Dívida de R$ 1,00 pode virar R$ 1 milhão no Brasil
Oferta de crédito consignado do Auxílio Brasil pode acelerar ainda mais a desigualdade social A desigualdade social no Brasil, acelerada pelo avanço da pobreza, é impactada por um elemento importante do sistema financeiro: a cessão de crédito. Levantamento do Serasa, em julho de 2021, aponta acesso desigual ao crédito entre classes sociais. A pesquisa mostra também que são oferecidos limites de crédito menores a mulheres do que a homens. Além do acesso desigual, o problema se agrava brutalmente quando se olha para os patamares das taxas abusivas de juros cobradas em empréstimos bancários e por financeiras. Em julho de 2022, a Crefisa, empresa de crédito pessoal patrocinadora de time de futebol, esteve em meio a um litígio judicial, no Rio Grande do Sul, devido aos patamares de suas taxas de empréstimo superiores a 800% ao ano. O desequilíbrio na oferta e nos custos de crédito levanta a questão da desigualdade social, não somente em território nacional, mas coloca o povo brasileiro em desigualdade perante a população mundial. O Brasil tem o segundo maior spread bancário do mundo, ficando atrás apenas de Madagascar, de acordo com levantamento feito por economistas da LCA Consultores e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) em 2019. O Spread bancário é a diferença percentual entre a taxa de juros cobrada pelos bancos em empréstimos e a taxa de juros paga pelas instituições financeiras nos investimentos. Resumidamente, é a margem bruta dos bancos. Os altos juros cobrados em empréstimos no Brasil são justificados pelos índices de inadimplência e pela dificuldade em recuperação judicial de dívidas no País. No entanto, através dos anos de experiência que tenho, ajudando pessoas por meio da educação financeira, posso afirmar que dificilmente um indivíduo, por mais bem intencionado e esforçado que seja, será capaz de honrar e quitar dívidas superiores a 2% ao mês, equivalentes a 27% ao ano. Ora, caro leitor brasileiro, se você já contraiu dívidas na pessoa física ou jurídica em algum momento de sua vida produtiva, deve estar pensando que 30% ao ano de taxa de empréstimo seria uma oferta bem atrativa, dado que as taxas no cheque especial e no atraso do pagamento da fatura do cartão de crédito, estão em média, entre 150% e 500%, nas maiores instituições brasileiras. Portanto, se a taxa factível para ser paga por um esforçado trabalhador precisa ser inferior a 30% ao ano, como seria possível alguém honrar taxas ao redor de 150% ao ano? E ao redor de 400% ao ano? E de 800% ao ano? Para os não tão familiarizados com o potencial dos juros compostos, tanto para o bem, se você é investidor, quanto para o mal, se está na ponta devedora, trago o seguinte exemplo: uma pessoa que pega 1 real emprestado durante 20 anos, a uma taxa de 100% ao ano, será devedora, ao final do período, de valor superior a 1 milhão de reais. Isso mesmo! Uma dívida de R$ 1,00 virará mais de R$ 1 milhão em 20 anos, de acordo com as taxas bancárias praticadas no País. Recentemente o presidente da República sancionou uma lei que permite aos bancos dar empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de extrema pobreza. Além disso, não foi estabelecido pelo governo um limite na cobrança da taxa mensal. Os juros cobrados no mês passado, pelo empréstimo consignado para essa população vulnerável, giravam em torno dos 100% ao ano. O Brasil, por sua enfermidade econômica, figura no ranking das maiores desigualdades em seu sistema financeiro. Está entre os 15 países que mais subiram suas taxas básicas de juros em 2022. Muito embora a inflação seja um fenômeno mundial, e países desenvolvidos, como os Estados Unidos, também tiveram que aumentar juros, nada se compara aos níveis das taxas cobradas em empréstimos no território brasileiro. A população americana tem a cultura da dívida arraigada ao comportamento, e grande parte dos americanos tem suas casas hipotecadas, mas a realidade do compromisso orçamentário com custos financeiros é completamente outra. As taxas de empréstimos hipotecários estão girando ao redor de 6% ao ano em um momento de alta dos juros americanos. No Brasil, mesmo no melhor momento histórico da Selic a 2% ao ano, as taxas de empréstimos não cederam significativamente. Felizmente, vemos algum movimento de mudança no mercado financeiro. O Bradesco decidiu não oferecer empréstimo consignado a beneficiários do Auxílio Brasil. O presidente do banco declarou que a operação, por envolver juros elevados, seria um benefício ilusório a pessoas vulneráveis. Redução das desigualdades está entre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da agenda 2030 das Nações Unidas. O primeiro objetivo é a erradicação da pobreza. Se queremos ser um país sério quanto às metas de desenvolvimento sustentável, quanto às práticas ESG e comprometidos com a proteção da população, precisamos olhar para o desequilíbrio na oferta de crédito. Há, no Brasil, bastante espaço ainda para melhorias nas políticas públicas econômicas e no mercado financeiro quanto ao ESG, principalmente na letra S de Social.
