5 resoluções que podem mudar seus investimentos e sua vida em 2022

O segredo do sucesso perene e da felicidade passa por desfrutar da trajetória em que se está percorrendo Sendo você um iniciante ou um investidor qualificado, já deve ter ouvido falar sobre a busca pela hora certa de realizar os lucros: o momento perfeito para vender ações em alta e colocar o dinheiro no bolso com ganhos. O máximo da felicidade e da consagração de um investidor, quase como um troféu de vitória, seria acertar o ponto ideal da compra das ações na baixa para vendê-las na alta. Mesmo acertando precisamente os valores da menor baixa e da maior alta em seus movimentos de compra e venda, e podendo alardear por aí seu brilhantismo, o investidor sagaz irá sempre se deparar com o momento e as perguntas seguintes: estou com o dinheiro no bolso, e agora? Invisto em quê? Qual seria a próxima bola da vez? Tenho que investir de novo. Tenho que acertar outra vez. E este vazio seguinte, que muitas vezes acompanha o investidor, também pode ser encontrado na vida, em diversos aspectos: o vazio existencial que se segue após atingir um grande objetivo. Ser vitorioso em uma grande conquista traz muita felicidade, mas pode ser acompanhada de um aumento da autocobrança na superação da meta seguinte, e de um aumento da ansiedade pela busca constante dos próximos passos. Conhece pessoas que estão sempre pensando na próxima etapa? Indivíduos que mal terminaram uma conquista e já querem algo mais, mostrando-se eternamente insatisfeitos? O segredo do sucesso perene e da felicidade consistente, tanto nos investimentos como na vida, passa por desfrutar da trajetória em que se está percorrendo, muito mais do que dos resultados pontuais. Elenco aqui 5 dicas para reflexão neste momento que marca o encerramento do velho e o início de um novo ano: Aproveite o fim de ano para um intervalo de celebração e reflexão. Que o próximo ano seja de compromisso com uma jornada contínua de qualidade de vida, saúde mental, autorrealização, mais humanizada. Para você, desejo um feliz 2022 com muito propósito e contribuição com a sociedade através das suas atitudes, do seu trabalho e dos seus investimentos!

O que a variante Ômicron tem a ensinar para o Touro de Ouro

Seria a polêmica do Touro de Ouro um momento favorável para o mercado financeiro repensar seus modelos? A palavra símbolo, por definição, significa um nome, personagem ou imagem que representa algum comportamento ou atividade. O psiquiatra suíço Carl Jung dizia que um símbolo morre quando seu significado assume uma expressão concreta e, então, se transforma em sinal. Quais sinais a polêmica sobre a estátua do Touro de Ouro, colocada em frente à B3, e retirada pela prefeitura de São Paulo no dia 23 de novembro, pode nos indicar? À parte as questões políticas, na busca de pontos de convergência entre os que apoiam ou condenam o animal de fibra de vidro, ambos os lados desejam retomada econômica e geração de empregos. No entanto, enquanto para uns, o símbolo do Touro de Ouro no centro da capital paulista pode representar virilidade e prosperidade, para outros pode sugerir desigualdade e injustiça. E talvez essa seja a maior simbologia: a polarização em que estamos. Extremos de riqueza e pobreza que mostram filas de espera de meses para compras de carros e barcos de luxo, enquanto há um crescente número de moradores de rua e pessoas em situação de miséria e fome no País. A desigualdade dificulta a cooperação, com prejuízos tanto para quem está em vantagem, como para o lado prejudicado. Marcelo Benvenuti, coordenador do grupo de pesquisas em psicologia sobre comportamento social e cultura na USP, diz que as vantagens da cooperação têm sido gradualmente reconhecidas em áreas como a psicologia e a economia. Até mesmo na evolução, em que a sobrevivência parecia depender da competição, a cooperação mostra-se como um diferencial importante em relação a grupos que cooperam menos. Estamos sentindo isso na pele, globalmente. Uma prova é o surgimento da mais recente variante do coronavírus, a chamada Ômicron, resultado de uma vacinação desigual, entre países pobres e ricos. Ou seja, a diferença entre riqueza e pobreza prejudica a todos. Seria a polêmica do Touro de Ouro um momento favorável para o mercado financeiro repensar seus modelos? Será que ainda cabe o padrão de competição, entre Touros (sinônimo de investidores que estão na ponta do interesse da subida das ações) versus Ursos (referente aos que especulam para que as ações caiam)? Se a economia real é altamente beneficiada pelas fontes de financiamento provenientes da renda variável, da negociação de ações, poderia existir um modelo de bolsa de valores menos especulativa, que favorecesse o longo prazo, o ganha-ganha e a colaboração? Poderiam ser repensadas as normas de “day trade” e estruturas de liquidez na bolsa? E, se há polêmica entre a população em geral, deveria o mercado financeiro se empenhar mais na educação financeira, para que a compreensão sobre a importância do mercado acionário seja ampliada? E, se a comunicação sobre o touro foi mal compreendida, pode haver a hipótese de que o problema da mensagem está no emissor, no próprio mercado financeiro? Talvez o símbolo do touro, de virilidade, que remete exclusivamente à potência somente masculina, já não represente mais as demandas da sociedade atual que deseja inclusão, diversidade, igualdade e necessita urgentemente de colaboração para a própria sobrevivência. Quem sabe a estátua polêmica possa ser substituída por uma escultura cuja arte represente as demandas ambientais, sociais e de governança. Quem sabe podemos ter, ao invés de um touro, uma escultura ESG no centro de São Paulo, mostrando uma renovação dos valores do mercado financeiro. Dia 10 de dezembro celebra-se o Dia Internacional dos Direitos Humanos, que visa promover os direitos econômicos, sociais e culturais de cada indivíduo. Vale o momento para refletir se iremos perceber a importância da união, do coletivo, da convergência e da colaboração ou se iremos ceder aos velhos modelos da polarização, do individualismo e da competição, onde todos juntos iremos sucumbir.

