Saiba se você está em uma relação abusiva e o impacto nas suas finanças

Vítimas de abuso emocional podem desenvolver comportamentos financeiros compulsivos Poder e dinheiro andam juntos. Em uma das primeiras escalas desenvolvidas para medir atitudes humanas frente ao dinheiro, feitas por Yamauchi e Templer em 1982, o poder foi destacado como um dos principais pilares a serem observados. Exercido positivamente, o poder resulta em autonomia e empoderamento. De forma coletiva, a igualdade de diretos e oportunidades em uma sociedade trazem equilíbrio nas relações de poder. O problema ocorre quando a balança pende para um único lado, abrindo espaço para o triste cenário das relações abusivas, com forte impacto na vida financeira de quem é vítima. Relacionamentos abusivos são claramente identificados na forma de violência física. No entanto, são menos óbvios, e igualmente prejudiciais, quando se apresentam na forma de abuso psicológico, como no caso do controle coercitivo. O assunto é tão sério que, em setembro de 2020, o governo britânico incluiu o tema como assunto obrigatório da grade escolar. Como saber se estou em uma relação abusiva? Pelas características sutis e manipulativas, às vezes é muito difícil identificar a situação. Não raro, nem @ própri@ abusador (a), percebe que está agindo assim. São diversos episódios de ameaças, falas ou comportamentos não verbais subliminares através de humilhações, punições e ameaças com a finalidade de sujeitar, isolar e controlar a vítima. O processo normalmente é duradouro e cíclico em quatro fases. O momento de tensão, onde as manifestações de desaprovação são implícitas, disfarçadas e começam a alimentar a insegurança. Nesse momento a vítima faz tudo para agradar, para tentar deixar as coisas sob controle, para tentar mudar a outra pessoa, evitar a agressão ou a perda da relação. O segundo momento é o da agressão em si, muito mais explicita, em frases como “Você me faz passar vergonha”, “Você não é capaz ou tem algum problema mental”, “Faço tudo por você e olha como me corresponde”, “Sem mim você não tem mais ninguém no mundo”, “Dificilmente conseguirá sozinh@”, “Ninguém te ama mais do que eu”, “Faço isso por culpa sua”. Nesse momento, a vítima começa a sentir-se culpada, tem sua autoestima e autoconfiança minadas, e seu parâmetro de “normalidade” passa a ser @ agressor (a). Quando a corda é esticada demais, vem a terceira fase, através do pedido de desculpas e promessas de que as coisas serão diferentes dali para frente. Então vem a quarta fase, da “lua de mel”, onde @ abusador (a) usa de toda sedução e recompensas possíveis para manter a vítima feliz e por perto, até que se reinicie todo o ciclo, uma tensão gradativa. Existem variados tipos de relações abusivas Podem ser as amorosas, conjugais, familiares, com colegas no ambiente de trabalho, entre pais e filhos, entre amigos. Mulheres, infelizmente, são vítimas desde cedo e pesquisas mostram que pelo menos uma em cada três mulheres no mundo já sofreu algum tipo de abuso. Mas homens também  não escapam do controle coercitivo que pode aparecer através do bullying, do preconceito, da alienação parental, do abandono afetivo e até mesmo da superproteção, tema que abordei em uma coluna anterior. Que impacto relações abusivas tem na vida financeira? Vítimas de abuso emocional podem desenvolver comportamentos compulsivos como comprar, investir, trabalhar em demasia e até mesmo gastar muito dinheiro com presentes, tentando agradar parceir@s, familiares, chefes ou amigos. Às vezes, por sentirem-se incapazes, abandonam suas carreiras, ou mesmo nem iniciam, e estabelecem situação de dependência financeira e psicológica. Carregam culpa e sentem-se incapazes de serem amad@s e esforçam-se cada vez mais para agradar, emprestando dinheiro, conta do banco, CPF, ou mesmo entregando suas rendas para administração d@ agressor(a). Se você se identificou com alguma das descrições acima, saiba que já deu o primeiro passo na direção de mudar a situação, uma vez que pode ser difícil perceber a relação abusiva. O segundo passo importante é buscar ajuda e intensificar o autoconhecimento para observar comportamentos estabelecidos ao longo de sua história de vida que podem ser trabalhados. Mesmo sendo um dos caminhos possíveis, nem sempre é necessário que a relação seja rompida. O imprescindível é que limites sejam colocados, que o equilíbrio de poder seja restabelecido e que todos os envolvidos possam desfrutar de autonomia, liberdade e empoderamento. Que sejam abolidos os papéis vítima-agressor(a), onde todos são prejudicados, transformando-os em relações de igualdade, parceria, empatia e compaixão.