Segundo semestre difícil? Veja a solução para cenários instáveis
A importância da esperança para a sua saúde física e financeira Como você se sente quando enfrenta tormentas como o aumento da desigualdade com números recordes de pessoas em condição de extrema pobreza, o avanço do endividamento das famílias brasileiras, a escalada da violência e os impactos desastrosos da inflação e das instabilidades econômica, política, jurídica e fiscal no Brasil? E ao se deparar com panoramas otimistas que ressaltam, por exemplo, vantagens atuais dos investimentos de baixo risco em renda fixa, da desaceleração no número de mortes decorrentes do coronavírus, da recuperação econômica vista em alguns setores e da revolução do trabalho remoto com a flexibilidade de horários? Ou você prefere ver os dois lados de cada questão? Sendo assim, eu poderia escrever sobre a redução do índice de desemprego no primeiro semestre, mas apontar o aumento alarmante da taxa de jovens desocupados. Até mesmo fazer o contraponto sobre o triste cenário de uma eleição polarizada regida por voto útil e não por candidatos que de fato expressem preferências dos eleitores, mas sem grandes surpresas pela frente, o que dá concretude ao investidor. No entanto, caro leitor e investidor, o que desejo trazer aqui é um olhar para seu equilíbrio emocional, colocar luz sobre a importância de ter ferramentas de enfrentamento em situações de estresses e adversidades, com foco em sua saúde financeira, mental e integral, apesar de qualquer circunstância. Cenários econômicos e políticos instáveis intensificam sentimentos como ansiedade, medo e insegurança. O medo contínuo pode impactar negativamente a vida profissional e levar a doenças e distúrbios mentais. Segundo estudos do psicólogo e professor americano Charles Snyder, indivíduos regidos pela insegurança adotam, em suas vidas, objetivos ambíguos e só conseguem trabalhá-los um por vez. Já pessoas com alto nível de esperança comumente são capazes de executar cinco ou seis metas simultâneas, traçam planos de ação para o sucesso e adotam estratégias de flexibilidade, resiliência e inovação frente a obstáculos e adversidades. Os esperançosos têm maior autoestima, motivação, mais longevidade e são mais propensos a experimentar a alegria. O nível de esperança pode ser desenvolvido e incrementado por meio de um caminho de autoconhecimento e ressignificação, a despeito das frustrações que a vida apresenta. As intempéries do cenário mundial, brasileiro e da volatilidade do mercado financeiro podem ser enfrentados com o fortalecimento de seu ambiente interno esperançoso e de sua conexão entre mente, corpo e comportamentos. Se há sabedoria científica no ditado popular que diz que a esperança é a última que morre, a mesma sabedoria se aplica à produtividade profissional e à construção e perenidade do patrimônio. Obter tal sucesso irá exigir de você mais do que conhecimentos sobre finanças ou projeções econômicas. Exigirá uma boa dose de virtudes como a paciência, a gratidão, a generosidade e a fé.
Como sair do discurso para a prática em ESG
Uma pesquisa feita pela CVM mostrou que apenas 64% consideram critérios ESG para investir Alguém tem dúvidas de que cuidar do planeta, controlar as mudanças climáticas, evitar condições meteorológicas extremas, erradicar a fome e a pobreza e trabalhar a inclusão e a diversidade trará benefícios e retornos maiores para todos – investidores, empresas, pessoas – no longo prazo? Se parece tão obvio, por que há dificuldades na implementação das ações ligadas ao ESG (sigla para ações ambientais, sociais e de governança)? Uma pesquisa feita pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) com investidores, em 2021, mostrou que apesar de 94% dos entrevistados conhecerem o conceito, 64% consideram os critérios ESG na escolha dos investimentos. Quando a pergunta incluiu a frequência com que isso é feito, o volume investido caiu para menos de 30%. Entre os principais fatores levantados pelos participantes para não considerar os critérios ESG em seus investimentos estão: dificuldades em obter informações, falta de confiança nas informações, falta de entendimento do impacto financeiro sobre o mercado. O descasamento entre o discurso e a ação mostra que a intenção é necessária, mas não é suficiente para a implementação das práticas ESG. Do ponto de vista psicológico, são três os elementos necessários para ocorrer mudança comportamental em qualquer indivíduo: 1) atitude – definida como alinhamento aos valores pessoais, como pré-disposição do indivíduo à ação; 2) percepção de controle, proximidade e domínio do tema; 3) mudança nos estímulos do entorno, da cultura e dos reforçadores sociais envolvidos. A proximidade e sensação de domínio do assunto são conquistadas por meio de aprendizagem e conhecimento, o que abre um espaço importante para educação financeira em ESG de investidores e do público em geral. É necessário aumentar a didática, a transparência, o acesso às informações relevantes sobre o impacto das práticas ESG nos investimentos, nas empresas, na sociedade e na vida das pessoas. No entanto, o principal desafio está no terceiro