A produção baseada em fatos reais conta a história de duas mulheres árabes pioneiras no mercado de ações
- A série deixa mensagens fundamentais às mulheres, com uma pitada de diversão, fala sobre sororidade e autoestima enquanto acompanha a jornada de Farida e Munira.
- Além disso, o roteiro fala sobre como relacionamentos abusivos e preconceitos podem ser superados.
Março é dedicado, em muitos países, à celebração do Mês da História da Mulher. Em 1977, o dia 8 de março foi oficialmente adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher. Vários eventos influenciaram a criação da data. Entre eles, um incêndio em uma fábrica em Nova York, em março de 1911, tragédia que matou 123 mulheres e apontou para as terríveis condições de trabalho feminino à época. Outro evento importante foi a marcha das mulheres russas por pão e paz, em 8 de março de 1917, pedindo melhores condições de vida.
No Brasil, as mulheres tiveram direito ao voto somente em 1932. Até 1962, mulheres casadas só podiam trabalhar fora se o marido permitisse, pois o Código Civil de 1916 previa que mulheres casadas eram consideradas “incapazes”. Essa determinação também impedia mulheres de abrir conta em banco. Somente na Constituição de 1988 ficou estabelecida a igualdade de direitos e deveres entre mulheres e homens.
Recentemente foi lançada, na Netflix, a série Rainhas da Bolsa. Baseada em fatos reais, conta a história de duas mulheres árabes pioneiras em trabalhar no hostil e masculino mercado financeiro de ações, nos anos de 1980.
Sem a intenção de dar muito “spoiler” – sem revelações do conteúdo antecipado e sem contar o final -, trago aqui neste mês, em homenagem à todas as mulheres, alguns aprendizados que podem inspirar nossas vidas, a partir deste drama passado no Kwait:
- Autoestima é tudo! Para empoderar-se e apoderar-se dos desafios, as personagens precisaram fortalecer seu autoconceito, compreender suas habilidades e fortalezas, para o enfrentamento das situações adversas;
- Todos os perfis e estilos podem ter sucesso! Enquanto Farida era mais doce e tímida, Munira era mais agressiva e incisiva. Se, por um lado, Farida era mais cética e pragmática, Munira mostrava-se mais otimista e criativa; enquanto Farida tinha mais habilidades matemáticas, Munira demonstrava talento em oratória e negociação. Ambas, cada uma a seu modo, fazendo uso do melhor de suas características, ocuparam seus espaços em território hostil. É um exemplo de que o sucesso não está atrelado a perfis e estilos estereotipados!
- Não permita que preconceitos limitem você! Farida, recém-divorciada, sofria forte preconceito em seu núcleo familiar, vindo de sua própria mãe; recebia fortes pressões de seu ex-marido, em relação à sua filha; sofria com as falas e comportamentos preconceituosos por parte de seus colegas de trabalho e até mesmo de seu gerente de banco. A despeito desse cenário, ela enfrentou a situação e foi capaz de recriar a narrativa para si mesma. Embora todo o sistema de crenças da sociedade estivesse armado para alimentar nela culpa e sensação de incapacidade, Farida conseguiu ressignificar sua trajetória inclusive perante sua filha, que migrou da revolta para orgulho de sua mãe;
- Proteja-se de relacionamentos abusivos. Ambas as personagens, Munira e Farida, eram cercadas de relacionamentos coercitivos, tóxicos. Relações abusivas envolvem um jogo psíquico. Para proteger-se é preciso primeiramente identificá-las e ir em direção à sua própria verdade. É preciso consolidar um repertório comportamental protetivo de enfrentamento. Muitas vezes, é necessário ajuda para isso;
- Realmente a união faz a força! Os maiores momentos de sucesso das personagens ocorreram quando elas renunciaram à competição entre si e fizeram uso da sororidade. Quando enxergaram que a irmandade, a empatia, a solidariedade, a admiração mútua e o companheirismo poderiam torná-las mais fortes juntas.
Se você não assistiu à série, recomendo. Além das excelentes lições observadas, é diversão garantida. Sem falar no inusitado e o mais criativo “circuit breaker” – mecanismo de segurança utilizado pela Bolsa de Valores para paralisar negociações quando o mercado está muito nervoso e com queda superior a 10% – que já pude presenciar.
Termino este texto com os mesmos votos que coloquei em minhas redes sociais no Dia Internacional da Mulher, seguindo as palavras da líder inspiradora Jacinda Ardern: que toda mulher possa ser gentil, mas forte; empática, mas incisiva; otimista, mas focada. Que possa ser seu próprio tipo de líder. Que cada mulher não precise mais sentir limitações dadas por preconceitos, que possa usar suas habilidades para uma vida significativa e prazerosa.