‘A inflação é a maior inimiga do amor’, diz Ana Paula Hornos

Em live, ela ressaltou que questão financeira é a segunda maior causa de divórcio e separação Em um mundo em que problemas financeiros são determinantes para a manutenção de um relacionamento amoroso um período de inflação e de pressão sobre o poder aquisitivo da população como o atual pode representar um risco para os casais. E às vésperas do dia dos namorados, quando é comum a troca de presentes entre os amados, o E-Investidor abordou em live desta quarta-feira se é possível alcançar o sucesso nas finanças compartilhado com um grande amor. O evento on-line contou com a participação da especialista em finanças e comportamento Ana Paula Hornos. De início, Hornos lembrou que a questão financeira é a segunda maior causa de divórcio e separação e defendeu que a conversa sobre dinheiro deve ser recorrente entre os casais. De acordo com ela, a melhor maneira de começar a abordar o tema é escutando o parceiro. “As pessoas têm valores internos diferentes, crenças, princípios diferentes. Então, um tem uma visão e o outro, outra, e aí dá o conflito. Como a gente resolve o conflito? É chegar de uma forma esvaziada. O primeiro exercício para uma conversa dar certo é esvaziar a mente de uma ideia pré-concebida que vá para aquela conversa. Então a postura é de escutar, perguntar qual a opinião a respeito”, disse. Sobre como os casais devem fazer para juntar um bom dinheiro juntos, Hornos comentou que existem vários passos e um deles consiste em viver com 70% da renda, para que 20% possam ser poupados individualmente e destinados para uma reserva e os 10% restantes usados como uma doação, uma contribuição de volta à sociedade. Isso, no entanto, exige flexibilidade de adaptação ao padrão de vida. “A inflação é a maior inimiga do amor. Inflação, desemprego e enfermidade são as principais coisas que causam grande distúrbios na finanças dos casais”, apontou. Ao ser questionada sobre eventuais problemas decorrentes da situação em que um parceiro ganha mais que o outro, Hornos ressaltou que não pode haver uma relação de poder, já que é necessário entender que, enquanto casal, ambos precisam ter a ciência de que formam um par. “Esse desequilíbrio pode mudar ao longo da vida, o importante é que não exista uma situação de relação de poder por meio desse desequilíbrio. O casal tem que entender que eles são pares, porque senão passa a ser um controle abusivo, coercitivo. Você começa a controlar a outra pessoa ou exacerbar o seu poder. Então, sobre a questão de um ganhar mais que o outro, ela precisa ser neutra, precisa estabelecer um acordo”, disse. Na hora da separação, principalmente quando se trata de uma união estável, em que não há um “contrato” assinado, mas uma espécie de “acordo de namoro”, Ana Paula ressaltou que é necessário tomar cuidados jurídicos. “É amoroso falar de contrato. Se você negligência isso, uma hora alguém vai estar descuidado ou ambos saem perdendo”, ressaltou. A questão da traição financeira também foi abordada na conversa. “Uma pessoa que gasta escondido ou acima do orçamento comum e que passa a exceder nos gastos com compras, comprar no cartão escondido, esconde, tira o dinheiro e invade o valor principal, isso caracteriza evasão de bens, se for comunhão total ou parcial de bens. Fazer investimentos escondidos em comunhão total de bens é traição”, disse. “Um caso grave que passou pelo meu atendimento: a pessoa começou a querer investimentos ousados, operação não-estruturada e alavancou o CPF da família inteira, da família da esposa. Além de perder o patrimônio próprio do casal, perdeu o da família inteira, uma dívida muito maior do que tinha. Tudo isso feito escondido. Isso claramente é uma traição”, contou. Hornos ainda reiterou que a inflação é um grande vilão, ao lado da covid-19, que consome a renda e o poder de compra. “Única forma de vencer a inflação é ser investidor e manter os investimentos acima da inflação, a forma de proteger seu patrimônio é investindo de forma que se rentabilize acima da inflação. No orçamento doméstico é flexibilidade, ter a reserva e se adaptar, flexibilizar, fazer contas e entender que o padrão de vida não pode ser mais o mesmo, infelizmente. Assumir decisões conservadoras nos custos fixos”, comentou. Ela também desmentiu a crença popular de que mulher gastam mais do que os homens. A especialista disse que as pesquisas apostam que quem gasta mais é aquele que não sabe quanto é o orçamento familiar. Sobre uma conta conjunta, ela ressaltou que pode ser uma ferramenta excelente, mas exige um nível de maturidade bem forte. “É excelente porque você tem uma visão conjunta e prevalece o coletivo, mas é importante uma liberdade e autonomia para cuidar. Se há uma integração, um nível bom de equilíbrio e ambos vão para o mesmo lado, é excelente”, disse. Por fim, quando questionada se as ações seriam um bom presente para o dia dos namorados, Hornos observou que se a linguagem de amor do casal for essa, então “por que não?”. Ressaltou, porém, que é necessário informação para saber se não vai presentear o parceiro com uma ação que venha a desvalorizar. Uma sugestão é presentear com um curso de educação financeira.