elemento de mudança comportamental: a transformação cultural, das crenças e dos reforçadores sociais. ESG, muito além dos cuidados ambientais, sociais e de governança, implica em duas grandes transformações comportamentais: a mudança do olhar de curto para longo prazo e do olhar individual para o coletivo. A natureza humana carrega em si, como resultado da história da evolução da espécie, o instinto de sobrevivência e de autopreservação, o que remete a comportamentos de curto prazo e de satisfação dos próprios interesses. E, para agravar, cenários de instabilidade e de incertezas apimentam e potencializam as escolhas impulsivas, imediatas e individualistas. Para que as pessoas usufruam e adotem comportamentos de longo prazo é necessário aumentar a sensibilidade aos efeitos da maior magnitude dos resultados no tempo, assim como estimular a cooperação. Empresas com ambientes muito competitivos em sua cultura e/ou com estímulo às metas de curto prazo terão dificuldade em desenvolver nos colaboradores repertórios comportamentais ESG. Há espaço, também no mercado financeiro, para estimular investimentos colaborativos, para dar mais acesso a informações de impacto em plataformas de investimentos e a dar estímulos reforçadores de longo prazo nas telas operacionais. Há um apelo muito forte hoje a práticas de “day trading” e à competição entre “ursos” e “touros”, quando o melhor espírito investidor ESG é ser fonte de financiamento para o crescimento da economia real. O ser humano tem uma tendência primária às escolhas imediatistas, mas diferencia-se de outros animais, pela capacidade em desenvolver repertório para escolhas melhores e de compromisso com resultados de maior valor e sustentabilidade. Muito além do retorno nos investimentos, da gestão de risco e do zelo por boas práticas, falar em ESG é falar do cuidado com pessoas. Zelar pelas práticas ambientais e sociais é no fundo cuidar de gente. Ter boas práticas de governança é montar estrutura que favoreça o cuidado de forma sustentável e permanente. Sendo assim, para obter sucesso, é fundamental a ação de todos pelo coletivo, empresas, instituições financeiras e o governo. Faz-se necessário o trabalho conjunto pelas mudanças culturais, no mercado e na sociedade, para estabelecer comportamentos ESG de colaboração e visão de longo prazo com retornos maiores no tempo.
Aprenda a proteger sua carteira contra a bipolaridade do mercado
Se foi iludido pela promessa de surfar na maior onda dos investimentos, você deve estar se sentindo afogado Com a inflação galopante deprimindo o mundo, bancos centrais de diversos países precisaram aumentar os juros, enxugar o dinheiro circulante do mercado e, assim, controlar a alta dos preços. Os aumentos conjuntos nos juros dos Estados Unidos e do Brasil, vistos nesta última ‘superquarta’, são prova disso. O ritmo de alta nos juros americanos é o maior em quatro décadas, e a taxa de juros brasileira, a Selic, no intervalo de apenas um ano e meio, oscilou de 2% para 13,25%. Com esse cenário de aperto monetário, os ativos de risco ficam pressionados e passam tempos difíceis. Ações americanas e brasileiras acumulam quedas depois do rali de altas vistas no ano passado, e criptomoedas astros como o Bitcoin, estrelas e planetas, como Terra (Luna) ou Solana (Sol), derretem, contaminando todo o mercado de ativos digitais. E você, investidor, como fica diante de tamanha magnitude e catástrofes do mundo financeiro? Você que investe seu suado dinheirinho, em busca de desfrutar de mais alegrias da vida, de poder relaxar, de ter melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre presente e futuro, através da aposentadoria; se vê levando ‘caldos’ no meio de tanta turbulência. E as perdas que esse conjuntura traz não se restringem às monetárias. Danos maiores estão ligados aos impactos que isso pode causar à saúde emocional. São muitos os prejuízos que a bipolaridade do mercado financeiro, com picos de euforia e depressão, pode provocar na saúde mental. E qual é o remédio? Como estancar sangue, suor e lágrimas nos investimentos? Em termos práticos, pode-se atenuar os altos e baixos dos ciclos econômicos e do mercado, com algumas dicas simples matemáticas: procure adaptar seu padrão de vida sempre a 70% de sua renda líquida, poupe 20% e exercite doar 10% para retribuir ao próximo o que ganhou. Dos 20% poupados, guarde sempre 10% para sua aposentadoria, e, com os outros 10%, componha suas reservas de emergência, de sonhos e projetos. Independentemente de qual seja seu perfil, nunca ultrapasse a faixa de 30% em investimentos de risco. E, em ativos de alto risco e pouco histórico, como as criptomoedas, limite a 1% o montante investido (essa última prática ouvi como depoimento de alguém do mercado de ativos digitais, em relação a seus próprios investimentos). E não se alavanque mais que 30% em dívidas ou em parcelamentos no cartão. Em termos emocionais, é preciso ressignificar a dimensão que os investimentos ocupam em sua vida. Se você está depositando no mercado financeiro toda sua felicidade, esperança e sucesso, certamente irá se decepcionar. Juros servem para proteger e remunerar reservas