Consumismo financeiro: um vício perigoso para o investidor

Crise econômica e percepção de ações de empresas baratas são cenários favoráveis ao comportamento compulsivo Um perigo alarmante, que vem tomando conta do hábito dos brasileiros, é um crescente vício instalado na sociedade: o consumismo financeiro. Um forte indicador é o aumento significativo do número de blogueiros, influenciadores, cursos oferecidos e ofertas que anunciam, todos os dias, receitas de como tornar-se milionário, através do mercado financeiro. A CVM apontou um crescimento de 75% do número de golpes de pirâmides financeiras em 2020 em comparação ao ano anterior. Foram 325 comunicados enviados pelo órgão ao Ministério Público. Há forte crescimento também em golpes relativos a criptomoedas, como no recente caso da SQUID, moeda digital inspirada na série da Netflix ‘Round 6’. Se em um passado nem tão distante os pais desejavam que seus filhos economizassem moedinhas em cofres de porquinhos, hoje a vontade de alguns é que seus filhos saibam fazer análises e tenham desempenhos extraordinários em simuladores de ações. O grande incentivo a poupar e evitar compras compulsivas da fundamentada educação financeira tem sido substituído por “use suas economias para consumir produtos financeiros”, que pode levar à troca apenas da categoria de produtos de consumo. O consumismo financeiro pode tornar-se uma compulsão se há uma sequência de escolhas emocionais e imediatistas que estimulam a produção dos mesmos hormônios e neurotransmissores como qualquer outro vício. Os casos mais graves de endividamento em pessoa física vistos em atendimentos psicológicos estão relacionado à compulsão de investir, disfunção que pode acometer até mesmo os investidores qualificados. O vício em investimentos carrega o potencial viciante dos mais potentes vícios: o comportamento multiuso. Ele encontra recompensa para múltiplas necessidades: picos de felicidade, o desejo do enriquecimento, a ilusão de vitória, quando se acredita que “acertou na aposta da ação da vez” bem como o sentimento de pertencimento e de inserção social, uma vez que falar sobre investimentos com amigos é cada vez mais inclusivo. Mas há um forte perigo neste comportamento: a grande gangorra emocional, que pede cada vez mais picos de felicidade, principalmente nas baixas, quando há perdas. Crise econômica, juros baixos e percepção de ações de empresas baratas são cenários bem favoráveis ao aumento deste comportamento compulsivo. As emoções despertas no ambiente de juros baixos favorecem o deslocamento da necessidade imediatista de enriquecimento, que antes estavam na renda fixa (passeio “sem emoção”), para a renda variável (passeio “com muita emoção”) Algumas perguntas podem ser feitas a si mesmo, para saber se você é um investidor racional: antes de investir eu estudo o mercado financeiro, escuto recomendações de diversificação de carteira para gerir riscos, faço planejamento, tomo decisões com calma, cautela, consistências e enxergo os investimentos como estratégia de longo prazo? Se suas repostas foram não, ligue o sinal de alerta, pois você está vulnerável ao vício do consumismo financeiro. Investimentos são importantes, mas são ganhos incrementais e servem de suporte e financiamento para que a economia real aconteça. O principal ganho vem do trabalho, do “novo dinheiro” (como é chamado no mercado financeiro), que gera realização profissional consistente. Energia física, mental e o tempo também são recursos limitados; então, recomenda-se equilibrar as horas dedicadas ao acompanhamento do mercado financeiro, se sua profissão estiver desatrelada a ele. Coloque seus esforços profissionais em seus talentos, em seus objetivos, em seu propósito, na carreira que você escolheu. Sua vida profissional é preciosa, assim como seu tempo e sua estabilidade emocional. Encerro este artigo com um conselho de um dos maiores investidores Warren Buffett: “Investir em si mesmo é o investimento mais importante que você fará na vida. Não há investimento financeiro que se compare a isso, porque se você desenvolver mais habilidade, mais aptidão, mais percepção e capacidade, é isso que vai lhe proporcionar liberdade de fato.”