Saiba como elevar a autoestima e melhorar sua saúde financeira

Embora muitas vezes ignorada, ter uma boa autoestima é fundamental para uma vida financeira saudável É muito comum a associação do conceito de autoestima ao aspecto físico. Mas o assunto vai muito mais além e impacta inclusive na vida financeira. O que significa baixa autoestima e qual sua causa? A autoestima baixa – imagem negativa de si próprio – é resultado das experiências ao longo da história de vida de cada indivíduo e é comumente encontrada em pessoas que sofreram abuso físico, sexual e/ou emocional. Pessoas com pais muito críticos, exigentes, controladores ou que passaram por desamparo na infância e adolescência costumam construir uma percepção de si mesmos com desvalor, com sentimentos de incapacidade, de vergonha, medo, culpa, ansiedade e invalidação. Como identificar a autoestima baixa? São sinais a sensação de ser um impostor, falta de confiança em si, o perfeccionismo, a autossabotagem e a procrastinação. Pessoas com baixa autoestima são mais suscetíveis a desenvolver depressão e crises de ansiedade, podem ter dificuldade de relacionar-se de forma saudável, muitas vezes impõem-se a si mesmo e aos outros uma autocobrança excessiva, têm dificuldade de expressar seus sentimentos, dificuldade de tomar decisões satisfatórias e podem desenvolver comportamentos autodestrutivos como abuso de álcool e drogas, desequilíbrios financeiro e alimentar. Quais impactos da autoestima baixa na vida financeira? A autossabotagem proveniente de uma opinião negativa sobre si pode atingir em cheio a vida financeira em todos os aspectos dela. É muito comum pessoas com baixa autoestima comprarem por impulso e excessivamente, como um mecanismo de fuga e compensação pelo sofrimento e frustração consigo mesmo. Transtornos como o consumismo financeiro, o vício em jogos e apostas financeiras, presentear de forma exagerada para agradar aos outros, o endividamento crônico, a avareza ou economia patológica e os workaholics – viciados em trabalho – são comportamentos característicos de pessoas com autoestima baixa. Como melhorar a autoestima? Tenha um autoconceito positivo reflete diretamente na saúde mental e financeira. Aqui vão 5 atitudes que podem ajudar a aumentar sua autoestima: Carls Rogers (1902-1987), psicólogo humanista norte-americano dizia: “Se há um paradoxo curioso é que, quando me aceito como sou, eu mudo!”. O primeiro passo para a mudança vem da aceitação da situação e de si mesmo. A baixa autoestima e o seu impacto em comportamentos financeiros disfuncionais podem ser cuidados. Adotando estratégias pessoais mais saudáveis e com ajuda profissional, por meio de psicoterapia, é possível alcançar uma vida financeira mais saudável, equilibrada e feliz!

5 lições imperdíveis da série ‘Rainhas da Bolsa’ no Mês da Mulher

A produção baseada em fatos reais conta a história de duas mulheres árabes pioneiras no mercado de ações Março é dedicado, em muitos países, à celebração do Mês da História da Mulher. Em 1977, o dia 8 de março foi oficialmente adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher. Vários eventos influenciaram a criação da data. Entre eles, um incêndio em uma fábrica em Nova York, em março de 1911, tragédia que matou 123 mulheres e apontou para as terríveis condições de trabalho feminino à época. Outro evento importante foi a marcha das mulheres russas por pão e paz, em 8 de março de 1917, pedindo melhores condições de vida. No Brasil, as mulheres tiveram direito ao voto somente em 1932. Até 1962, mulheres casadas só podiam trabalhar fora se o marido permitisse, pois o Código Civil de 1916 previa que mulheres casadas eram consideradas “incapazes”. Essa determinação também impedia mulheres de abrir conta em banco. Somente na Constituição de 1988 ficou estabelecida a igualdade de direitos e deveres entre mulheres e homens. Recentemente foi lançada, na Netflix, a série Rainhas da Bolsa. Baseada em fatos reais, conta a história de duas mulheres árabes pioneiras em trabalhar no hostil e masculino mercado financeiro de ações, nos anos de 1980. Sem a intenção de dar muito “spoiler” – sem revelações do conteúdo antecipado e sem contar o final -, trago aqui neste mês, em homenagem à todas as mulheres, alguns aprendizados que podem inspirar nossas vidas, a partir deste drama passado no Kwait: Se você não assistiu à série, recomendo. Além das excelentes lições observadas, é diversão garantida. Sem falar no inusitado e o mais criativo “circuit breaker” – mecanismo de segurança utilizado pela Bolsa de Valores para paralisar negociações quando o mercado está muito nervoso e com queda superior a 10% – que já pude presenciar. Termino este texto com os mesmos votos que coloquei em minhas redes sociais no Dia Internacional da Mulher, seguindo as palavras da líder inspiradora Jacinda Ardern: que toda mulher possa ser gentil, mas forte; empática, mas incisiva; otimista, mas focada. Que possa ser seu próprio tipo de líder. Que cada mulher não precise mais sentir limitações dadas por preconceitos, que possa usar suas habilidades para uma vida significativa e prazerosa.