já construídas, mas não substituem, de forma alguma, o valor do trabalho e o sentido de contribuição à sociedade que o uso de seus talentos pode trazer. Pensar que o dinheiro pode trabalhar por você é colocar em risco sua própria identidade, sua autenticidade no uso de seus potenciais, colocar em risco sua própria condição de existência de ser. Do ponto de vista econômico, dinheiro investido serve para ajudar a economia real a crescer como fonte de financiamento. No seu caso, você sempre precisará do dinheiro novo, fruto direto de seu trabalho, para alimentar o patrimônio. Os juros não farão isso por você. Mesmo que sua carteira, seu orçamento ou atitude atuais estejam distantes dessas recomendações, é possível se reorganizar olhando para a frente. Vale sempre lembrar que saúde, paz, sucesso e felicidade não moram em gráficos ou em números. Sua busca precisa passar pelo caminho do autoconhecimento, da identificação de objetivos claros, da adaptação e aceitação das situações difíceis, do olhar de cooperação e amor, e do equilibro entre valores monetários, sentimentais, humanos, morais e espirituais.
Investidor deve olhar para a frente, mas para os lados também
Se você está se esforçando e fazendo sua parte, por que os resultados não aparecem? Você já se deparou com uma situação em que navega, navega, mas não consegue sair do lugar? Seja na sua empresa, como executivo, colaborador e empreendedor, ou como autônomo ou mesmo na sua vida pessoal, você fica exaustivamente lutando contra a maré, mas não vê os resultados? Se você está se esforçando, fazendo sua parte, por que não funciona? A resposta é simples: não existe somente sua parte, o que acontece ao seu redor é a outra grande parte! Do ponto de vista psicológico, qualquer ação humana e comportamento é sempre conectado ao meio, aos estímulos, reforçadores que o indivíduo recebe, ao contexto sócio-histórico-cultural. Na vida financeira, isso significa que a sua história, a influência de valores, hábitos e crenças familiares impactam diretamente em seu modo de agir e de se relacionar com o dinheiro. Em termos macroeconômicos, significa que suas ações individuais, como investidor, ou suas ações empresariais, por melhores que sejam, serão influenciadas diretamente por variáveis do mercado como inflação, taxa de juros e cenário internacional. Embora pareça óbvio, isso significa que o autoconhecimento, desenvolvimento técnico, inovação, boa gestão e governança, aprendizagem, dedicação e esforço são muito necessários, mas não serão suficientes. Na matemática, a desigualdade é expressa através da relação entre dois elementos, em que um é maior e outro, menor. A complexidade do cenário brasileiro de desigualdades de renda, educacional, de gênero, de raça e de situações de vulnerabilidade familiar e social, são acentuadas a cada dia pela desigualdade digital e injustiça da desigualdade ambiental, que elevam o número de pessoas em situação de pobreza e a concentração de riqueza em uma minoria. No Brasil, segundo relatório da Riqueza Global publicado pelo Banco Credit Suisse em 2021, 1% da população mais rica concentra 50% da riqueza do país, o que coloca o País como segundo país de maior desigualdade econômica entre os pesquisados, ficando atrás apenas da Rússia. Embora exista a minoria que detém a maior parte da riqueza, ninguém é privilegiado, porque todos saem perdendo. A desigualdade acentua a culpa, o medo, a violência, a insegurança e a polarização. Gera distorções no mercado e tensões que culminam em desfechos e rupturas nas relações sociais. O mercado financeiro e a concentração A adesão do mercado financeiro ao conceito ESG vem estimulando a alocação de recursos nas boas práticas sociais, ambientais e de governança nas empresas, o que promove diversas ações individuais corporativas quanto à diversidade, inclusão, cuidados com o meio ambiente e com a ética. Mas isso, por si só, não é suficiente para garantir o desenvolvimento sustentável brasileiro e o equilíbrio econômico social no país. Há inclusive concentrações de geração de caixa dentro do próprio mercado por meio de desigualdades empresariais tributárias e de acesso ao crédito. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) atua na defesa da concorrência, para evitar monopólios, oligopólios, a concentração de um determinado grupo econômico em um mesmo mercado. Mas em que instância há o olhar pela concentração econômica de um mesmo acionista, ou grupo econômico, no acúmulo da liderança em diferentes mercados simultaneamente? É razoável que um mesmo acionista seja detentor da liderança por exemplo de segmentos industriais, serviços e financeiros simultaneamente? Nesse sentido há lacunas ainda pelo olhar da concentração de grupos investidores em mercados distintos. O todo é maior que a soma das partes Se navegar contra a correnteza muitas vezes não faz chegar aos objetivos desejados, e se iniciativas ESG empresariais pontuais não garantem o desenvolvimento sustentável na nossa sociedade, é necessário unir forças, através da atuação coletiva e política. Uma pessoa sozinha, em situação desigual, pode enfrentar dificuldades impeditivas, mas poderá se