ESG: importante para investimentos, fundamental para a política

Se já estamos cansados de ser o país do futuro que nunca chega, é necessário implementar uma agenda ESG O que você sente quando ouve a palavra sustentabilidade? Pergunto sobre o sentimento que desperta, ainda sem entrar na definição em si e muito menos no tema ESG ou em candidatos ao governo. Considerada uma bandeira e algo ligado à ecologia, para uns é um modismo passageiro com custos mais caros. Para outros, a palavra sustentabilidade por definição significa permanência, perenidade, propriedade daquilo que é necessário para a conservação da vida, que traz equilíbrio. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. E isso é possível? Aqui está o famoso dilema entre a disputa das satisfações do curto e longo prazo! Você que é investidor conhece bem esse conflito, não é mesmo? E ele está presente em nossas vidas, o tempo todo! Compro aquilo que quero agora, ou poupo para cuidar do meu amanhã? Esse dilema exige autocontrole e compromisso com decisões de longo prazo, mas também pede por mimos com recompensas e satisfações imediatas. Resolver essa questão é o segredo do equilíbrio, do sucesso e da longevidade. É claro que desejamos isso para nossas vidas, para nossos investimentos, para as empresas e para nosso país. Equilíbrio, felicidade, segurança, crescimento, sucesso, com permanência, longevidade, ou seja, com sustentabilidade! E em quais aspectos?! A resposta está no ESG! Nos aspectos ambientais (E, do inglês, environmental), sociais (S) e de governança (G). Sem cuidado com o ambiente onde se está – quer seja com a casa limpa e conservada, quer seja com o ambiente psicológico, ou mesmo com o planeta em que vivemos – existe equilíbrio na vida? Há como ser feliz, se as relações humanas ao nosso redor não estiverem harmoniosas, atendidas, acolhidas, com justiça, respeito e equidade? Há como garantir tudo isso, se não houver planejamento, método, processos, transparência, ética, respeito, consenso, inclusão, eficiência, ou seja, uma boa governança? Se já estamos cansados de ser o país do futuro que nunca chega, é necessário implementar uma agenda ESG para a nossa nação. Além da importância do tema ESG para investimentos e empresa, da relevância de ser ESG na condução da própria vida e na relação com o trabalho, gostaria agora de despertar em você, leitor e investidor, a importância do tema ESG na hora de votar. No momento de volatilidade e incertezas pelo qual estamos passando, é necessário a união, juntar esforços e escolher um governo que pense em longevidade, sustentabilidade e no equilíbrio entre o curto e longo prazo. Que ofereça propostas de cuidado com o patrimônio ambiental, que olhe pelo social em todos os aspectos, incluindo a harmonia, relações de parceria e cooperação. E que zele pela governança, em seu sentido amplo de ética, respeito, honestidade, transparência, disseminação de informações confiáveis, planejamento, cumprimento de metas e promessas! E isso é possível? Se vivemos neste constante conflito entre o curto e o longo prazo em nossas vidas, mas sempre em busca da melhoria e do crescimento, se buscamos conhecimento para melhores investimentos no longo prazo como investidores e se estamos trabalhando em uma agenda ESG para empresas mais lucrativas e sustentáveis, por que não acreditar e construir, através do voto, este mesmo caminho, para o País?