Os comportamentos que podem afetar as finanças dos brasileiros em 2023

Se há ou houve pedras no caminho em 2022, podemos construir pontes com elas em nossas vidas financeiras “No meio do caminho tinha uma pedra”, escreveu Carlos Drummond de Andrade. Certamente você também viu muitas pedras no caminho em 2022, provavelmente de forma menos poética. As atitudes são construídas e aprendidas como fruto da relação do homem com o ambiente e afetam diretamente a saúde mental e financeira. Que lições, então, podemos tirar dos nossos comportamentos financeiros mais frequentes perante os estímulos recebidos em 2022, para evitar ou levar para 2023? Trago aqui, para reflexão, uma retrospectiva de alguns dos principais destaques de fenômenos psicológicos ocorridos em 2022 que impactaram diretamente a vida financeira das pessoas: 1) Transtornos de ansiedade Fenômeno que tem afetado muito os jovens, chamou atenção a frequência de crises de ansiedade coletivas sofridas por estudantes no Brasil. Exemplo: em escola de Recife, vários alunos sofreram falta de ar, tremores e crise de choro. No mercado financeiro, o modelo de precificação que antecipa ocorrências na economia ou nos ativos já é o próprio sinônimo de um transtorno de ansiedade. Quantas vezes, neste ano, vimos a Bolsa fechar em queda, devido à aversão ao risco ou pressionada com as incertezas domésticas? Ou vimos traders e investidores, diante de cenários prolongados de instabilidade, ansiosos, tomando decisões precipitadas por aversão a perdas? Ansiedade leva a desistência de sonhos, perda de emprego, fuga do cuidado com as próprias finanças e a fazer dívidas. 2) Endividamento dos brasileiros O endividamento da população brasileira beira a quase 80% das famílias, o que indica uma questão estrutural em nossa sociedade. O comportamento estabelecido está relacionado às condições econômicas nas quais vivemos, a questões culturais, à carência de educação financeira e à falta de exemplo de nossos governantes (sem querer politizar neste artigo!). Entre os tops trends do Google este ano apareceram: “Como fazer empréstimo do Auxílio Brasil?”, “Como fazer o cadastro no Auxílio Brasil?” e “Como fazer empréstimo no Caixa Tem”. 3) Comportamentos supersticiosos e compulsivos Há muita expectativa para 2023 quanto à regulamentação das apostas. Apesar de o assunto ainda não estar consolidado, houve forte crescimento das apostas em sites e aplicativos, inclusive entre menores de 18 anos, o que pode se tornar um grande problema de saúde pública e saúde financeira da população. Existem similaridades psicológicas entre mecanismos de apostar e investir, principalmente entre os investidores despreparados, ávidos por altos retornos que, por excesso de confiança, acabam perdendo seu patrimônio. 4) Pirâmides financeiras As pirâmides financeiras continuam mais vivas do que nunca. Inúmeros casos ocorreram em 2022, arrastando famosos e cidadãos comuns nos golpes financeiros. Entre eles houve o casal de Minas Gerais que prometia altos retornos financeiros e o investidor estelionatário de criptomoedas do Rio de Janeiro, aguçando a ambição dos investidores e o comportamento de manada. 5) Sexismo, guerra, poder e dinheiro Quem não se lembra das manifestações hostis e sexistas de Arthur do Val, o “Mamãe falei”, ao dizer sobre as mulheres ucranianas: “São fáceis porque são pobres”, estabelecendo uma relação deplorável entre sexo, dinheiro e poder em uma situação desumana de guerra, reflexo de comportamento abusivo tanto sexual como financeiramente em relação à figura feminina. 6) Burnout, quite quitting e quite firing Mediante os fenômenos intensamente presentes em 2022 – síndrome do esgotamento profissional, demissão silenciosa por parte dos funcionários, ou líderes indiretamente forçando colaboradores a sair -, empresas devem repensar seus ambientes de trabalho, seus modelos de governança, liderança, metas, reconhecimento e gestão. 7) Atitude ESG Como boa notícia, a apresentação de informações e a implementação das práticas relacionadas aos aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa por parte das empresas vêm ganhando força no mundo todo. No Brasil, a resolução CVM 59, 21, que entrará em vigor em janeiro de 2023, exige que as empresas passem a indicar nos seus formulários de referência dados relacionados à governança corporativa, direitos humanos e meio ambiente, além da adoção de práticas voltadas à gestão de riscos, referentes ao exercício de 2022. Há um aumento na demanda por informações mais consistentes, comparáveis e úteis à decisão e ao risco de greenwashing. Se há ou houve pedras no caminho em 2022, podemos construir pontes com elas em nossas vidas financeiras. Como diz o papa Francisco, “Derrubar muros para construir pontes” e identificar comportamentos negativos para mudá-los. Aprender novos repertórios comportamentais para reagir de forma diferente às circunstâncias que nos afetam. Que venha 2023, repleto de renovação, esperança, coragem, aprendizados e fé! Deixo a você os votos da tradicional música da virada: “Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”!