fortalecer através de uma rede de apoio. Do mesmo modo que grupos sociais e empresariais podem atuar coletiva e politicamente através de uma ferramenta chamada Advocacy. O termo, que vem do latim Advocare, significa ajudar alguém que está em necessidade. Advocacy tem por objetivo influenciar na formulação e implementação de políticas públicas para a defesa de causas que favoreçam a população. Ações individuais como empreendedor, empresário, colaborador ou na vida pessoal podem não levar isoladamente ao resultado esperado, mas coletivamente é possível mudar o cenário socioambiental e mudar a história. Discussões isoladas, polarizadas ou mesmo o voto individual nas urnas isoladamente podem não trazer as transformações esperadas, mas ações coletivas, proativas, organizadas podem mudar o rumo do crescimento do país. É mais que necessária a aproximação dos cidadãos da política. A aproximação do mercado financeiro e privado do setor público, de forma organizada e institucional tem de ir além do interesse específicos dos negócios. O trabalho conjunto público-privado pode contribuir na identificação efetiva das necessidades existentes na sociedade, sugerir melhores soluções e criar um ambiente que favoreça tanto os resultados individuais como o bem-estar e equilíbrio coletivos. O ser humano é um ser social e político. Em vez do distanciamento empresarial da política, ou de uma atuação enviesada por interesses particulares, em vez de discussões superficiais e polarizadas que só causam rupturas, é momento de uma atuação ética, coletiva e organizada dos setores público-privado para o bem social, com visão de longo prazo e da sustentabilidade em seu aspecto mais amplo. Aqui vale a premissa de que a união faz a força!
“No Ritmo do Coração” ensina investidores e faz ESG ganhar o Oscar
O filme vencedor do Oscar 2022 teve um orçamento de US$ 10 milhões e dá um show sobre ESG Eu poderia começar este texto falando da estratégia financeira da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) – responsável por produzir anualmente o Oscar – com sua carteira de investimentos em ativos líquidos da ordem de US$ 790 milhões. Ou falar dos retornos financeiros do filme vencedor em 2022, que teve um orçamento de US$ 10 milhões e vendeu seus direitos à Apple TV em um leilão por US$ 25 milhões, somados ainda ao faturamento da bilheteria dos cinemas. O longa-metragem ganhador “No Ritmo do Coração” – ou em inglês “CODA”, do acrônimo Child of Deaf Adults (filho de adultos surdos) – ao retratar a história de Ruby (Emilia Jones), a única da família sem deficiência auditiva, faz um convite à reflexão do que realmente é saber ouvir. Há muitos temas relevantes financeiros tratados na obra áudiovisual, como o dilema central da escolha da carreira da menina, que, entre as difíceis opções que se apresentam, coloca em xeque os valores dos diversos personagens, assim como os nossos próprios valores pessoais. Sian Heder, cineasta, roteirista e mulher, dá um show ESG – sigla do mercado financeiro que significa Espaço (Meio Ambiente), Social e Governança – ao convidar o espectador a colocar-se no lugar dos personagens, a sentir o que cada um está sentindo, a buscar entender a linguagem do outro e a vivenciar a mesma situação de diversas maneiras. Entre as muitas letras lindas das músicas do filme, Ruby, ao cantar a mensagem com sua voz e seus gestos em libras, diz “olhei o amor dos dois lados: de amar e ser amado, e descobri não saber nada sobre o amor” fala sobre o amor, fala sobre relações humanas, fala sobre ESG. Não seria ESG o mesmo que empatia e cuidado? O mesmo que amar e ser amado? A sigla ESG é uma tradução de compromisso com os laços e a ética nas relações sociais, com os direitos humanos, com a longevidade, sustentabilidade, com o cuidado tanto do presente como do futuro de nosso planeta, para garantir nossa existência como humanidade, em um amplo espectro, tanto no curto e como no longo prazo. O filme coloca holofote sobre crises econômicas familiares, sobre o enfrentamento para a subsistência financeira de deficientes físicos, sobre conflitos em escolhas profissionais, sobre modelos de capitalismo exploratório ou colaborativo – ao retratar a proposta de cooperativa de pescadores; mas traz mesmo o olhar de que precisamos ser uma sociedade inclusiva e plural que sabe ouvir, cooperar, cuidar e amar. Ter diversidade traz retorno financeiro? Ter mulheres na liderança traz resultados, mais faturamento e lucro? São perguntas frequentemente feitas, já comprovadas e respondidas positivamente por diversas pesquisas e estudos, mas que intuitivamente podem ser visualizadas. A diversidade reflete a sabedoria de diferentes olhares e aumenta o grau de inovação e de satisfação com clientes. Cuidar do próximo, do planeta, da ética, da justiça, da própria saúde integral, ter respeito e propósito são condições estruturais para resultados financeiros consistentes e duradouros. Por isso, caro leitor, faço aqui um convite a, não só assistir ao filme maravilhoso vencedor do Oscar, como a pensar sua vida financeira e assumir uma atitude frente a suas escolhas no melhor estilo ESG de no “Ritmo do Coração”.