Gurus financeiros e prejuízos por day trade. Saiba como escapar

Por que o ser humano busca heróis para se amparar, embasar as decisões e confiar cegamente todos os recursos? No dia 13 de setembro, após Elon Musk simplesmente publicar uma foto de seu pet, a criptomoeda meme Floki Inu, de mesmo nome do cãozinho do bilionário, valorizou mais de 3.000% em poucas horas. Em agosto de 2020, outro exemplo de distorção financeira aconteceu com a personagem de nome fictício Cleonice, que confessou ter se sentido “nua e desprotegida” quando perdeu toda sua carteira de investimentos ao ser enganada por um guru do day trade, juntamente com vários outros investidores. Observando inúmeros relatos de perdas por meio de golpes e pirâmides financeiras surge a pergunta que não quer calar: por que o ser humano busca gurus e heróis para se amparar, embasar suas decisões e confiar cegamente todos os seus recursos, assumindo riscos não calculados? Através de teóricos como Gustave Le Bon e Allport, a psicologia social aponta a tendência de pessoas renunciarem a suas responsabilidades individuais por se contagiarem emocionalmente pelo comportamento coletivo, influenciadas por algum líder carismático – o chamado comportamento de manada. Além do contágio de multidão, outros fenômenos psicológicos também acontecem simultaneamente, tais como a impulsividade e a inclinação para a busca do dinheiro rápido e fácil e a falta de confiança para tomar as próprias decisões, por baixa autoestima, medo ou falta de preparo suficiente. Resumidamente, a ausência de conhecimento técnico e de autoconhecimento; a falta de planejamento, de objetivos claros financeiros e de vida; a perda do senso de propósito e de autorrealização são combinações explosivas para escolhas impulsivas, que levam pessoas a eleger e transferir para falsos gurus, heróis ou profetas a condução da própria vida. A velha máxima que diz que, se você não tem estratégia, certamente estará na estratégia de alguém cai como uma luva para explicar o fenômeno dos gurus. A nomeação de heróis salvadores ou pessoas guias pode acontecer não somente no âmbito das finanças, mas em vários outros aspectos da vida, como em relacionamentos amorosos, familiares, no trabalho e até mesmo no exercício da cidadania. O ser humano é social, mas para sua própria saúde integral precisa ter claro os limites entre o exercício de sua autonomia e do viver em grupo. Dessa forma, é importante que você investidor(a), para não embarcar em qualquer foto de pet ou conversa de pirâmide, fique atento(a) para não cair no contagioso comportamento da massa chamada mercado financeiro, quando influenciada por meio da voz de falsos gurus, com agenda própria de intenções ou até mesmo desorientados. No lugar de depositar sua confiança em algo ou alguém por insegurança, busque seu desenvolvimento pessoal, emocional e técnico para ampliar sua capacidade de julgamento e tomada de decisão na direção de escolhas menos impulsivas, mais planejadas e de sucesso consistente no longo prazo.

Qual é a fórmula para garantir o futuro dos filhos?

