Saiba como elevar a autoestima e melhorar sua saúde financeira
Embora muitas vezes ignorada, ter uma boa autoestima é fundamental para uma vida financeira saudável É muito comum a associação do conceito de autoestima ao aspecto físico. Mas o assunto vai muito mais além e impacta inclusive na vida financeira. O que significa baixa autoestima e qual sua causa? A autoestima baixa – imagem negativa de si próprio – é resultado das experiências ao longo da história de vida de cada indivíduo e é comumente encontrada em pessoas que sofreram abuso físico, sexual e/ou emocional. Pessoas com pais muito críticos, exigentes, controladores ou que passaram por desamparo na infância e adolescência costumam construir uma percepção de si mesmos com desvalor, com sentimentos de incapacidade, de vergonha, medo, culpa, ansiedade e invalidação. Como identificar a autoestima baixa? São sinais a sensação de ser um impostor, falta de confiança em si, o perfeccionismo, a autossabotagem e a procrastinação. Pessoas com baixa autoestima são mais suscetíveis a desenvolver depressão e crises de ansiedade, podem ter dificuldade de relacionar-se de forma saudável, muitas vezes impõem-se a si mesmo e aos outros uma autocobrança excessiva, têm dificuldade de expressar seus sentimentos, dificuldade de tomar decisões satisfatórias e podem desenvolver comportamentos autodestrutivos como abuso de álcool e drogas, desequilíbrios financeiro e alimentar. Quais impactos da autoestima baixa na vida financeira? A autossabotagem proveniente de uma opinião negativa sobre si pode atingir em cheio a vida financeira em todos os aspectos dela. É muito comum pessoas com baixa autoestima comprarem por impulso e excessivamente, como um mecanismo de fuga e compensação pelo sofrimento e frustração consigo mesmo. Transtornos como o consumismo financeiro, o vício em jogos e apostas financeiras, presentear de forma exagerada para agradar aos outros, o endividamento crônico, a avareza ou economia patológica e os workaholics – viciados em trabalho – são comportamentos característicos de pessoas com autoestima baixa. Como melhorar a autoestima? Tenha um autoconceito positivo reflete diretamente na saúde mental e financeira. Aqui vão 5 atitudes que podem ajudar a aumentar sua autoestima: Carls Rogers (1902-1987), psicólogo humanista norte-americano dizia: “Se há um paradoxo curioso é que, quando me aceito como sou, eu mudo!”. O primeiro passo para a mudança vem da aceitação da situação e de si mesmo. A baixa autoestima e o seu impacto em comportamentos financeiros disfuncionais podem ser cuidados. Adotando estratégias pessoais mais saudáveis e com ajuda profissional, por meio de psicoterapia, é possível alcançar uma vida financeira mais saudável, equilibrada e feliz!
5 lições imperdíveis da série ‘Rainhas da Bolsa’ no Mês da Mulher
A produção baseada em fatos reais conta a história de duas mulheres árabes pioneiras no mercado de ações Março é dedicado, em muitos países, à celebração do Mês da História da Mulher. Em 1977, o dia 8 de março foi oficialmente adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher. Vários eventos influenciaram a criação da data. Entre eles, um incêndio em uma fábrica em Nova York, em março de 1911, tragédia que matou 123 mulheres e apontou para as terríveis condições de trabalho feminino à época. Outro evento importante foi a marcha das mulheres russas por pão e paz, em 8 de março de 1917, pedindo melhores condições de vida. No Brasil, as mulheres tiveram direito ao voto somente em 1932. Até 1962, mulheres casadas só podiam trabalhar fora se o marido permitisse, pois o Código Civil de 1916 previa que mulheres casadas eram consideradas “incapazes”. Essa determinação também impedia mulheres de abrir conta em banco. Somente na Constituição de 1988 ficou estabelecida a igualdade de direitos e deveres entre mulheres e homens. Recentemente foi lançada, na Netflix, a série Rainhas da Bolsa. Baseada em fatos reais, conta a história de duas mulheres árabes pioneiras em trabalhar no hostil e masculino mercado financeiro de ações, nos anos de 1980. Sem a intenção de dar muito “spoiler” – sem revelações do conteúdo antecipado e sem contar o final -, trago aqui neste mês, em homenagem à todas as mulheres, alguns aprendizados que podem inspirar nossas vidas, a partir deste drama passado no Kwait: Se você não assistiu à série, recomendo. Além das excelentes lições observadas, é diversão garantida. Sem falar no inusitado e o mais criativo “circuit breaker” – mecanismo de segurança utilizado pela Bolsa de Valores para paralisar negociações quando o mercado está muito nervoso e com queda superior a 10% – que já pude presenciar. Termino este texto com os mesmos votos que coloquei em minhas redes sociais no Dia Internacional da Mulher, seguindo as palavras da líder inspiradora Jacinda Ardern: que toda mulher possa ser gentil, mas forte; empática, mas incisiva; otimista, mas focada. Que possa ser seu próprio tipo de líder. Que cada mulher não precise mais sentir limitações dadas por preconceitos, que possa usar suas habilidades para uma vida significativa e prazerosa.