O que a variante Ômicron tem a ensinar para o Touro de Ouro
Seria a polêmica do Touro de Ouro um momento favorável para o mercado financeiro repensar seus modelos? A palavra símbolo, por definição, significa um nome, personagem ou imagem que representa algum comportamento ou atividade. O psiquiatra suíço Carl Jung dizia que um símbolo morre quando seu significado assume uma expressão concreta e, então, se transforma em sinal. Quais sinais a polêmica sobre a estátua do Touro de Ouro, colocada em frente à B3, e retirada pela prefeitura de São Paulo no dia 23 de novembro, pode nos indicar? À parte as questões políticas, na busca de pontos de convergência entre os que apoiam ou condenam o animal de fibra de vidro, ambos os lados desejam retomada econômica e geração de empregos. No entanto, enquanto para uns, o símbolo do Touro de Ouro no centro da capital paulista pode representar virilidade e prosperidade, para outros pode sugerir desigualdade e injustiça. E talvez essa seja a maior simbologia: a polarização em que estamos. Extremos de riqueza e pobreza que mostram filas de espera de meses para compras de carros e barcos de luxo, enquanto há um crescente número de moradores de rua e pessoas em situação de miséria e fome no País. A desigualdade dificulta a cooperação, com prejuízos tanto para quem está em vantagem, como para o lado prejudicado. Marcelo Benvenuti, coordenador do grupo de pesquisas em psicologia sobre comportamento social e cultura na USP, diz que as vantagens da cooperação têm sido gradualmente reconhecidas em áreas como a psicologia e a economia. Até mesmo na evolução, em que a sobrevivência parecia depender da competição, a cooperação mostra-se como um diferencial importante em relação a grupos que cooperam menos. Estamos sentindo isso na pele, globalmente. Uma prova é o surgimento da mais recente variante do coronavírus, a chamada Ômicron, resultado de uma vacinação desigual, entre países pobres e ricos. Ou seja, a diferença entre riqueza e pobreza prejudica a todos. Seria a polêmica do Touro de Ouro um momento favorável para o mercado financeiro repensar seus modelos? Será que ainda cabe o padrão de competição, entre Touros (sinônimo de investidores que estão na ponta do interesse da subida das ações) versus Ursos (referente aos que especulam para que as ações caiam)? Se a economia real é altamente beneficiada pelas fontes de financiamento provenientes da renda variável, da negociação de ações, poderia existir um modelo de bolsa de valores menos especulativa, que favorecesse o longo prazo, o ganha-ganha e a colaboração? Poderiam ser repensadas as normas de “day trade” e estruturas de liquidez na bolsa? E, se há polêmica entre a população em geral, deveria o mercado financeiro se empenhar mais na educação financeira, para que a compreensão sobre a importância do mercado acionário seja ampliada? E, se a comunicação sobre o touro foi mal compreendida, pode haver a hipótese de que o problema da mensagem está no emissor, no próprio mercado financeiro? Talvez o símbolo do touro, de virilidade, que remete exclusivamente à potência somente masculina, já não represente mais as demandas da sociedade atual que deseja inclusão, diversidade, igualdade e necessita urgentemente de colaboração para a própria sobrevivência. Quem sabe a estátua polêmica possa ser substituída por uma escultura cuja arte represente as demandas ambientais, sociais e de governança. Quem sabe podemos ter, ao invés de um touro, uma escultura ESG no centro de São Paulo, mostrando uma renovação dos valores do mercado financeiro. Dia 10 de dezembro celebra-se o Dia Internacional dos Direitos Humanos, que visa promover os direitos econômicos, sociais e culturais de cada indivíduo. Vale o momento para refletir se iremos perceber a importância da união, do coletivo, da convergência e da colaboração ou se iremos ceder aos velhos modelos da polarização, do individualismo e da competição, onde todos juntos iremos sucumbir.