Devo fazer um investimento para garantir o futuro do meu filho? Qual a melhor opção? Quanto devo deixar? “Uma pessoa muito rica deveria deixar para seus filhos o suficiente para eles fazerem qualquer coisa, mas não o suficiente para eles não fazerem nada”, disse o megainvestidor Warren Buffett. No final de setembro, uma declaração do apresentador super-rico da CNN Anderson Cooper ao podcast Morning Meeting reavivou a polêmica sobre deixar ou não fortuna aos herdeiros. Está ocorrendo um movimento de doações de fortunas de bilionários no exterior e estamos vendo também um aumento de pedidos de testamentos com o advento da pandemia. O próprio Warren Buffett já doou metade de sua fortuna para fundações de impacto social. Há uma discussão sobre herdeiros não darem valor ao dinheiro e por isso perderem suas iniciativas. Frase como “Filho de rico é playboy, filho de pobre é motoboy” traz a simbologia do dinheiro conseguido facilmente versus o dinheiro suado, mas talvez adquirido de forma pouco prazerosa. Devo fazer um investimento para garantir o futuro do meu filho? Qual a melhor opção? Quanto devo deixar? Para responder a esta pergunta, gostaria de dar um passo atrás. Minha pergunta é: o que leva você a se preocupar com isso? Posso afirmar, em minha experiência, que o erro na educação financeira dos filhos não está na classe social. Pais com muito ou pouco recurso podem igualmente errar ou acertar nesse caminho. A questão também não está no quanto se deixa aos filhos. Mesmo porque, se todos tiverem vida longa, o dinheiro de herança só seria usado pelos netos (como no caso da rainha Elizabeth e a provável sucessão do trono inglês). No entanto, inserido na obsessão da preocupação em deixar ou não recursos, provavelmente existe o desejo de excesso de controle sobre a vida dos filhos, que desvirtua o foco do que realmente é importante deixar a eles; e, talvez, já esteja causando em si mesmo, danos suficientes. Um filho bem-sucedido financeiramente precisa desenvolver autonomia, autoestima, senso de autoeficácia, amor pelo trabalho, por suas conquistas e autocontrole sobre decisões de longo prazo. Precisa entender por que e para que ele está no mundo, precisa adquirir um senso de propósito e transcendência naquilo que faz, na razão de existir, para poder alcançar sua autorrealização. Para isso, ele precisa ser elogiado e compreendido. Precisa de apoio para identificar seus talentos e potencialidades (a maioria dos jovens com quem trabalho não consegue identificar no que são bons o bastante). Precisa tentar e errar por conta própria, ao longo de sua vida, desde a infância e ser incentivado a persistir. Filhos criados assim serão capazes de tudo! De viverem no pouco ou no muito. De serem excelentes sucessores, ótimos administradores de possíveis heranças ou mesmo seguirem seus caminhos e construírem do zero. Por isso, papai e mamãe, muito mais do que presente do Dia das Crianças ou de garantir o futuro financeiro de seus filhos, ou de privá-los de possíveis heranças, preocupem-se em valorizar os seres humanos únicos e incríveis que estão aqui no mundo, que precisam apenas de apoio, elogio, acolhimento, empatia e suporte para encontrarem seus próprios caminhos, nos quais possam brilhar e fazer a diferença nesta sociedade.

