Entenda por que as carreiras do futuro serão caleidoscópicas

As diversas habilidades de um profissional poderão ser fundamentais para a conquista de novas oportunidades Houve um tempo, na Idade Média, em que a tradição familiar do ofício, passada de pai para filho (e não para filhas), era tão forte que os sobrenomes tinham origem nas profissões: os Baker eram da família de padeiros; os pastores de ovelhas eram os Shepherd e Carneiros; Ferrari, os ferreiros; Schumacher e Zapatero, os sapateiros, entre outros. Aliás, os Lombardos, Lombardis, eram os banqueiros, cambistas mercadores, ou seja, os investidores. Escolhas profissionais são carregadas de símbolos e significados construídos a partir do grupo social de origem. Por isso pais — e felizmente, cada vez mais, também mães e mulheres — têm a oportunidade de serem exemplos de vida profissional e influenciar seus filhos. Mas como se dará a referência da escolha profissional, de agora em diante, se nem os próprios pais sabem se suas profissões irão desaparecer nos próximos anos? Uma pessoa que começa a vida profissional hoje provavelmente não irá se aposentar na mesma atividade. Mudará muitas vezes de trajetória ao longo de sua vida. Inclusive há forte tendência do crescimento dos profissionais slashs (atividades separadas por barras), nome dado aos profissionais que exercem várias atividades simultâneas. O exemplo disso está presente nas redes sociais profissionais em descrições como historiador/professor/escritor/palestrante. Se por um lado, para um jovem, é tranquilizante saber que a escolha de uma faculdade não é mais uma definição eterna do que ele será quando crescer, por outro o grau de incerteza do mercado de trabalho e a quantidade de opções presentes e futuras —ou a ausência delas — aumentam drasticamente a ansiedade. Outrora o emprego estruturava a sociedade, mas falar de desemprego ou informalidade está perdendo o sentido diante das mudanças nas relações de contrato de trabalho, com o movimento autônomo, empreendedor e até mesmo iniciativas daqueles que não querem mais trabalhar, como visto recentemente nos Estados Unidos e no movimento social Tang Ping, na China, contra o trabalho duro e excessivo. A carreira linear está se transformando em carreira caleidoscópica. Assim como um caleidoscópio, formado de componentes coloridos, a depender do ângulo da luz, reflete variadas imagens através de seus espelhos, que resultam em magníficas combinações visuais. Uma carreira caleidoscópica pode usar múltiplas habilidades e conhecimentos e refletir distintas contribuições para a sociedade em diferentes momentos, a depender da maré, de onde sopra o vento e da situação do mercado em cada fase da vida. O modelo conhecido como carreira caleidoscópica estuda como os indivíduos desenham suas carreiras segundo três parâmetros: crescimento, balanço e autenticidade, que podem se alternar em diferentes momentos. Um jovem pode priorizar o crescimento financeiro ou intelectual no início de sua vida profissional, mas em determinada altura da vida muito provavelmente vai buscar mais equilíbrio entre os diferentes papeis sociais, como o cuidado com a família ou decidir mudar de rumo guiado pela autenticidade. As decisões serão mais ligado aos valores pessoais, ao propósito e senso de contribuição, do que na tarefa em si ou na remuneração. Dificilmente será possível ter os três parâmetros simultaneamente, mas é perfeitamente possível desfrutar de todos eles – crescimento, balanço e autenticidade – distribuídos ao longo da vida. Por isso é tão importante fazer um planejamento da vida profissional juntamente com o planejamento financeiro que poderão dar tranquilidade às escolhas de cada etapa. Fundamental também é buscar autoconhecimento para ser capaz de valorizar o melhor a ser extraído a cada faixa etária e a cada momento de vida. Autoconhecimento e planejamento juntos podem ajudar em sua autoestima, no aperfeiçoamento de seus potenciais e tornar possível brilhar os componentes coloridos de sua carreira caleidoscópica da melhor maneira a se adaptar aos diferentes ângulos de luz apresentados ao longo da vida. Fazendo isso, o resultado desta combinação será certamente de lindas imagens no caleidoscópio da sua trajetória profissional.