4 dicas para cortar o cordão umbilical financeiro e sair de casa

A última pesquisa do IBGE mostra que um a cada quatro brasileiros entre 25 e 34 anos ainda moravam com os pais O Brasil é conhecido por ser um dos países do mundo onde os jovens demoram mais tempo para sair de casa. A última pesquisa feita pelo IBGE apontava que um em cada quatro brasileiros, com idade entre 25 e 34 anos, ainda moravam com os pais. E o que motiva esses jovens a ficarem? Conhecidos como geração canguru, muitos são julgados injustamente por “folgados”, que não querem “abrir mão” de seu conforto e preferem viver às custas das finanças paternas. Mas, uma pesquisa feita por professor titular em universidade americana apontou que 74% dos pesquisados, nesta faixa etária, declararam que tem preferência por viver de forma independente de sua família, ainda que isso implicasse em uma vida mais restrita. Também é observado em atendimento clínico um enorme sofrimento nos jovens com mais de 25 anos dependentes financeiramente dos pais, mesmo entre aqueles que já saíram de casa, mas que ainda precisam da famosa “mesada” para seguir com seu padrão de vida. Estão tirando vantagem da situação? Não, na verdade eles sofrem. Crise econômica, índice de violência nas cidades, necessidade de especialização profissional, desemprego, conforto, amparo e tranquilidade, muitas são as explicações apontadas para o fenômeno. Mas gostaria de destacar, neste artigo, uma, em especial, como causa geradora de todas as outras justificativas anteriores, que é a superproteção. Isso mesmo! Pais que temem que suas crias passem por situações que ofereçam qualquer tipo de dor, perda, frustração e privação, tornam seus filhos frágeis e vulneráveis. E como teoria autorrealizável, resultam em jovens adultos inseguros, com baixa autoestima, altos índices de ansiedade e dependência emocional que andam de mãos dadas com a dependência financeira. Esta geração Z viu muitos de seus pais galgarem posições e crescimento em suas carreiras. Possui grande admiração por seus progenitores, os tem em alta conta como super-heróis ou heroínas. Insegurança sobre sua autoeficácia, desmotivação, indecisão, paralisação, evitar desafios futuros e circunstâncias sociais, são características da relação de dependência estabelecida. Se você se identificou com a descrição acima e é um desses jovens, há maneiras de mudar seu destino: Buscar o autoconhecimento: é fundamental trabalhar a relação de dependência estabelecida, os pensamentos, sentimentos e comportamentos disparados em você através desse modelo. Trabalhar suas crenças de ‘desvalor’. Resgatar seu potencial, seus talentos, seus pontos fortes em busca do fortalecimento de sua identidade profissional. Assim, você verá que é capaz de produzir, contribuir e ganhar dinheiro. Verá que é capaz de viver com autonomia. Faça sua planilha de gastos: mesmo que você não possua renda própria ou necessite de complemento paterno para suas despesas, monte seu orçamento. Ter consciência do próprio custo de vida, das despesas comuns de seu dia a dia, é um grande passo para a independência. Planilha de orçamento significa poder! Empoderar-se de suas despesas através do acompanhamento e controle. Estabeleça limites: um excelente antídoto para relações de dependência é estabelecer limites. Saber dizer não a você mesmo ou a situações que tem impactos negativos em sua vida. Mas, para que isso seja feito de forma serena, com propriedade e com autocontrole, é necessário um trabalho de fortalecimento pessoal e de desenho de estratégia de vida. Saber o que você quer ser, onde quer chegar e apropriar-se de que é capaz de fazer. Enfrente seus medos: Uma das melhores formas de adquirir novos comportamentos e provocar mudança de vida é se expor a novas situações. E para isso é necessário experimentar. Pode ser um pequeno passo, um de cada vez, o possível para o agora, mas é importante tentar. Se você se identificou com este texto porque é pai ou mãe de jovens adultos nesta situação, permita que seus filhos criem asas para o mundo, deixe que eles trilhem seus próprios caminhos, suspenda sua proteção, para que saiam mais fortalecidos, inclusive mais protegidos e possam voar alto com uma vida realizada e feliz.