Fake news trazem prejuízos para a vida do investidor

Notícias falsas impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos Na manhã de segunda-feira (13), o mercado de criptomoedas acordou agitado. Um informe publicado pelo distribuidor de releases GlobeNewswire dizia que a esquecida moeda Litecoin seria aceita em lojas do Walmart a partir de 1º de outubro. A rede de supermercados negou essa fake news horas depois, mas o valor da Litecoin já havia explodido, enquanto Bitcoin e outras Altcoins sofreram com a volatilidade. No Brasil, a praga das fake news contamina vários setores: na saúde com as vacinas; no mundo dos famosos – como a polêmica com Paolla Oliveira; ela negou ter dito que, caso o presidente Jair Bolsonaro se reeleja, só restará a prostituição para as atrizes da Globo –; no mundo da política; em transações com jogadores de futebol e até mesmo envolvendo a classe dos caminhoneiros. No mundo dos investimentos, o jargão “rumores” é usado como sinônimo de fake news. Já ouviu a expressão de que a ação sobe no boato e cai no fato? Como exemplos, entre muitos, podem ser citados o recente rumor sobre a aquisição de Lojas Marisa por Lojas Americanas ou a fusão com a Renner, e um mais antigo envolvendo a Petrobras e novas reservas. Especulações, notícias não confirmadas ou falsas provocam cenários voláteis, aumentam o risco, impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos para pessoas, empresas e países. Será mesmo que fake news devem fazer parte de nossas vidas como algo natural? Qual o impacto delas para a economia, para os investimentos, para o bolso e para a vida em geral? “Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”, disse o filosofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). A confiança é uma necessidade do ser humano, pela qual são estabelecidos os vínculos e laços de afeto. Suas matérias primas são a transparência, integridade e a coerência. Quebrar a confiança causa no outro um sofrimento tão profundo como a dor física de uma ferida, pois são mecanismos equivalentes para o cérebro. Em psicologia, confiança é entendida como a crença na probidade moral, na sinceridade de alguém, como a expectativa de que um indivíduo, grupo ou instituição aja de forma esperada, com certa regularidade e previsibilidade. A confiança será mais ou menos reforçada, em função de atos ou fatos. Fake news abalam a confiança! Sentimentos coletivos de insegurança em relação ao futuro podem provocar que algum temido evento aconteça, como uma profecia autorrealizável. Como os mercados produtivo e financeiro trabalham com projeções futuras e como nós, seres humanos, estamos frequentemente antecipando o futuro mentalmente, expectativas alimentam a tomada de decisão e tornam realidade o que antes era apenas especulação. Pessoas agem conforme suas crenças persistentes mesmo que estas sejam retiradas. Seguem interpretando novas informações de maneira tendenciosa, o que pode provocar em um grupo distanciamento de visões e polarização de opiniões. É o viés cognitivo de confirmação colaborando para abalar a confiança e fazer gente perder dinheiro com isso. Não é à toa que índices de confiança são monitorados, como o Índice de Confiança do Consumidor e o Índice de Confiança Empresarial, e que agências de classificação de risco dos países levam em consideração marcadores de confiança. Em termos práticos, a falta de evidências, fake news, incertezas, especulações, rumores, ou condutas não confiáveis podem levar você a decisões erradas, a rupturas de relacionamentos e problemas financeiros; podem levar empresas a temer investimentos ou a perder seu valor no mercado; podem impactar países em suas taxas de juros, de emprego, em seu crescimento e estabilidade. É fundamental, em nossas vidas pessoais, financeiras e como cidadãos, fazermos nossa parte, checando fontes, buscando informação em lugares seguros, apoiando iniciativas de combate a notícias falsas e ajudando a impedir que elas se espalhem.

Setembro traz sinal amarelo sobre day trade e as emoções do investidor

Problemas financeiros e o suicídio são dois temas graves e que muitas vezes andam juntos Setembro Amarelo, mês da prevenção do suicídio e promoção da vida, é um momento significativo para falar com você, investidor, sobre dois temas graves que muitas vezes andam juntos e são tratados como tabus: problemas financeiros e o suicídio. Enredos que compõem o imaginário elaborado através dos filmes infelizmente também fizeram parte da realidade no período da Grande Depressão, por exemplo, quando aconteceu a quebra da Bolsa de 1929, em Nova York. Na época, várias tentativas de suicídio, vistas em lugares públicos, foram relatadas pela mídia. No Brasil também houve registros de suicídio ligados às crises financeiras, desde a quebra da república do café, passando pelo confisco da poupança do plano Collor e, agora, os mais recentes relatos sobre day traders, tanto no Brasil como no exterior. Foi o caso do jovem do Rio Grande do Norte que deixou mensagem à família dizendo que sua intenção nunca havia sido aceitar um risco daquele tamanho. Ou o acontecido nos Estados Unidos, com dois jovens que tiraram a própria vida mediante perdas financeiras ao investir no Robinhood. Se por um lado pessoas são vistas cometendo atos contra a própria vida por gatilhos financeiros, por outro lado o mundo acompanhou, com grande comoção, milhares de afegãos lutando por suas próprias vidas, pendurados em asas de avião, deixando qualquer posse ou propriedade para traz, para, na melhor das hipóteses, salvarem a própria pele e começarem do zero. Por que alguns seres humanos tiraram a própria vida por assuntos ligados ao dinheiro e outros lutam pela própria vida com todas as forças, perante grande ameaça e sem se importarem em perder tudo? O que faz a diferença entre esses dois comportamentos humanos perante a vida? Pessoas que tentam o suicídio, na verdade, não desejam morrer, desejam livrar-se de toda dor e sofrimento que estão passando. São acometidos de um intenso sofrimento existencial. No caso dos suicídios atrelados às perdas financeiras, a pessoa não enxerga mais saída mediante à vergonha e aos problemas gerados pelas perdas que sofreu. Por isso é preciso estar atento aos sinais de quem passa por isso, para que encontrem lugar de fala e espaço de acolhimento necessários como ajuda para ressignificar o momento. Sob outra perspectiva, como no relato de Viktor Frankl, médico psiquiatra, autor do livro “Em busca de Sentido”, que viveu em campo de concentração, pessoas que vivem a guerra ou fortes ameaças contra a vida, lutam por sua sobrevivência, mobilizadas por um forte sentido existencial, espiritual, movidas pela liberdade interior e o sentido do amor. Por isso, investidor, muito além de seus objetivos de rentabilidade, de avaliação de riscos e liquidez, é preciso ter em mente o quanto de energia emocional está sendo depositada nessa empreitada. Descobrir qual o simbolismo que o dinheiro representa em sua vida, avaliar o quanto ganhar ou perder nos investimentos passa a ser um objetivo em si mesmo. Há mais riscos envolvidos ao investir em ativos de alta volatilidade do que aqueles mensurados pelos “ratings”, como por exemplo, os riscos da montanha russa emocional, da queda na produtividade do trabalho, do isolamento social por vergonha ou obsessão, das perdas do sentido de propósito, da saúde mental e até mesmo do sentido existencial. Diversificar, não é apenas uma recomendação que serve para a segurança financeira, mas também para a saúde de forma integral, para que seu foco possa ser distribuído em diversas fontes de felicidade, além das recompensas financeiras, como a convivência em família e entre amigos, o prazer em ser produtivo na sociedade, o lazer, as práticas da espiritualidade e do autocuidado.