Frio e mudança climática: perigos à saúde mental e aos investimentos

O momento é favorável para falar sobre o tema, já que os impactos foram sentidos na pele nesta semana Se você está congelado de frio ao ler este artigo sabe bem o que as mídias sociais chamaram de “erupção polar histórica”. Uma conjunção de fatores climáticos provoca onda de frio intensa no País, rara para esta época do ano. Embora os efeitos das mudanças climáticas causem impacto no corpo, no bolso e inclusive na mente, muitas vezes eles são negligenciados. Outro dia, em um bate-papo descontraído de “happy hour” sobre dificuldade em relacionamentos amorosos, um amigo virou para o outro e sugeriu: “Conversa com ela sobre o aquecimento global e como cuidar do planeta”. E a resposta, seguida de uma risada, foi: “Ninguém está falando sobre isso, cara!”. Parece que o mecanismo de cuidar do planeta é semelhante ao de pedidos em restaurante da mesa grande de amigos: “Se o colega não cuida, por que eu vou cuidar?” E a conta acaba saindo cara para todos. É sabido que consequências de longo prazo são mais difíceis de serem percebidas pelas pessoas no dia a dia, e o mesmo acontece com investimentos. O momento então é favorável para falar sobre o tema, já que os impactos imediatos foram sentidos na pele nesta semana mesmo. Afinal, queremos corpo, mente e bolsos sãos, e nenhum investidor quer seu dinheiro congelado ou ver ativos derretendo. No curto prazo, geadas, chuvas congelantes e enchentes impactam diretamente as safras e os preços das commodities, aumentando a inflação e por consequência os juros. Em alguns setores, o risco climático pode ser muito significativo. No Brasil, apesar do aquecimento global ter efeito direto no setor produtivo, ainda há enorme distância dos cuidados e ações necessárias. Dada a grande dependência do PIB pela agricultura, muitos investimentos estão expostos a grandes perdas. A questão é séria e vai além da preocupação com o dinheiro. O impacto das alterações climáticas pode provocar sérios danos psicológicos. Pessoas que passaram por situações de desastres naturais como enchentes, terremotos, secas ou geadas encontram dificuldades no enfrentamento de risco, aumento do uso de álcool e, em alguns casos, transtornos mentais como depressão, ansiedade e estresse pós traumático. Mesmo aqueles que não vivenciaram diretamente tais situações, podem sofrer crises de ansiedade pela antecipação e preocupação com eventos climáticos extremos. A palavra “solastalgia”, criada pelo filósofo Glenn Albrecht em seu trabalho no Departamento de Estudos Ambientais da Universidade de Newcastle, na Austrália, refere-se à sensação de angústia associada a mudanças no entorno natural de um indivíduo. Pesquisa publicada pela The Lancet em 2021, aponta que no mundo três a cada quatro jovens de 16 a 25 anos projetam o futuro como “assustador”, mais de 80% acreditam que o planeta não é bem cuidado e 39% estão em dúvida sobre ter filhos pela incerteza quanto ao futuro. A mesma pesquisa aponta dados mais pessimistas no Brasil: 86% têm medo do futuro, 92% acreditam que a população negligencia o problema e 48% é hesitante sobre gerar descendentes por medo dos impactos da crise do clima. A psicologia tem se debruçado sobre o tema das mudanças climáticas globais por meio do estudo dos comportamentos humanos e sociais negativos, como a emissão de gases de efeito estufa, elevados padrões de consumo e decisões de matrizes energéticas. Ela auxilia também no enfrentamento das pessoas contra as consequências que as mudanças climáticas trazem, assim como na adaptação a elas. Com base na psicologia social e na ciência climática, um novo modelo investiga como a evolução das mudanças comportamentais humanas afeta a mudança de temperatura global e vice-versa. Na modelagem, o estudo aponta boas notícias sobre a relação entre percepção social, mudanças comportamentais e o impacto nos eventos climáticos extremos. Exemplos são a adoção de painéis solares e investimentos em transportes públicos, reduzindo a probabilidade da projeção do aumento da temperatura global em até 1,5°C para 2100. A combinação no modelo de projeções climáticas com processos sociais prevê uma variação de temperatura global de 3,4 a 6,2°C até 2100, comparada com 4,9°C do modelo climático sozinho. Portanto, se você investidor já percebeu que o cobertor está curto, pode fazer a diferença incorporando em suas atitudes rotineiras e decisões de investimentos o cuidado com o meio ambiente e a preservação do planeta, intimamente ligados à sua saúde física, mental e financeira.