Setembro Amarelo: saiba como ESG nos seus investimentos salva vidas

Uma empresa que cuida do ESG consegue obter retornos, tanto no âmbito financeiro como em saúde integral A morte é o fim. A interrupção definitiva da vida. O medo existencial da morte talvez seja o maior disparador de comportamentos irracionais frutos do viés de aversão à perda. Não queremos perder, não queremos morrer, não queremos que acabe. O suicídio choca por ser o ato de causar a própria morte de forma intencional. Uma decisão extremamente emotiva, oriunda de adoecimento psíquico, que extingue a capacidade de enxergar alternativas. Na verdade, o suicida não quer morrer, ele quer estancar a dor. Dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, e o mês foi escolhido para a campanha brasileira de prevenção chamada Setembro Amarelo. O assunto é importante e precisa ser foco da atenção de todos. Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam como uma das principais causas de morte no mundo por ano, mais do que HIV, malária, guerras ou homicídios. Entre os fatores de risco do comportamento suicida estão distúrbios mentais como esquizofrenia, bipolaridade, abuso de substâncias químicas como álcool, medicamentos e drogas, transtornos de ansiedade, esgotamento, burnout e depressão. Estudo americano feito pela Universidade da Califórnia perante a classe médica aponta seis principais causas de suicídio relacionadas ao trabalho médico: conflitos de relacionamento que afetam o trabalho, uso de substâncias químicas, deterioração da saúde física como impedimento de trabalhar, problemas legais, burnout e aumento do estresse financeiro. A ocorrência de mortes por suicídio entre bancários também é alta. Infelizmente houve crescimento da quantidade de casos em grandes instituições financeiras nos últimos anos por condições desumanas de trabalho. Um caso emblemático ocorreu em julho deste ano, com a morte suspeita de suicídio do diretor de Controles Internos e de Integridade da Caixa Econômica Federal, o responsável por apurar denúncias de assédios moral e sexual feitas por funcionários através dos canais internos da instituição.  Em 2020, o cantor Justin Bieber, que enfrenta atualmente questões sérias com sua saúde, revelou ter passado, durante sua adolescência, por depressão e pensamentos suicidas devido à fama e ao bullying. Seres humanos temos a necessidade básica de sermos respeitados e incluídos. De sermos verdadeiramente ouvidos, entendidos, acolhidos e não julgados. De estabelecermos relações recíprocas de confiança. Queremos ser notados, reconhecidos, amados. Queremos pertencer. Por trás de retornos financeiros dos investimentos, e de likes e curtidas das redes sociais, existem humanos em busca de conexão, reconhecimento, segurança, significância e amor. Raciocinando sobre investimentos, o que questões de saúde mental têm a ver com liquidez, risco e retorno? Nas primeiras aulas de educação financeira para iniciantes ensina-se o tripé de análise de investimentos. Ensina-se que para escolher um investimento é preciso olhar três parâmetros: liquidez, risco e retorno. No entanto, uma mesa de três pés pode se equilibrar perfeitamente em um único plano horizontal, mas é estática. Quando há deslocamento em um equipamento, quando há movimento ou se há uma carga maior no centro de gravidade, para não ocorrer tombamento, serão necessários quatro apoios. A proposta aqui é incluir mais uma perna ao tripé de critérios de análises: incluir o critério ESG.  Assédio moral, bullying, estresse financeiro, burnout podem matar, e a gestão de riscos de direitos humanos nas empresas precisa ser olhada por quem investe. O tripé tradicional dos investimentos pode até ser visto como uma análise suficiente para o investidor no plano individual (ainda que o investidor nunca tenha o melhor dos três elementos, liquidez, risco e retorno, juntos, e sempre terá que escolher por dois dos pés). Entretanto, investimentos não são estáticos. A garantia da sustentabilidade no longo prazo e o deslocamento do centro de gravidade do individual para o coletivo, exige adicionar um novo critério: liquidez, risco, retorno e ESG.  Mais planos estão em questão além da análise individual: o cuidado com o meio ambiente e com a sobrevivência da espécie, o cuidado com o social que garante a coexistência das relações humanas e a garantia de existirem normas, condutas, transparência e regras que conferem segurança para trilhar passos mais longos e contínuos por meio de uma boa governança. Uma empresa que cuida do ESG está zelando pela garantia dos direitos humanos, pela saúde mental de seus funcionários, de seus clientes, da comunidade em seu entorno. Um investidor que prioriza investimentos ESG está incentivando uma conduta empresarial e ampliando sua visão, não somente por liquidez, risco e retorno, no âmbito individual, mas por um plano maior, coletivo, da sustentabilidade da saúde integral própria e do todo. Uma pessoa que vive as práticas do ESG, consegue deslocar seu olhar de si mesmo para enxergar o próximo. Consegue viver de forma mais inclusiva, respeitando a diversidade, aumentando seu nível de acolhimento e compaixão. Cuida do meio ambiente físico e subjetivo em que vive, com mais respeito e ética. Seguindo essa atitude perante a vida e os investimentos, consegue também obter retornos maiores, com menos riscos, com maior sustentabilidade para si e para os outros, tanto no âmbito financeiro como em saúde integral e felicidade. O mês do Setembro Amarelo pode servir de reflexão para pensarmos uma forma de se colocar perante a vida, os outros e os investimentos.