Alienação parental pode deixar danos mentais e materiais como herança

alienação parental pode deixar danos mentais e materiais como herança

Como essa prática pode trazer graves impactos nos comportamentos financeiros e na relação com o dinheiro dos filhos Quem pratica a alienação parental provavelmente não tem consciência plena dos danos emocionais e psicológicos que está causando na criança ou adolescente. Danos tão graves capazes de comprometer inclusive a saúde financeira e mental desse jovem por toda a vida. Alienação parental é uma atitude de uma mãe, pai, de um responsável pelo menor ou até mesmo de avós, que tem por objetivo afastar a criança, prejudicar o vínculo dela com o genitor vítima da alienação. É uma espécie de manipulação, lavagem cerebral, campanha de difamação feita através de falas depreciativas, gestos e comportamentos desonestos que culminam em comportamentos de menosprezo, insegurança e até odiosidade da criança em relação ao seu genitor vítima, comprometendo o exercício da paternidade ou maternidade. Mudar de endereço sem avisar, dificultar visitas, fazer críticas caluniosas como “ele(a) é esquisito(a), qualquer coisa me liga que eu te socorro!”, mentir ou exagerar eventos, “esquecer” de avisar sobre festa ou reunião de colégio, não dar recados, são exemplos típicos de alienação parental. Principais sinais ou sintomas na criança A criança que passa por este processo e incorpora a atitude de repúdio na qual está sendo programada, desenvolve um transtorno psicológico chamado síndrome da alienação parental (SAP). São sintomas da síndrome: a criança replicar programação mental que sofreu com recusa persistente a passar tempo com o pai ou mãe alvo, apresentar ódio injustificado, esquecer vivências positivas, resistir a aceitar presentes ou manifestações de afeto do genitor. Pode apresentar um padrão agressivo de dúvidas, desespero nas visitas e até mesmo criar fantasias paranoides com falsas alegações de abuso físico ou emocional, sem evidências ou justificativas plausíveis. Consequências emocionais e psicológicas para a criança A criança que sofre da SAP desenvolve um tipo de apego psicológico chamado inseguro, caracterizado por falta de confiança nas pessoas. Com isso, adquire uma visão negativa de si mesma, dos outros e do futuro. Afasta-se de outras crianças, com dificuldade em estabelecer relacionamentos, inclusive na fase adulta. Possui forte sentimento de baixa estima, não se sente capaz de ser amada e desenvolve muitos medos, angústia, raiva, ansiedade e tristeza. A culpa decorrente do conflito entre lealdade com o genitor alienador (do qual a criança se torna dependente emocional) e a rejeição pelo genitor alvo produzem apatia e/ou agressividade. A criança pode apresentar fracasso escolar, transtornos de ansiedade, depressão e de personalidade. Consequências na vida financeira da criança quando adulto A história de vida ligada ao processo de alienação parental pode trazer graves impactos nos comportamentos financeiros e na relação com o dinheiro da criança na fase adulta. É comum a autossabotagem na carreira, uma vez que a pessoa não é capaz de enxergar seu valor. Por não se achar merecedora de afeto, também não acredita merecer sucesso. Pode desenvolver padrões de impulsividade e de compras excessivas, na busca de gratificações imediatas para apaziguar ansiedade e sofrimento. Ao se tornar uma pessoa insegura, passa a ter dificuldade em tomar decisões financeiras, em estabelecer um orçamento, acompanhar despesas e planejar para o futuro. Estabelece relacionamentos disfuncionais, com dificuldade em estabelecer parcerias ou trabalhar em equipe. Tem uma tendência à dependência emocional e financeira e pode se colocar com frequência em situações de vulnerabilidade perante relacionamentos abusivos, que inclui a violência patrimonial. Ao mesmo tempo, pode desenvolver grande agressividade e manifestações de raiva e tornar-se também um agente abusador. Por ter forte necessidade de validação externa e de provar seu valor, corre o risco de perder o senso de propósito e contribuição em seu trabalho. São pessoas que apresentam resistência à busca de ajuda devido a sentimentos de inadequação, medo de serem julgadas ou desconfiança em relação a outras pessoas. Na alienação parental é preciso “cortar o mal pela raiz”. Via de regra, a alienação parental surge de conflitos conjugais intensos, especialmente durante um divórcio ou separação, quando há forte abalo no ego dos cônjuges. Brigas intermináveis promovem uma espécie de encontro e manutenção do vínculo, mesmo que de forma extremamente disfuncional. Para evitar o processo de alienação, é importante que o luto da separação seja vivenciado. É preciso que ambos os cônjuges em divórcio façam um desinvestimento na relação e consigam cortar o vínculo mantido por meio do litígio. Um ritual de passagem bem-feito, a conscientização dos pais sobre os sinais e consequências da alienação parental e uma intervenção precoce no processo podem fazer toda a diferença no bem-estar e no desenvolvimento saudável da criança. Se a alienação já está estabelecida, é fundamental acompanhamento psicoterapêutico da criança, para que ela possa expressar seus sentimentos, receber apoio emocional, fortalecer sua autoestima e desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis. É possível também recorrer à mediação de conflitos e ao atendimento psicoterapêutico familiar para melhorar a comunicação, promover a compreensão mútua e desenvolver estratégias de coparentalidade saudável. Em casos mais graves de alienação parental, pode ser necessário o envolvimento do sistema jurídico e o afastamento do alienador. O tribunal pode ordenar uma avaliação psicológica ou psicossocial, para proteger o bem-estar da criança e promover uma relação saudável com ambos os pais. A alienação parental é assunto sério e precisa ser combatida. Crianças e famílias que estão passando por isso, necessitam buscar ajuda psicológica para sair desse processo danoso. Deixo como recomendação para se aprofundar no tema, assistir ao documentário brasileiro “Morte Inventada”, dirigido por Alan Minas. Nele você encontrará diversos depoimentos e o impacto em jovens que enfrentaram a síndrome da alienação parental.