Quer melhorar o que vê no extrato? Olhe para dentro de você

Um dos fundamentos principais de uma vida financeira equilibrada está na organização e na disciplina Se a casa é o lugar onde você habita, assim como seu próprio corpo, cabe dizer que a organização de sua casa reflete sua organização interior? Em um polêmico post que lancei nas redes sociais com essa pergunta, entre os milhares de comentários recebidos, há diversos depoimentos sobre sentir-se mais organizada(o) nos pensamentos após uma boa arrumação da casa. Há também narrativas sobre a obsessão em deixar a casa arrumada como reflexo da desorganização dos sentimentos. E, para as finanças, vale a mesma afirmação? Sim. Um dos fundamentos principais de uma vida financeira equilibrada está na organização e na disciplina. Não é à toa que pedimos às crianças em aulas de educação financeira no Ensino Infantil que elas organizem o material escolar. Organizamos objetos em gavetas, em prateleiras e em armários, assim como devemos fazer o mesmo com o dinheiro: em categorias, centro de custos, em orçamento, em tipos de reservas e em estratégias de investimentos. A vida financeira reflete a organização interior e vice-versa. Do ponto de vista psicológico, dizemos que os pensamentos estão desorganizados quando perguntas e respostas estão parciais ou completamente não relacionadas, desconectadas com a realidade ou quando as noções de tempo e espaço se perdem. Por isso também trabalhamos com as crianças a compreensão da organização pessoal, através dos hábitos cotidianos e do treinamento do tempo por meio da espera. Organizamos, desde o berço, o tempo de dormir e a espera dos intervalos de mamada como treinamento da paciência. Adultos que sabem esperar estão aptos a serem bons investidores. Conseguem economizar e ter paciência para comprar à vista, em vez da antecipação por meio de dívidas e parcelamentos. Desenvolvem a sensibilidade e o compromisso com o longo prazo, pois sabem que é possível alcançar todos os objetivos, mesmo que pareçam difíceis imediatamente. Dessa forma, são menos impulsivos em suas decisões financeiras. Há uma correlação entre organização do espaço, dos pensamentos, das emoções, do tempo e do dinheiro. Estes dois últimos quesitos, aliás, estão extremamente ligados e matematicamente unidos através do cálculo dos juros. Então, se você quer ter uma vida financeira melhor, comece pela organização! Dê um primeiro passo e olhe com cuidado seu extrato e seus gastos no cartão. Comece a organizá-los por categorias, em uma tabela, para enxergar com mais clareza suas despesas. Se houver dívidas, faça uma lista com prazos, instituições, parcelas, e com os juros embutidos nelas. Em relação aos seus investimentos, organize sua carteira. Liste em uma tabela seus ativos, títulos, ações, fundos em termos dos prazos de vencimento, liquidez, risco e retorno. Organize seus vencimentos em três blocos: curto prazo, formando a reserva de emergência com alta liquidez e risco baixo; médio prazo e média liquidez, para compor a reserva de sonhos e projetos; e longo prazo, que pode ter baixa liquidez, para formar a reserva da aposentadoria. E, principalmente, organize seus sonhos em objetivos atingíveis no tempo. Fazer a lista daquilo que você quer realizar em sua vida, em ordem de prioridade, é um primeiro pequeno passo na direção de grandes realizações. Heidegger, filósofo alemão e inspirador de importante abordagem da psicologia, estabeleceu em sua obra um paralelo entre o Ser, seu Habitar e sua Organização Interior. Somos aquilo que habitamos, e somente conseguimos habitar naquilo que realmente queremos ser e construir. Busque organizar sua habitação com equilíbrio, em todos os sentidos que ela possa ter! Organize seu corpo, sua mente, sua casa, seu tempo, seus projetos, sua vida financeira. Como estão intimamente ligados, não importa por onde você comece. O importante é construir esse caminho. Cora Coralina, querida poeta brasileira, já dizia: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”.