Segundo semestre difícil? Veja a solução para cenários instáveis

A importância da esperança para a sua saúde física e financeira Como você se sente quando enfrenta tormentas como o aumento da desigualdade com números recordes de pessoas em condição de extrema pobreza, o avanço do endividamento das famílias brasileiras, a escalada da violência e os impactos desastrosos da inflação e das instabilidades econômica, política, jurídica e fiscal no Brasil? E ao se deparar com panoramas otimistas que ressaltam, por exemplo, vantagens atuais dos investimentos de baixo risco em renda fixa, da desaceleração no número de mortes decorrentes do coronavírus, da recuperação econômica vista em alguns setores e da revolução do trabalho remoto com a flexibilidade de horários? Ou você prefere ver os dois lados de cada questão? Sendo assim, eu poderia escrever sobre a redução do índice de desemprego no primeiro semestre, mas apontar o aumento alarmante da taxa de jovens desocupados. Até mesmo fazer o contraponto sobre o triste cenário de uma eleição polarizada regida por voto útil e não por candidatos que de fato expressem preferências dos eleitores, mas sem grandes surpresas pela frente, o que dá concretude ao investidor. No entanto, caro leitor e investidor, o que desejo trazer aqui é um olhar para seu equilíbrio emocional, colocar luz sobre a importância de ter ferramentas de enfrentamento em situações de estresses e adversidades, com foco em sua saúde financeira, mental e integral, apesar de qualquer circunstância. Cenários econômicos e políticos instáveis intensificam sentimentos como ansiedade, medo e insegurança. O medo contínuo pode impactar negativamente a vida profissional e levar a doenças e distúrbios mentais. Segundo estudos do psicólogo e professor americano Charles Snyder, indivíduos regidos pela insegurança adotam, em suas vidas, objetivos ambíguos e só conseguem trabalhá-los um por vez. Já pessoas com alto nível de esperança comumente são capazes de executar cinco ou seis metas simultâneas, traçam planos de ação para o sucesso e adotam estratégias de flexibilidade, resiliência e inovação frente a obstáculos e adversidades. Os esperançosos têm maior autoestima, motivação, mais longevidade e são mais propensos a experimentar a alegria. O nível de esperança pode ser desenvolvido e incrementado por meio de um caminho de autoconhecimento e ressignificação, a despeito das frustrações que a vida apresenta. As intempéries do cenário mundial, brasileiro e da volatilidade do mercado financeiro podem ser enfrentados com o fortalecimento de seu ambiente interno esperançoso e de sua conexão entre mente, corpo e comportamentos. Se há sabedoria científica no ditado popular que diz que a esperança é a última que morre, a mesma sabedoria se aplica à produtividade profissional e à construção e perenidade do patrimônio. Obter tal sucesso irá exigir de você mais do que conhecimentos sobre finanças ou projeções econômicas. Exigirá uma boa dose de virtudes como a paciência, a gratidão, a generosidade e a fé.