Conheça o tipo de perdão que soluciona qualquer dívida

Segundo estimativas do Idec, mais de 60 milhões de brasileiros estão endividados Em agosto, exatamente todo dia 30 do mês, é celebrada a data nacional do perdão, proposta pela deputada Keiko Ota. Ela foi motivada pela morte de seu filho, sequestrado e brutalmente assassinado aos oito anos de idade. Por volta deste mesmo período, em setembro, também acontece o Yom Kippur, um dos dias mais importantes do judaísmo, dedicado ao arrependimento e ao perdão. O intuito de provocar reflexão a partir de datas celebrativas sobre a importância do perdão pode servir de estímulo a repensar a própria vida financeira. No começo de julho, entrou em vigor nova lei para prevenção e intervenção em casos de superendividamento. Ela modificou o Código de Defesa do Consumidor (CDC), estabelecendo que credores são obrigados a renegociar dívidas quanto a prazos e valores de parcelas, além de permitir antecipações com desconto e de informar ao consumidor, no ato da contratação, todos os encargos assumidos no ato da dívida. Agora, o consumidor pode pedir em juízo, de forma simplificada, para instaurar o processo por superendividamento para revisão dos contratos, caso não tenha sucesso na conciliação direta de suas dívidas. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), mais de 60 milhões de brasileiros estão endividados. Dentre eles, 30 milhões são superendividados, principalmente mulheres responsáveis pelo sustento de suas famílias. Dívidas geram graves problemas à saúde e à vida. Provocam estresse. O toque do telefone com um credor cobrando pagamentos ou a simples lembrança de estar devendo a alguém são exemplos de situações que aumentam o grau de ansiedade, que inclusive pode levar à depressão. Problemas financeiros afetam o humor, causam insônia, tiram a motivação, geram medo, insegurança e aumentam o pessimismo. Estar em dívidas leva a mentir, a esconder o assunto da família, a enganar. Gera brigas, acusações e sentimentos de culpa. Também afeta a produtividade, pois a pessoa passa a usar horas de trabalho para administrar os problemas, além de se sentir menos capaz. E o que o perdão tem a ver com tudo isso? A solução não está na ideia simplista de propor a busca pelo perdão das dívidas. Em muitos casos, isso não resolve, principalmente quando o padrão comportamental de endividamento já está estabelecido na pessoa. Nestes casos, quanto mais o indivíduo ganha, mais ele gasta, em um modelo instituído da Síndrome do Devedor, onde viver de crédito passa a ser um estilo de vida, que, apesar de provocar intensa culpa, muitas vezes é sublimada. A proposta aqui para transformação na vida financeira e promoção da própria saúde e felicidade está no auto perdão. Perdoar-se implica na busca de libertar-se da culpa, em absolver-se. Poupar-se. É até simbólico pensar que, na definição trazida pelos dicionários para a consequência de livrar-se das dívidas pelo perdão, poupar é uma delas. Perdoar-se implica em sair da negação, em deixar de evitar o contato com sentimentos dolorosos, ou com comportamentos disfuncionais para encará-los e provocar a mudança. Liberar-se da raiva, da autopunição ou de compensações negativas e ressignificar a vida. Perdoar-se traz a coragem do enfrentamento, motivação para largar as “vistas grossas” perante a própria conduta, sem precisar de absolvição de terceiros, desculpas ou autoengano. Para sair da cilada das dívidas é preciso pedir ajuda, que não vem do modelo recorrente de pedir dinheiro emprestado, mas sim do suporte técnico e principalmente psicológico para mudar o modelo de viver! Que tal aproveitar o Dia do Perdão para dar o primeiro passo?