ESG: importante para investimentos, fundamental para a política
Se já estamos cansados de ser o país do futuro que nunca chega, é necessário implementar uma agenda ESG O que você sente quando ouve a palavra sustentabilidade? Pergunto sobre o sentimento que desperta, ainda sem entrar na definição em si e muito menos no tema ESG ou em candidatos ao governo. Considerada uma bandeira e algo ligado à ecologia, para uns é um modismo passageiro com custos mais caros. Para outros, a palavra sustentabilidade por definição significa permanência, perenidade, propriedade daquilo que é necessário para a conservação da vida, que traz equilíbrio. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. E isso é possível? Aqui está o famoso dilema entre a disputa das satisfações do curto e longo prazo! Você que é investidor conhece bem esse conflito, não é mesmo? E ele está presente em nossas vidas, o tempo todo! Compro aquilo que quero agora, ou poupo para cuidar do meu amanhã? Esse dilema exige autocontrole e compromisso com decisões de longo prazo, mas também pede por mimos com recompensas e satisfações imediatas. Resolver essa questão é o segredo do equilíbrio, do sucesso e da longevidade. É claro que desejamos isso para nossas vidas, para nossos investimentos, para as empresas e para nosso país. Equilíbrio, felicidade, segurança, crescimento, sucesso, com permanência, longevidade, ou seja, com sustentabilidade! E em quais aspectos?! A resposta está no ESG! Nos aspectos ambientais (E, do inglês, environmental), sociais (S) e de governança (G). Sem cuidado com o ambiente onde se está – quer seja com a casa limpa e conservada, quer seja com o ambiente psicológico, ou mesmo com o planeta em que vivemos – existe equilíbrio na vida? Há como ser feliz, se as relações humanas ao nosso redor não estiverem harmoniosas, atendidas, acolhidas, com justiça, respeito e equidade? Há como garantir tudo isso, se não houver planejamento, método, processos, transparência, ética, respeito, consenso, inclusão, eficiência, ou seja, uma boa governança? Se já estamos cansados de ser o país do futuro que nunca chega, é necessário implementar uma agenda ESG para a nossa nação. Além da importância do tema ESG para investimentos e empresa, da relevância de ser ESG na condução da própria vida e na relação com o trabalho, gostaria agora de despertar em você, leitor e investidor, a importância do tema ESG na hora de votar. No momento de volatilidade e incertezas pelo qual estamos passando, é necessário a união, juntar esforços e escolher um governo que pense em longevidade, sustentabilidade e no equilíbrio entre o curto e longo prazo. Que ofereça propostas de cuidado com o patrimônio ambiental, que olhe pelo social em todos os aspectos, incluindo a harmonia, relações de parceria e cooperação. E que zele pela governança, em seu sentido amplo de ética, respeito, honestidade, transparência, disseminação de informações confiáveis, planejamento, cumprimento de metas e promessas! E isso é possível? Se vivemos neste constante conflito entre o curto e o longo prazo em nossas vidas, mas sempre em busca da melhoria e do crescimento, se buscamos conhecimento para melhores investimentos no longo prazo como investidores e se estamos trabalhando em uma agenda ESG para empresas mais lucrativas e sustentáveis, por que não acreditar e construir, através do voto, este mesmo caminho, para o País?
Gurus financeiros e prejuízos por day trade. Saiba como escapar
Por que o ser humano busca heróis para se amparar, embasar as decisões e confiar cegamente todos os recursos? No dia 13 de setembro, após Elon Musk simplesmente publicar uma foto de seu pet, a criptomoeda meme Floki Inu, de mesmo nome do cãozinho do bilionário, valorizou mais de 3.000% em poucas horas. Em agosto de 2020, outro exemplo de distorção financeira aconteceu com a personagem de nome fictício Cleonice, que confessou ter se sentido “nua e desprotegida” quando perdeu toda sua carteira de investimentos ao ser enganada por um guru do day trade, juntamente com vários outros investidores. Observando inúmeros relatos de perdas por meio de golpes e pirâmides financeiras surge a pergunta que não quer calar: por que o ser humano busca gurus e heróis para se amparar, embasar suas decisões e confiar cegamente todos os seus recursos, assumindo riscos não calculados? Através de teóricos como Gustave Le Bon e Allport, a psicologia social aponta a tendência de pessoas renunciarem a suas responsabilidades individuais por se contagiarem emocionalmente pelo comportamento coletivo, influenciadas por algum líder carismático – o chamado comportamento de manada. Além do contágio de multidão, outros fenômenos psicológicos também acontecem simultaneamente, tais como a impulsividade e a inclinação para a busca do dinheiro rápido e fácil e a falta de confiança para tomar as próprias decisões, por baixa autoestima, medo ou falta de preparo suficiente. Resumidamente, a ausência de conhecimento técnico e de autoconhecimento; a falta de planejamento, de objetivos claros financeiros e de vida; a perda do senso de propósito e de autorrealização são combinações explosivas para escolhas impulsivas, que levam pessoas a eleger e transferir para falsos gurus, heróis ou profetas a condução da própria vida. A velha máxima que diz que, se você não tem estratégia, certamente estará na estratégia de alguém cai como uma luva para explicar o fenômeno dos gurus. A nomeação de heróis salvadores ou pessoas guias pode acontecer não somente no âmbito das finanças, mas em vários outros aspectos da vida, como em relacionamentos amorosos, familiares, no trabalho e até mesmo no exercício da cidadania. O ser humano é social, mas para sua própria saúde integral precisa ter claro os limites entre o exercício de sua autonomia e do viver em grupo. Dessa forma, é importante que você investidor(a), para não embarcar em qualquer foto de pet ou conversa de pirâmide, fique atento(a) para não cair no contagioso comportamento da massa chamada mercado financeiro, quando influenciada por meio da voz de falsos gurus, com agenda própria de intenções ou até mesmo desorientados. No lugar de depositar sua confiança em algo ou alguém por insegurança, busque seu desenvolvimento pessoal, emocional e técnico para ampliar sua capacidade de julgamento e tomada de decisão na direção de escolhas menos impulsivas, mais planejadas e de sucesso consistente no longo prazo.