Investidor deve olhar para a frente, mas para os lados também

Se você está se esforçando e fazendo sua parte, por que os resultados não aparecem? Você já se deparou com uma situação em que navega, navega, mas não consegue sair do lugar? Seja na sua empresa, como executivo, colaborador e empreendedor, ou como autônomo ou mesmo na sua vida pessoal, você fica exaustivamente lutando contra a maré, mas não vê os resultados? Se você está se esforçando, fazendo sua parte, por que não funciona? A resposta é simples: não existe somente sua parte, o que acontece ao seu redor é a outra grande parte! Do ponto de vista psicológico, qualquer ação humana e comportamento é sempre conectado ao meio, aos estímulos, reforçadores que o indivíduo recebe, ao contexto sócio-histórico-cultural. Na vida financeira, isso significa que a sua história, a influência de valores, hábitos e crenças familiares impactam diretamente em seu modo de agir e de se relacionar com o dinheiro. Em termos macroeconômicos, significa que suas ações individuais, como investidor, ou suas ações empresariais, por melhores que sejam, serão influenciadas diretamente por variáveis do mercado como inflação, taxa de juros e cenário internacional. Embora pareça óbvio, isso significa que o autoconhecimento, desenvolvimento técnico, inovação, boa gestão e governança, aprendizagem, dedicação e esforço são muito necessários, mas não serão suficientes. Na matemática, a desigualdade é expressa através da relação entre dois elementos, em que um é maior e outro, menor. A complexidade do cenário brasileiro de desigualdades de renda, educacional, de gênero, de raça e de situações de vulnerabilidade familiar e social, são acentuadas a cada dia pela desigualdade digital e injustiça da desigualdade ambiental, que elevam o número de pessoas em situação de pobreza e a concentração de riqueza em uma minoria. No Brasil, segundo relatório da Riqueza Global publicado pelo Banco Credit Suisse em 2021, 1% da população mais rica concentra 50% da riqueza do país, o que coloca o País como segundo país de maior desigualdade econômica entre os pesquisados, ficando atrás apenas da Rússia. Embora exista a minoria que detém a maior parte da riqueza, ninguém é privilegiado, porque todos saem perdendo. A desigualdade acentua a culpa, o medo, a violência, a insegurança e a polarização. Gera distorções no mercado e tensões que culminam em desfechos e rupturas nas relações sociais. O mercado financeiro e a concentração A adesão do mercado financeiro ao conceito ESG vem estimulando a alocação de recursos nas boas práticas sociais, ambientais e de governança nas empresas, o que promove diversas ações individuais corporativas quanto à diversidade, inclusão, cuidados com o meio ambiente e com a ética. Mas isso, por si só, não é suficiente para garantir o desenvolvimento sustentável brasileiro e o equilíbrio econômico social no país. Há inclusive concentrações de geração de caixa dentro do próprio mercado por meio de desigualdades empresariais tributárias e de acesso ao crédito. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) atua na defesa da concorrência, para evitar monopólios, oligopólios, a concentração de um determinado grupo econômico em um mesmo mercado. Mas em que instância há o olhar pela concentração econômica de um mesmo acionista, ou grupo econômico, no acúmulo da liderança em diferentes mercados simultaneamente? É razoável que um mesmo acionista seja detentor da liderança por exemplo de segmentos industriais, serviços e financeiros simultaneamente? Nesse sentido há lacunas ainda pelo olhar da concentração de grupos investidores em mercados distintos. O todo é maior que a soma das partes Se navegar contra a correnteza muitas vezes não faz chegar aos objetivos desejados, e se iniciativas ESG empresariais pontuais não garantem o desenvolvimento sustentável na nossa sociedade, é necessário unir forças, através da atuação coletiva e política. Uma pessoa sozinha, em situação desigual, pode enfrentar dificuldades impeditivas, mas poderá se fortalecer através de uma rede de apoio. Do mesmo modo que grupos sociais e empresariais podem atuar coletiva e politicamente através de uma ferramenta chamada Advocacy. O termo, que vem do latim Advocare, significa ajudar alguém que está em necessidade. Advocacy tem por objetivo influenciar na formulação e implementação de políticas públicas para a defesa de causas que favoreçam a população. Ações individuais como empreendedor, empresário, colaborador ou na vida pessoal podem não levar isoladamente ao resultado esperado, mas coletivamente é possível mudar o cenário socioambiental e mudar a história. Discussões isoladas, polarizadas ou mesmo o voto individual nas urnas isoladamente podem não trazer as transformações esperadas, mas ações coletivas, proativas, organizadas podem mudar o rumo do crescimento do país. É mais que necessária a aproximação dos cidadãos da política. A aproximação do mercado financeiro e privado do setor público, de forma organizada e institucional tem de ir além do interesse específicos dos negócios. O trabalho conjunto público-privado pode contribuir na identificação efetiva das necessidades existentes na sociedade, sugerir melhores soluções e criar um ambiente que favoreça tanto os resultados individuais como o bem-estar e equilíbrio coletivos. O ser humano é um ser social e político. Em vez do distanciamento empresarial da política, ou de uma atuação enviesada por interesses particulares, em vez de discussões superficiais e polarizadas que só causam rupturas, é momento de uma atuação ética, coletiva e organizada dos setores público-privado para o bem social, com visão de longo prazo e da sustentabilidade em seu aspecto mais amplo. Aqui vale a premissa de que a união faz a força!

“No Ritmo do Coração” ensina investidores e faz ESG ganhar o Oscar

O filme vencedor do Oscar 2022 teve um orçamento de US$ 10 milhões e dá um show sobre ESG Eu poderia começar este texto falando da estratégia financeira da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) – responsável por produzir anualmente o Oscar – com sua carteira de investimentos em ativos líquidos da ordem de US$ 790 milhões. Ou falar dos retornos financeiros do filme vencedor em 2022, que teve um orçamento de US$ 10 milhões e vendeu seus direitos à Apple TV em um leilão por US$ 25 milhões, somados ainda ao faturamento da bilheteria dos cinemas. O longa-metragem ganhador “No Ritmo do Coração” – ou em inglês “CODA”, do acrônimo Child of Deaf Adults (filho de adultos surdos) – ao retratar a história de Ruby (Emilia Jones), a única da família sem deficiência auditiva, faz um convite à reflexão do que realmente é saber ouvir. Há muitos temas relevantes financeiros tratados na obra áudiovisual, como o dilema central da escolha da carreira da menina, que, entre as difíceis opções que se apresentam, coloca em xeque os valores dos diversos personagens, assim como os nossos próprios valores pessoais. Sian Heder, cineasta, roteirista e mulher, dá um show ESG – sigla do mercado financeiro que significa Espaço (Meio Ambiente), Social e Governança – ao convidar o espectador a colocar-se no lugar dos personagens, a sentir o que cada um está sentindo, a buscar entender a linguagem do outro e a vivenciar a mesma situação de diversas maneiras. Entre as muitas letras lindas das músicas do filme, Ruby, ao cantar a mensagem com sua voz e seus gestos em libras, diz “olhei o amor dos dois lados: de amar e ser amado, e descobri não saber nada sobre o amor” fala sobre o amor, fala sobre relações humanas, fala sobre ESG. Não seria ESG o mesmo que empatia e cuidado? O mesmo que amar e ser amado? A sigla ESG é uma tradução de compromisso com os laços e a ética nas relações sociais, com os direitos humanos, com a longevidade, sustentabilidade, com o cuidado tanto do presente como do futuro de nosso planeta, para garantir nossa existência como humanidade, em um amplo espectro, tanto no curto e como no longo prazo. O filme coloca holofote sobre crises econômicas familiares, sobre o enfrentamento para a subsistência financeira de deficientes físicos, sobre conflitos em escolhas profissionais, sobre modelos de capitalismo exploratório ou colaborativo – ao retratar a proposta de cooperativa de pescadores; mas traz mesmo o olhar de que precisamos ser uma sociedade inclusiva e plural que sabe ouvir, cooperar, cuidar e amar. Ter diversidade traz retorno financeiro? Ter mulheres na liderança traz resultados, mais faturamento e lucro? São perguntas frequentemente feitas, já comprovadas e respondidas positivamente por diversas pesquisas e estudos, mas que intuitivamente podem ser visualizadas. A diversidade reflete a sabedoria de diferentes olhares e aumenta o grau de inovação e de satisfação com clientes. Cuidar do próximo, do planeta, da ética, da justiça, da própria saúde integral, ter respeito e propósito são condições estruturais para resultados financeiros consistentes e duradouros. Por isso, caro leitor, faço aqui um convite a, não só assistir ao filme maravilhoso vencedor do Oscar, como a pensar sua vida financeira e assumir uma atitude frente a suas escolhas no melhor estilo ESG de no “Ritmo do Coração”.