ESG é a blindagem mais eficaz contra o desemprego

Diante da desinstitucionalização do trabalho, a necessidade de governança deixa de ser apenas corporativa Cada vez mais, o tema ESG – sigla em inglês para a adoção de critérios ambientais, sociais e de governança – ganha relevância para o investidor na escolha de sua carteira. ESG então deve ser assunto exclusivo do mercado financeiro ou da agenda das empresas? Errado. ESG diz respeito a você, ao conceito mais amplo de sustentabilidade na sua vida e ao modelo do futuro do trabalho, que já chegou. O emprego vem gradativamente desaparecendo. Já não há mais certeza sobre a duração de certas profissões, previsibilidade de carreira, nem caminho seguro de desenvolvimento profissional. A taxa de desemprego vem batendo recordes entre jovens no Brasil, segundo dados do IBGE, e relatórios sucessivos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam a mesma tendência no mundo. Do ponto de vista da saúde mental, o desemprego é um grande catalizador de doenças psíquicas. Além disso, o contato físico e os limites de horário e espaço que antes conferiam concretude psicológica estão sendo substituídos por contratos flexíveis, por trabalhos remotos sem fronteiras, que apesar de darem mais autonomia aumentam o grau de incertezas. O emprego, por opção ou não, está sendo substituído pelo empreendedorismo, no qual o profissional precisa reinventar suas atividades e a si mesmo. Garantias dos direitos trabalhistas migram agora para a gestão pessoal. Inclusive a aposentadoria, cada vez mais, precisa ser autogerida. Por que a postura ESG passa a ser uma atitude necessária frente ao mundo em transformação? Em face da desinstitucionalização do trabalho, a necessidade de processos de governança (G do ESG) deixa de ser apenas corporativa. Num mundo no qual terceiros não cuidam mais de sua carreira, uma governança própria exige de cada indivíduo crescimento psicológico. A tão falada inteligência emocional nada mais é que uma conquista da flexibilidade psicológica, uma capacidade de governar a si próprio através do autoconhecimento, da aceitação e do autocontrole. O olhar S (Social) passa a ser mandatório nesse cenário. Como ter ideias, empreender, inventar a própria carreira sem empatia, sem entender as diferenças e a diversidade de um mundo não binário? O movimento de autonomia e autogestão produz o risco do exagero do individualismo que leva a polarização. A única saída para a não ruptura é aumentar a cooperação. Entre as habilidades em alta para o profissional do futuro, levantadas pelo Fórum Econômico Mundial, está a orientação para servir o cliente, que, no sentido mais amplo e eficaz, seria compreender o próximo e servir à sociedade. Do ponto de vista financeiro, a postura S (Social) é imprescindível para a felicidade coletiva, uma vez que a desigualdade é geradora de grandes conflitos, quer seja por revolta de quem sofre, ou por culpa de quem leva vantagem. E finalmente há o olhar para o meio ambiente (E), definido não somente pelos cuidados com a natureza, mas também por fatores econômicos, sociais e culturais sobre a qualidade de vida do homem, incluindo as relações humanas, formas de interagir com o meio, de se comunicar, de oferecer respeito e acolhimento. No mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, o risco não está no desaparecimento dos empregos, mas sim na própria inabilidade de lidar com as questões emocionais da fragilidade, da ansiedade, da não-linearidade e da incompreensão que esse cenário favorece.