Fake news trazem prejuízos para a vida do investidor
Notícias falsas impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos Na manhã de segunda-feira (13), o mercado de criptomoedas acordou agitado. Um informe publicado pelo distribuidor de releases GlobeNewswire dizia que a esquecida moeda Litecoin seria aceita em lojas do Walmart a partir de 1º de outubro. A rede de supermercados negou essa fake news horas depois, mas o valor da Litecoin já havia explodido, enquanto Bitcoin e outras Altcoins sofreram com a volatilidade. No Brasil, a praga das fake news contamina vários setores: na saúde com as vacinas; no mundo dos famosos – como a polêmica com Paolla Oliveira; ela negou ter dito que, caso o presidente Jair Bolsonaro se reeleja, só restará a prostituição para as atrizes da Globo –; no mundo da política; em transações com jogadores de futebol e até mesmo envolvendo a classe dos caminhoneiros. No mundo dos investimentos, o jargão “rumores” é usado como sinônimo de fake news. Já ouviu a expressão de que a ação sobe no boato e cai no fato? Como exemplos, entre muitos, podem ser citados o recente rumor sobre a aquisição de Lojas Marisa por Lojas Americanas ou a fusão com a Renner, e um mais antigo envolvendo a Petrobras e novas reservas. Especulações, notícias não confirmadas ou falsas provocam cenários voláteis, aumentam o risco, impulsionam ou derrubam artificialmente o preço de ações e causam estragos para pessoas, empresas e países. Será mesmo que fake news devem fazer parte de nossas vidas como algo natural? Qual o impacto delas para a economia, para os investimentos, para o bolso e para a vida em geral? “Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”, disse o filosofo Friedrich Nietzsche (1844-1900). A confiança é uma necessidade do ser humano, pela qual são estabelecidos os vínculos e laços de afeto. Suas matérias primas são a transparência, integridade e a coerência. Quebrar a confiança causa no outro um sofrimento tão profundo como a dor física de uma ferida, pois são mecanismos equivalentes para o cérebro. Em psicologia, confiança é entendida como a crença na probidade moral, na sinceridade de alguém, como a expectativa de que um indivíduo, grupo ou instituição aja de forma esperada, com certa regularidade e previsibilidade. A confiança será mais ou menos reforçada, em função de atos ou fatos. Fake news abalam a confiança! Sentimentos coletivos de insegurança em relação ao futuro podem provocar que algum temido evento aconteça, como uma profecia autorrealizável. Como os mercados produtivo e financeiro trabalham com projeções futuras e como nós, seres humanos, estamos frequentemente antecipando o futuro mentalmente, expectativas alimentam a tomada de decisão e tornam realidade o que antes era apenas especulação. Pessoas agem conforme suas crenças persistentes mesmo que estas sejam retiradas. Seguem interpretando novas informações de maneira tendenciosa, o que pode provocar em um grupo distanciamento de visões e polarização de opiniões. É o viés cognitivo de confirmação colaborando para abalar a confiança e fazer gente perder dinheiro com isso. Não é à toa que índices de confiança são monitorados, como o Índice de Confiança do Consumidor e o Índice de Confiança Empresarial, e que agências de classificação de risco dos países levam em consideração marcadores de confiança. Em termos práticos, a falta de evidências, fake news, incertezas, especulações, rumores, ou condutas não confiáveis podem levar você a decisões erradas, a rupturas de relacionamentos e problemas financeiros; podem levar empresas a temer investimentos ou a perder seu valor no mercado; podem impactar países em suas taxas de juros, de emprego, em seu crescimento e estabilidade. É fundamental, em nossas vidas pessoais, financeiras e como cidadãos, fazermos nossa parte, checando fontes, buscando informação em lugares seguros, apoiando iniciativas de combate a notícias falsas e ajudando a impedir que elas se espalhem.