Carreira: como ser feliz e ganhar dinheiro ao mesmo tempo

O medo é um dos motivos mais citados pelos jovens para abdicarem das suas motivações O dilema entre trabalhar em algo que se deseja fazer, ou aceitar o que aparece, é complexo e pode gerar grande ansiedade e estresse. É mencionado, com bastante frequência, em atendimentos psicológicos de orientação profissional e gestão de carreira, como fonte de frustração. Uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), realizada antes da pandemia, mostra que quase metade dos jovens trabalhava fora da sua área de formação. Em outra pesquisa, feita pelo aplicativo Monkey Survey, 64% dos brasileiros entrevistados disseram que gostariam de fazer algo diferente em suas carreiras. Já no início da vida profissional, a depender do contexto familiar, das questões financeiras circunstanciais, do conhecimento sobre o mercado de trabalho e inclusive do seu próprio autoconhecimento, não é raro o jovem renunciar as suas motivações para acomodar, de forma mais rápida e possível, necessidades imediatas. Entre os motivos mais citados para abdicar de suas preferências, estão os medos de não ser capaz de passar no vestibular, de não ser suficientemente bom para determinadas atividades; a necessidade imediata de dinheiro ou a falta dele para bancar uma escolha; a percepção de baixa remuneração ou poucas oportunidades de trabalho em determinados nichos de atuação desejados; não enxergar possibilidade de equilíbrio entre vida profissional e pessoal nas carreiras almejadas. E o comportamento de fuga, que começa no início da carreira perante a escolha do curso de graduação, repete-se sequencialmente nas próximas fases de vida. Se o dinheiro ou a sensação de incapacidade foram as forças motrizes para a primeira escolha imediata e indesejada, a pessoa seguirá mantendo o padrão de infelicidade ao longo das próximas escolhas de carreira, quer seja por aversão à perda do status social e financeiro alcançados ou por não ter adquirido reservas suficientes para uma mudança. Essa sequência iniciada na juventude perpetua-se pela fase adulta até o momento da aposentadoria. Frases como sou “jovem demais”, ou “velho demais”, “não tenho dinheiro, capacidade ou conhecimentos suficientes” e “não há oportunidades disponíveis” viram narrativas para explicar para si e para outros uma trajetória profissional infeliz. Como boa notícia trago aqui algumas reflexões que facilitam mudar esse cenário e sair do caminho da frustração: Se você está se vendo amarrado ao mecanismo de fuga de aspirações por medo; se está preso à cilada das decisões imediatas e de curto prazo; se dinheiro, conhecimento, idade ou mesmo vagas indisponíveis apresentaram-se até agora como barreiras impeditivas para uma vida profissional de realização, cito como inspiração o exemplo de Cora Coralina, renomada poetiza brasileira, que publicou o primeiro livro somente aos 75 anos e deixou a seguinte frase como seu lema de vida: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”.