Aprenda a proteger sua carteira contra a bipolaridade do mercado

Se foi iludido pela promessa de surfar na maior onda dos investimentos, você deve estar se sentindo afogado Com a inflação galopante deprimindo o mundo, bancos centrais de diversos países precisaram aumentar os juros, enxugar o dinheiro circulante do mercado e, assim, controlar a alta dos preços. Os aumentos conjuntos nos juros dos Estados Unidos e do Brasil, vistos nesta última ‘superquarta’, são prova disso. O ritmo de alta nos juros americanos é o maior em quatro décadas, e a taxa de juros brasileira, a Selic, no intervalo de apenas um ano e meio, oscilou de 2% para 13,25%. Com esse cenário de aperto monetário, os ativos de risco ficam pressionados e passam tempos difíceis. Ações americanas e brasileiras acumulam quedas depois do rali de altas vistas no ano passado, e criptomoedas astros como o Bitcoin, estrelas e planetas, como Terra (Luna) ou Solana (Sol), derretem, contaminando todo o mercado de ativos digitais. E você, investidor, como fica diante de tamanha magnitude e catástrofes do mundo financeiro? Você que investe seu suado dinheirinho, em busca de desfrutar de mais alegrias da vida, de poder relaxar, de ter melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre presente e futuro, através da aposentadoria; se vê levando ‘caldos’ no meio de tanta turbulência. E as perdas que esse conjuntura traz não se restringem às monetárias. Danos maiores estão ligados aos impactos que isso pode causar à saúde emocional. São muitos os prejuízos que a bipolaridade do mercado financeiro, com picos de euforia e depressão, pode provocar na saúde mental. E qual é o remédio? Como estancar sangue, suor e lágrimas nos investimentos? Em termos práticos, pode-se atenuar os altos e baixos dos ciclos econômicos e do mercado, com algumas dicas simples matemáticas: procure adaptar seu padrão de vida sempre a 70% de sua renda líquida, poupe 20% e exercite doar 10% para retribuir ao próximo o que ganhou. Dos 20% poupados, guarde sempre 10% para sua aposentadoria, e, com os outros 10%, componha suas reservas de emergência, de sonhos e projetos. Independentemente de qual seja seu perfil, nunca ultrapasse a faixa de 30% em investimentos de risco. E, em ativos de alto risco e pouco histórico, como as criptomoedas, limite a 1% o montante investido (essa última prática ouvi como depoimento de alguém do mercado de ativos digitais, em relação a seus próprios investimentos). E não se alavanque mais que 30% em dívidas ou em parcelamentos no cartão. Em termos emocionais, é preciso ressignificar a dimensão que os investimentos ocupam em sua vida. Se você está depositando no mercado financeiro toda sua felicidade, esperança e sucesso, certamente irá se decepcionar. Juros servem para proteger e remunerar reservas já construídas, mas não substituem, de forma alguma, o valor do trabalho e o sentido de contribuição à sociedade que o uso de seus talentos pode trazer. Pensar que o dinheiro pode trabalhar por você é colocar em risco sua própria identidade, sua autenticidade no uso de seus potenciais, colocar em risco sua própria condição de existência de ser. Do ponto de vista econômico, dinheiro investido serve para ajudar a economia real a crescer como fonte de financiamento. No seu caso, você sempre precisará do dinheiro novo, fruto direto de seu trabalho, para alimentar o patrimônio. Os juros não farão isso por você. Mesmo que sua carteira, seu orçamento ou atitude atuais estejam distantes dessas recomendações, é possível se reorganizar olhando para a frente. Vale sempre lembrar que saúde, paz, sucesso e felicidade não moram em gráficos ou em números. Sua busca precisa passar pelo caminho do autoconhecimento, da identificação de objetivos claros, da adaptação e aceitação das situações difíceis, do olhar de cooperação e amor, e do equilibro entre valores monetários, sentimentais, humanos, morais e espirituais.

Frio e mudança climática: perigos à saúde mental e aos investimentos

O momento é favorável para falar sobre o tema, já que os impactos foram sentidos na pele nesta semana Se você está congelado de frio ao ler este artigo sabe bem o que as mídias sociais chamaram de “erupção polar histórica”. Uma conjunção de fatores climáticos provoca onda de frio intensa no País, rara para esta época do ano. Embora os efeitos das mudanças climáticas causem impacto no corpo, no bolso e inclusive na mente, muitas vezes eles são negligenciados. Outro dia, em um bate-papo descontraído de “happy hour” sobre dificuldade em relacionamentos amorosos, um amigo virou para o outro e sugeriu: “Conversa com ela sobre o aquecimento global e como cuidar do planeta”. E a resposta, seguida de uma risada, foi: “Ninguém está falando sobre isso, cara!”. Parece que o mecanismo de cuidar do planeta é semelhante ao de pedidos em restaurante da mesa grande de amigos: “Se o colega não cuida, por que eu vou cuidar?” E a conta acaba saindo cara para todos. É sabido que consequências de longo prazo são mais difíceis de serem percebidas pelas pessoas no dia a dia, e o mesmo acontece com investimentos. O momento então é favorável para falar sobre o tema, já que os impactos imediatos foram sentidos na pele nesta semana mesmo. Afinal, queremos corpo, mente e bolsos sãos, e nenhum investidor quer seu dinheiro congelado ou ver ativos derretendo. No curto prazo, geadas, chuvas congelantes e enchentes impactam diretamente as safras e os preços das commodities, aumentando a inflação e por consequência os juros. Em alguns setores, o risco climático pode ser muito significativo. No Brasil, apesar do aquecimento global ter efeito direto no setor produtivo, ainda há enorme distância dos cuidados e ações necessárias. Dada a grande dependência do PIB pela agricultura, muitos investimentos estão expostos a grandes perdas. A questão é séria e vai além da preocupação com o dinheiro. O impacto das alterações climáticas pode provocar sérios danos psicológicos. Pessoas que passaram por situações de desastres naturais como enchentes, terremotos, secas ou geadas encontram dificuldades no enfrentamento de risco, aumento do uso de álcool e, em alguns casos, transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse pós traumático. Mesmo aqueles que não vivenciaram diretamente tais situações, podem sofrer crises de ansiedade pela antecipação e preocupação com eventos climáticos extremos. A palavra “solastalgia”, criada pelo filósofo Glenn Albrecht em seu trabalho no Departamento de Estudos Ambientais da Universidade de Newcastle, na Austrália, refere-se à sensação de angústia associada a mudanças no entorno natural de um indivíduo. Pesquisa publicada pela The Lancet em 2021, aponta que no mundo três a cada quatro jovens de 16 a 25 anos projetam o futuro como “assustador”, mais de 80% acreditam que o planeta não é bem cuidado e 39% estão em dúvida sobre ter filhos pela incerteza quanto ao futuro. A mesma pesquisa aponta dados mais pessimistas no Brasil: 86% têm medo do futuro, 92% acreditam que a população negligencia o problema e 48% é hesitante sobre gerar descendentes por medo dos impactos da crise do clima. A psicologia tem se debruçado sobre o tema das mudanças climáticas globais por meio do estudo dos comportamentos humanos e sociais negativos, como a emissão de gases de efeito estufa, elevados padrões de consumo e decisões de matrizes energéticas. Ela auxilia também no enfrentamento das pessoas contra as consequências que as mudanças climáticas trazem, assim como na adaptação a elas. Com base na psicologia social e na ciência climática, um novo modelo investiga como a evolução das mudanças comportamentais humanas afeta a mudança de temperatura global e vice-versa. Na modelagem, o estudo aponta boas notícias sobre a relação entre percepção social, mudanças comportamentais e o impacto nos eventos climáticos extremos. Exemplos são a adoção de painéis solares e investimentos em transportes públicos, reduzindo a probabilidade da projeção do aumento da temperatura global em até 1,5°C para 2100. A combinação no modelo de projeções climáticas com processos sociais prevê uma variação de temperatura global de 3,4 a 6,2°C até 2100, comparada com 4,9°C do modelo climático sozinho. Portanto, se você investidor já percebeu que o cobertor está curto, pode fazer a diferença incorporando em suas atitudes rotineiras e decisões de investimentos o cuidado com o meio ambiente e a preservação do planeta, intimamente ligados à sua saúde física, mental e financeira.

