamentos humanos perante a vida? Pessoas que tentam o suicídio, na verdade, não desejam morrer, desejam livrar-se de toda dor e sofrimento que estão passando. São acometidos de um intenso sofrimento existencial. No caso dos suicídios atrelados às perdas financeiras, a pessoa não enxerga mais saída mediante à vergonha e aos problemas gerados pelas perdas que sofreu. Por isso é preciso estar atento aos sinais de quem passa por isso, para que encontrem lugar de fala e espaço de acolhimento necessários como ajuda para ressignificar o momento. Sob outra perspectiva, como no relato de Viktor Frankl, médico psiquiatra, autor do livro “Em busca de Sentido”, que viveu em campo de concentração, pessoas que vivem a guerra ou fortes ameaças contra a vida, lutam por sua sobrevivência, mobilizadas por um forte sentido existencial, espiritual, movidas pela liberdade interior e o sentido do amor. Por isso, investidor, muito além de seus objetivos de rentabilidade, de avaliação de riscos e liquidez, é preciso ter em mente o quanto de energia emocional está sendo depositada nessa empreitada. Descobrir qual o simbolismo que o dinheiro representa em sua vida, avaliar o quanto ganhar ou perder nos investimentos passa a ser um objetivo em si mesmo. Há mais riscos envolvidos ao investir em ativos de alta volatilidade do que aqueles mensurados pelos “ratings”, como por exemplo, os riscos da montanha russa emocional, da queda na produtividade do trabalho, do isolamento social por vergonha ou obsessão, das perdas do sentido de propósito, da saúde mental e até mesmo do sentido existencial. Diversificar, não é apenas uma recomendação que serve para a segurança financeira, mas também para a saúde de forma integral, para que seu foco possa ser distribuído em diversas fontes de felicidade, além das recompensas financeiras, como a convivência em família e entre amigos, o prazer em ser produtivo na sociedade, o lazer, as práticas da espiritualidade e do autocuidado.