Mamãe Falei: por que sexo e dinheiro muitas vezes andam juntos

Declarações sexistas enfatizam exacerbação disfuncional sobre o uso do poder relativo ao dinheiro e ao sexo Na visão de Freud, “as questões de dinheiro são tratadas da mesma maneira que as questões sexuais: com a mesma incoerência, pudor e hipocrisia”. Freud, fundador da psicanálise, em sua última longa entrevista, declarou: “Quando alguém percebe o egoísmo por trás de toda conduta humana, não sente o menor desejo de renascer”. Acredito que a maioria de nós sentiu o mesmo dissabor de Freud frente ao comportamento desumano revelado pelas declarações do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), conhecido como Mamãe Falei. Em áudio compartilhado com um grupo de amigos, ele disse que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres” e que, então, “cidades mais pobres são as melhores”. Na visão de Freud, “as questões de dinheiro são tratadas da mesma maneira que as questões sexuais: com a mesma incoerência, pudor e hipocrisia”. Por que sexo e dinheiro muitas vezes andam juntos? Em um estudo sobre a escala de atitudes frente ao dinheiro, Yamauchi e Templer encontraram três pilares simbólicos na relação humana com o dinheiro: poder, prazer e segurança. Repare que as mesmas simbologias também podem ser  atribuídas às pulsões sexuais. Poder, prazer e segurança são atributos humanos positivos quando usados para o empoderamento, felicidade, preservação e proteção da espécie. São positivos quando envolvem olhar empático com outros indivíduos >perante  seus sentimentos, com respeito à dignidade da condição humana. Declarações sexistas, como as do deputado, fundamentadas na discriminação de gênero de uma pessoa, lançam ao extremo da exacerbação disfuncional sobre o uso do poder relativo ao dinheiro e ao sexo. Toda vulnerabilidade de condição de pobreza, ampliada pelo trágico cenário de guerra, foi retratada de maneira exploratória e humilhante ao se referir de forma indigna às mulheres ucranianas. Não é à toa que no mês de março comemora-se o Dia Internacional da  Mulher, data significativa para a reparação histórica da dominação masculina predominante na maioria das culturas. Manifestações hostis de sexismo como as de Arthur do Val foram usadas de forma ideológica e agressiva para estabelecer dominação e subjugação feminina. Mas é preciso ter atenção também às manifestações benevolentes e disfarçadas de sexismo e controle coercitivo. Um exemplo disso é a fala sequencial do deputado, justificando seu ato pelo contexto no qual foi gravado o áudio. Muitas vezes atitudes aparentemente gentis, educadas e revestidas de pseudorromantismo podem alimentar a dependência econômica e psicológica, característica de controle coercitivos de relacionamentos abusivos. Mamãe Falei acredita ser socialmente aceito referir-se às mulheres de forma depreciativa e desumana em um grupo privado de amigos e ter outro comportamento distinto em sua fala pública. Em sua crença, é percebida a ausência da sensibilidade ao sofrimento de seus semelhantes, em situação tão trágica como a guerra que estamos vendo, e ausência da percepção de que sua fala alimenta a desigualdade de gênero, algo que a sociedade atual clama pelo fim. O erro de Mamãe Falei – aliás, o próprio pseudônimo de Arthur do Val já pode estar passando a mensagem equivocada – pode servir de exemplo para cada um de nós. Mais uma oportunidade para analisar as nossas próprias crenças e comportamentos e para fazer uma autoavaliação de quais as atitudes frente ao dinheiro e ao próximo podemos mudar.

Metaverso: decifre-o ou seja devorado por ele

Quais podem ser as implicações psicológicas do Metaverso? Nós, humanos, temos a capacidade extraordinária de interpretar fatos e estímulos do mundo, atribuir significados e registrar experiências vividas na memória. Temos também a incrível habilidade de projetar cenários em nossas mentes, através de simulações. Simulações mentais fazem parte da rotina do nosso dia a dia, quando planejamos atividades, organizamos decisões de curto, médio e longo prazo e visualizamos o futuro. Tudo isso sem sair do lugar. Para haver simulação mental é necessário usar a imaginação e ter foco na autoconsciência, ou seja, usar concentração e atenção nos pensamentos e eventos na mente. Os ensaios mentais são práticas tão valiosas que são considerados divisores de águas para que um atleta atinja a alta performance. Por meio de treino mental, pode-se efetuar mudanças no  comportamento e auxiliar o processo de aprendizagem. Um atleta pode pensar, imaginar eventos e treinar habilidades sem qualquer ação de movimento real. Por outro lado, a simulação mental, que é tão preciosa para tomada de decisões e resolução de  problemas, pode se tornar desadaptativa e prejudicial se for praticada de maneira ansiosa com distorções da realidade. Ficar preso a pensamentos ruminativos e distorcidos pode gerar intenso sofrimento. Em uma linha tênue do uso ruminativo e disfuncional das simulações mentais está a alucinação, que ocorre quando o indivíduo identifica algo que não existe como parte da realidade por meio de distorção de percepção. Durante um episódio de alucinação, a pessoa que sofre desse transtorno psicológico vivência como reais fatos totalmente impossíveis e chega a ouvir vozes, ver objetos, sentir  gostos, cheiros inexistentes e ter sensações táteis. E como fica o Metaverso nisso tudo? Se, atualmente, as redes sociais funcionam como veículos para o ambiente virtual, no Metaverso haverá muito mais imersão. Ao colocar os óculos de realidade virtual, equipados com fones de ouvido e sensores, indivíduos mergulharão em um mundo fictício, de realidade aumentada, onde os órgãos dos sentidos serão intensamente estimulados por meios audiovisuais, sensoriais, por imagens, objetos e avatares holográficos tridimensionais. Em termos psicológicos, o Metaverso representará profundas experiências de simulações mentais, que poderão impactar no registro afetivo de memórias, no desenvolvimento de comportamentos, nas interações sociais e na construção de percepções da realidade. Ao mesmo tempo em que o Metaverso poderá ajudar nos processos de aprendizagem e de mudança  comportamental positiva, poderá conduzir a situações de distorções do contato humano com a realidade. Os pontos de atenção da nova tecnologia estão na captura da mente, do foco atencional para uma simulação manipulada e não escolhida, além da intensidade em que tudo isso poderá acontecer. Imaginar e fantasiar são fundamentais desde a infância, para ampliar a visão de mundo e ter contato com sentimentos e emoções. Mas, para que isso ocorra de forma saudável, é necessário a liberdade de fazê-lo junto com a troca social das interações humanas que mediam e estabelecem uma negociação e limites entre a visão interna e a existência do outro. Skinner, importante psicólogo norte-americano, dizia que é impossível libertar-se do controle que o ambiente externo exerce sobre você, mas que o autoconhecimento pode permitir que você faça escolhas pelos melhores ambientes e situações nas quais você se coloca e, assim, conseguir atingir a liberdade de controlar aquilo que te controla e obter melhor qualidade de vida. Sendo assim, através do Metaverso, abre-se à nossa frente mais uma tecnologia disruptiva que irá exigir de nós humanos uma capacidade ampliada de autoconhecimento e autocontrole. “Decifra-me ou te devoro” já fazia parte do desafio da Esfinge de Tebas, na mitologia grega.