Quer melhorar o que vê no extrato? Olhe para dentro de você

Um dos fundamentos principais de uma vida financeira equilibrada está na organização e na disciplina Se a casa é o lugar onde você habita, assim como seu próprio corpo, cabe dizer que a organização de sua casa reflete sua organização interior? Em um polêmico post que lancei nas redes sociais com essa pergunta, entre os milhares de comentários recebidos, há diversos depoimentos sobre sentir-se mais organizada(o) nos pensamentos após uma boa arrumação da casa. Há também narrativas sobre a obsessão em deixar a casa arrumada como reflexo da desorganização dos sentimentos. E, para as finanças, vale a mesma afirmação? Sim. Um dos fundamentos principais de uma vida financeira equilibrada está na organização e na disciplina. Não é à toa que pedimos às crianças em aulas de educação financeira no Ensino Infantil que elas organizem o material escolar. Organizamos objetos em gavetas, em prateleiras e em armários, assim como devemos fazer o mesmo com o dinheiro: em categorias, centro de custos, em orçamento, em tipos de reservas e em estratégias de investimentos. A vida financeira reflete a organização interior e vice-versa. Do ponto de vista psicológico, dizemos que os pensamentos estão desorganizados quando perguntas e respostas estão parciais ou completamente não relacionadas, desconectadas com a realidade ou quando as noções de tempo e espaço se perdem. Por isso também trabalhamos com as crianças a compreensão da organização pessoal, através dos hábitos cotidianos e do treinamento do tempo por meio da espera. Organizamos, desde o berço, o tempo de dormir e a espera dos intervalos de mamada como treinamento da paciência. Adultos que sabem esperar estão aptos a serem bons investidores. Conseguem economizar e ter paciência para comprar à vista, em vez da antecipação por meio de dívidas e parcelamentos. Desenvolvem a sensibilidade e o compromisso com o longo prazo, pois sabem que é possível alcançar todos os objetivos, mesmo que pareçam difíceis imediatamente. Dessa forma, são menos impulsivos em suas decisões financeiras. Há uma correlação entre organização do espaço, dos pensamentos, das emoções, do tempo e do dinheiro. Estes dois últimos quesitos, aliás, estão extremamente ligados e matematicamente unidos através do cálculo dos juros. Então, se você quer ter uma vida financeira melhor, comece pela organização! Dê um primeiro passo e olhe com cuidado seu extrato e seus gastos no cartão. Comece a organizá-los por categorias, em uma tabela, para enxergar com mais clareza suas despesas. Se houver dívidas, faça uma lista com prazos, instituições, parcelas, e com os juros embutidos nelas. Em relação aos seus investimentos, organize sua carteira. Liste em uma tabela seus ativos, títulos, ações, fundos em termos dos prazos de vencimento, liquidez, risco e retorno. Organize seus vencimentos em três blocos: curto prazo, formando a reserva de emergência com alta liquidez e risco baixo; médio prazo e média liquidez, para compor a reserva de sonhos e projetos; e longo prazo, que pode ter baixa liquidez, para formar a reserva da aposentadoria. E, principalmente, organize seus sonhos em objetivos atingíveis no tempo. Fazer a lista daquilo que você quer realizar em sua vida, em ordem de prioridade, é um primeiro pequeno passo na direção de grandes realizações. Heidegger, filósofo alemão e inspirador de importante abordagem da psicologia, estabeleceu em sua obra um paralelo entre o Ser, seu Habitar e sua Organização Interior. Somos aquilo que habitamos, e somente conseguimos habitar naquilo que realmente queremos ser e construir. Busque organizar sua habitação com equilíbrio, em todos os sentidos que ela possa ter! Organize seu corpo, sua mente, sua casa, seu tempo, seus projetos, sua vida financeira. Como estão intimamente ligados, não importa por onde você comece. O importante é construir esse caminho. Cora Coralina, querida poeta brasileira, já dizia: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”.

