O que a desistência da atleta olímpica tem a ver com os seus investimentos
- Não adianta buscar rendimentos extremamente elevados, concentrando toda a força em ativos de intenso risco, se a sua área de segurança é pequena.
- Se a cobrança colocada em resultados é mais forte que o preparo emocional, ou se a área de conhecimento técnica é pequena, haverá danos à saúde mental e ao bolso.
Alta performance no mercado financeiro tem sido a motivação de muitos investidores dispostos a assumir riscos cada vez mais ousados em busca de altos rendimentos.
Ao desistir da final nas Olimpíadas de Tóquio para cuidar da saúde mental, Simone Biles disse: “Eu realmente sinto que às vezes eu tenho o peso do mundo sobre meus ombros. Eu sei que eu ignoro e faço parecer que a pressão não me afeta, mas às vezes, é difícil”.
Em algum momento da vida, foi ensinado que a fórmula da pressão é igual a força dividida por uma área. Desta forma, se a ação física para provocar resultados for maior que a base de sustentação, a pressão se tornará insuportável e pode causar rupturas. Mas o que aulas de física ou a desistência da ginasta olímpica tem a ver com você, investidor?
Há muitos paralelos e aprendizados aqui para a vida financeira. É possível definir a superfície de sustentação nos investimentos como a área segura da diversificação e pela formação das reservas de emergência.
Não adianta buscar rendimentos extremamente elevados, concentrando toda a força em ativos de intenso risco, se a sua área de segurança é pequena. Não adianta também agir com intensa força, trocando o dinheiro de posição em movimentos diários, pois a pressão pode levar à quebra.
“Às vezes é preciso deixar os ativos andarem de lado pelo bem da própria saúde emocional”
Pode-se fazer o paralelo da fórmula física sobre o equilíbrio psíquico, como no caso de Biles. Se a cobrança colocada em resultados é mais forte que o preparo emocional, ou se a área de conhecimento técnica é pequena, haverá danos à saúde mental e ao bolso. O mesmo acontece se os esforços empenhados estão roubando o seu sono, descanso e horas de lazer.
A atleta fez uma declaração de desabafo refletindo uma fala interna, através do conselho: “Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos”. “Sou mais do que minhas realizações.”
Aqui, é de se tirar o chapéu e tomar como exemplo a escolha da ginasta pelo caminho do autoconhecimento. A saída de Biles ensina importância de estabelecer limites, zonas de proteção e segurança e a necessidade de observar quais motivações estão orientando os próprios comportamentos. Ela mostra que é indispensável saber diferenciar o que pertence a si próprio e o que pertence ao outro.
Como investidor, pode-se tirar a lição sobre ter claro seu objetivo, conhecer o próprio perfil, estabelecer travas nas operações, buscar conhecimento confiável e autoconhecer-se para saber identificar quais comportamentos e decisões podem ser prejudiciais.
“Não somos apenas atletas, somos pessoas, e às vezes é preciso dar um passo atrás. Pensei que era melhor eu dar um passo para o lado pelo bem da minha saúde mental”, disse Biles.
Há uma importante reflexão para a vida financeira sobre a experiência dolorosa da atleta em momento tão difícil de sua carreira, se sua fala for parafraseada da seguinte forma: não somos apenas investidores, somos pessoas, e às vezes é preciso deixar os ativos andarem de lado no curto prazo, pelo bem do longo prazo e da própria saúde emocional.
Em suma, a desistência de Simone Biles ensina que o olhar pela saúde física, mental e financeira como saúde integral deve ser prioridade como investimento na própria felicidade.