Amor e dinheiro podem viver em harmonia

O que é preciso para construir uma aliança financeira no seu relacionamento O dia 14 de fevereiro é conhecido como o dia mais romântico do mundo, como a data internacional do amor. O Valentine’s Day, ou Dia de São Valentim, em português, foi instituído em homenagem ao padre Valentim, preso por fazer casamentos escondidos para evitar a determinação do imperador de que soldados deveriam ficar solteiros. No Brasil é equivalente ao Dia dos Namorados, instituído em 12 de junho para fins comerciais, a partir do sucesso de uma campanha publicitária que dizia “Não é só de beijos que se prova o amor” e “Não se esqueçam: amor com amor se paga”. O saudoso cantor e compositor Tim Maia, ao dizer que “gritaria ao mundo inteiro, não quero dinheiro, eu só quero amar” trouxe, com muita arte, a temática dos conflitos financeiros em relações amorosas. A dupla amor e dinheiro é polêmica, e muitas são as questões filosóficas que envolvem esse par. Entre elas estão autonomia, poder, segurança e prazer, traduzidas em situações práticas como ter ou não ter conta conjunta, fazer ou não pacto nupcial, dividir  despesas do dia a dia, compartilhar ou ocultar compras, investimentos ou projetos. Se relacionamentos começam por atração física, sexual e intelectual, muitas vezes acabam por assuntos financeiros. O assunto é complexo. Sem a pretensão de dar fórmula pronta, trago aqui cinco reflexões para colaborar com hábitos mais saudáveis em uma relação: 1) Relacionamentos humanos são bens preciosos e precisam ser cuidados Uma pesquisa feita pela London School of Economics apontou que estar em um relacionamento amoroso eleva o nível de felicidade três vezes mais do que aumentar o salário. Humanos são seres relacionais e precisam estar conectados uns aos outros. 2) Relacionamentos são investimentos que precisam de dedicação e conhecimento A melhor prática para conhecer o par amoroso é a empatia e a escuta atenta. Aquilo que é importante para um nem sempre é para outro, e muitas vezes as brigas por dinheiro acontecem por divergência de opiniões e valores pessoais. Saber o que o outro sente ou pensa, entender as motivações sem julgamento e colocar-se no lugar do outro são ótimos passos para soluções conciliadoras de conflitos; 3) Confiança é fundamental para a saúde de relacionamentos Confiança é a base para relações de longo prazo, para alinhamento de sonhos. É ela que vai garantir a segurança para vencer obstáculos juntos. Não há confiança sem transparência. Por isso, pense duas vezes se vale a pena esconder assuntos financeiros. O melhor caminho para solucionar divergências é o diálogo positivo; 4) Liberdade, Igualdade e Fraternidade É quase impossível garantir que entre duas pessoas diferentes exista situações financeiras 100% igualitárias ao longo de uma vida a dois. O desequilíbrio financeiro pode ter início na riqueza das famílias de origem e por várias situações como enfermidade, desemprego, escolhas ou mudanças de carreira. O importante é o respeito mútuo e o equilíbrio emocional de poderes. É muito prejudicial  quando o dinheiro é usado como controle coercitivo. Um casal saudável respeita a  autonomia, a individualidade de cada um e estabelece apoio recíproco como um time; 5) Hábitos financeiros disfuncionais podem ser tratados Se há comportamentos que atrapalham a vida financeira do casal, é possível trabalhá-los. O importante é reconhecê-los e buscar ajuda. Tapar o sol com a peneira só aumenta o problema e alimenta uma relação doentia. Então, meu caro e minha cara, aproveite a fase de namoro para conhecer seu parceiro(a) e principalmente construir uma relação saudável com o dinheiro em casal. Mas, se você já está em um relacionamento e tem problemas com o tema ou se você se depara com insucessos amorosos frequentes por conta do assunto dinheiro, é importante buscar ajuda psicológica especializada para trabalhar crenças, valores e comportamentos financeiros mais equilibrados e construtivos, que colaborem para uma vida amorosa feliz.