Metaverso: decifre-o ou seja devorado por ele

Quais podem ser as implicações psicológicas do Metaverso? Nós, humanos, temos a capacidade extraordinária de interpretar fatos e estímulos do mundo, atribuir significados e registrar experiências vividas na memória. Temos também a incrível habilidade de projetar cenários em nossas mentes, através de simulações. Simulações mentais fazem parte da rotina do nosso dia a dia, quando planejamos atividades, organizamos decisões de curto, médio e longo prazo e visualizamos o futuro. Tudo isso sem sair do lugar. Para haver simulação mental é necessário usar a imaginação e ter foco na autoconsciência, ou seja, usar concentração e atenção nos pensamentos e eventos na mente. Os ensaios mentais são práticas tão valiosas que são considerados divisores de águas para que um atleta atinja a alta performance. Por meio de treino mental, pode-se efetuar mudanças no  comportamento e auxiliar o processo de aprendizagem. Um atleta pode pensar, imaginar eventos e treinar habilidades sem qualquer ação de movimento real. Por outro lado, a simulação mental, que é tão preciosa para tomada de decisões e resolução de  problemas, pode se tornar desadaptativa e prejudicial se for praticada de maneira ansiosa com distorções da realidade. Ficar preso a pensamentos ruminativos e distorcidos pode gerar intenso sofrimento. Em uma linha tênue do uso ruminativo e disfuncional das simulações mentais está a alucinação, que ocorre quando o indivíduo identifica algo que não existe como parte da realidade por meio de distorção de percepção. Durante um episódio de alucinação, a pessoa que sofre desse transtorno psicológico vivência como reais fatos totalmente impossíveis e chega a ouvir vozes, ver objetos, sentir  gostos, cheiros inexistentes e ter sensações táteis. E como fica o Metaverso nisso tudo? Se, atualmente, as redes sociais funcionam como veículos para o ambiente virtual, no Metaverso haverá muito mais imersão. Ao colocar os óculos de realidade virtual, equipados com fones de ouvido e sensores, indivíduos mergulharão em um mundo fictício, de realidade aumentada, onde os órgãos dos sentidos serão intensamente estimulados por meios audiovisuais, sensoriais, por imagens, objetos e avatares holográficos tridimensionais. Em termos psicológicos, o Metaverso representará profundas experiências de simulações mentais, que poderão impactar no registro afetivo de memórias, no desenvolvimento de comportamentos, nas interações sociais e na construção de percepções da realidade. Ao mesmo tempo em que o Metaverso poderá ajudar nos processos de aprendizagem e de mudança  comportamental positiva, poderá conduzir a situações de distorções do contato humano com a realidade. Os pontos de atenção da nova tecnologia estão na captura da mente, do foco atencional para uma simulação manipulada e não escolhida, além da intensidade em que tudo isso poderá acontecer. Imaginar e fantasiar são fundamentais desde a infância, para ampliar a visão de mundo e ter contato com sentimentos e emoções. Mas, para que isso ocorra de forma saudável, é necessário a liberdade de fazê-lo junto com a troca social das interações humanas que mediam e estabelecem uma negociação e limites entre a visão interna e a existência do outro. Skinner, importante psicólogo norte-americano, dizia que é impossível libertar-se do controle que o ambiente externo exerce sobre você, mas que o autoconhecimento pode permitir que você faça escolhas pelos melhores ambientes e situações nas quais você se coloca e, assim, conseguir atingir a liberdade de controlar aquilo que te controla e obter melhor qualidade de vida. Sendo assim, através do Metaverso, abre-se à nossa frente mais uma tecnologia disruptiva que irá exigir de nós humanos uma capacidade ampliada de autoconhecimento e autocontrole. “Decifra-me ou te devoro” já fazia parte do desafio da Esfinge de Tebas, na mitologia grega.