Sete passos para conciliar a vida profissional e a pessoal

Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida é complexo, mas necessário Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida está cada vez mais complexo. A pandemia, as mudanças no mercado, novas relações laborais e o crescimento na taxa de desemprego aumentam a pressão sobre o trabalhador. O impacto desse desequilíbrio na saúde mental é tamanho que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recentemente adicionou a Síndrome de Burnoutao CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) como doença ocupacional, definida como um estresse crônico no ambiente de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Dado que o conceito de sucesso profissional, para muitos, está intimamente ligado ao equilíbrio entre carreira e vida pessoal, quando deveria começar uma e terminar outra?  Qual deveria ser a linha de corte entre pessoal e profissional? Se você vive o desafio de equilibrar esses dois lados de sua vida, seguem algumas reflexões que podem facilitar seu caminho: Repense o significado do trabalho: Por ser um papel social, o trabalho está intimamente ligado à identidade dos indivíduos. Não é à toa que pessoas descrevem-se contando o que fazem e onde trabalham. Normalmente é visto como o lugar onde se obtém a remuneração. A psicologia amplia o conceito de trabalho, incluindo outros papéis sociais como ser progenitor, filho, irmão, amigo, membro de clube ou de igreja etc. como atividades em que o homem também desempenha funções. Já o lazer, por definição de dicionário, refere-se a um tempo livre e prazeroso. Dessa forma, se o trabalho que faço ou o papel social que desempenho, independentemente de qual seja, remunerado ou não, for prazeroso e estiver alinhado às minha motivações, prioridades, talentos, valores pessoais, e a uma contribuição claramente percebida, a linha tênue entre pessoal e profissional passa a não ter tanta relevância. “Conheça-te a ti mesmo” A lacuna de autoconhecimento, a desconexão de si próprio e a fusão com as influências do meio por comparação, pressão e culpa alimentam a projeção de insatisfações na dimensão profissional. Quando tentamos viver da forma da qual nos falam que devemos ou de acordo com algum ideal irreal que construímos, nos desconectamos de nós mesmos. Por isso, conhecer as próprias habilidades, ter clareza de prioridades e propósitos são fundamentais para a autorrealização. Desenvolva a flexibilidade psicológica Aceitar aquilo que é possível, em vez de agarrar-se ao idealizado, elimina a culpa, aumenta o nível de satisfação e gratidão. Avalie se a régua de equilíbrio estabelecida não está muito exigente. Avalie seu grau de confiança nas pessoas Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicado este mês diz que apenas 4,7% dos brasileiros acreditam uns nos outros, índice abaixo da média mundial, de 25%, e dos países ricos da OCDE (41%). O mesmo estudo mostra que, quanto menor a confiança, menores serão a produtividade, inovação e formalização do mercado de trabalho. Buscar maior conexão e a empatia com as pessoas, estar inteiro onde estiver, seja em família, com amigos ou no trabalho, trará aumento da confiança, da generosidade e do equilíbrio na percepção de felicidade. Viva o aqui e agora Respirar, focar no momento presente, buscar conexão com a natureza são formas de alcançar relaxamento e ajudam a reduzir as interferências dos pensamentos acelerados, dos vícios, do tempo excessivo dispendido nas redes sociais e de tudo aquilo que captura nosso cérebro e rouba a qualidade do nosso tempo. Estabeleça rotinas Embora a flexibilidade de agenda seja a solução mais desejada para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ela é uma das explicações para o aumento do estresse relativo ao trabalho. Equipes virtuais, com agendas flexíveis e assíncronas, a flexibilização dos contratos de trabalho, com maior número de autônomos e menos CLTs e o crescimento do trabalho em sistema de “home office” (de casa) diminuem as concretudes físicas e temporais, reduzem o contato humano. A rotina é reguladora emocional e colabora para reduzir os níveis de incerteza, instabilidade, medo e consequentemente de estresse. Exercite gestão do tempo com visão de longo prazo O equilíbrio pode ser visto como uma média ao longo da vida e não como uma exigência diária.  Organizar a agenda, assumindo compromisso com seus objetivos prioritários, reduz o grau de procrastinação e aumenta a percepção de um trabalho bem-feito. A harmonia entre vida pessoal e profissional envolve gestão de tempo e dinheiro, mas principalmente gestão emocional. Ainda que a a modernidade líquida, descrita pelo polonês Zygmunt Bauman, agrava-se pouco a pouco para uma modernidade gasosa, de um mundo volátil nas relações, nas informações, no tempo e no trabalho, a resposta para seu equilíbrio pode estar no aprendizado da melhor forma de interagir com o meio e principalmente na mudança de percepção dentro de si.