Água a R$ 93: qual é o limite ético da lei da oferta e da procura?
Catástrofe provocada pelas chuvas no litoral paulista nos faz refletir sobre o limite na busca por lucro É frequente na educação financeira explicar a jovens e adolescentes o modelo da lei da oferta e da demanda como um mecanismo natural, de livre mercado, na determinação de preços. O que fica muito difícil explicar é uma garrafinha de água custar R$ 93 em meio a uma das maiores tragédias provocadas pelas chuvas no litoral norte de São Paulo, quando pessoas morreram soterradas e outras passam sede e fome ou adoeceram e ficaram desabrigadas. A lei da oferta e da procura não é prescrita por autoridade, muito menos um ato normativo de processo legislativo. Funciona do mesmo modo que a lei da gravidade, como um fenômeno que espontaneamente ocorre na natureza econômica. O entendimento é simples: se tem mais gente querendo comprar e menos produto ofertado, os preços sobem. Ao contrário, se há mais produtos oferecidos à venda e menos interesse de compra, então os preços caem. O raciocínio vale para explicar o fenômeno da inflação, a paridade das moedas, o preço dos ativos financeiros e o mecanismo de leilões de mercadorias. Apesar de natural e saudável regulação do livre mercado, a lei da oferta e da procura causa ruído moral quando nos esbarramos em seu efeito diante de uma tragédia humana, simbolicamente personificada nos R$ 93 cobrados por uma garrafa de água. Apesar de haver menos garrafas e mais pessoas precisando, qual é o limite ético de seu uso? Neste caso a disputa entre oferta e procura esbarra filosoficamente na mesma disputa entre o “eu” (ego) e “o outro” (alter), entre egoísmo e altruísmo. Deveria o livre mercado, assim como o livre arbítrio humano, ter em si uma autorregulagem do olhar pelo próximo, da empatia, do coletivo, do olhar humanizado? Quando se oferece uma garrafa de R$ 93 ou empréstimo a taxas de juros iguais ou superiores a 10% ao mês a uma população vulnerável em recursos financeiros e em conhecimento, em situação de carência social, sanitária, de saúde e/ou de educação, o ser humano mostra sua faceta mais cruel da falta de cuidado com a própria espécie. Não estamos falando aqui sobre sistemas políticos e organizacionais, sobre mais ou menos intervenção do Estado ou sobre a disputa entre modelos econômicos capitalistas ou socialistas. O ponto, sim, é a própria consciência individual e, quiçá, a preocupação na transmissão cultural dentro das famílias, das comunidades em que vivemos, das empresas em que trabalhamos, do país a que pertencemos sob o olhar espontâneo da lei, também natural, do amar ao próximo como a si mesmo. Por isso, incentivo tanto, como educadora financeira e psicóloga, a prática da doação dentro da organização das finanças pessoais e do orçamento mensal. Está provado cientificamente que pessoas que praticam a doação regularmente, tanto de tempo quanto de dinheiro, aumentam sua capacidade e equilíbrio emocional para lidar com suas próprias finanças e se tornam poupadores e investidores mais sábios porque, ao cuidar do outro hoje, conseguem cuidar melhor do seu “eu do futuro”. Há um grande segredo de sucesso e felicidade quando se consegue perceber e exercitar atitudes que podem parecer paradoxais como essas abaixo:
Demissão humanizada é desafio para líderes e organizações
Humanizar processos de demissão nas grandes empresas pode ajudar a tornar o processo menos traumático Entre os motivos mais citados para demissões estão: resistência à mudança, conflitos, problemas de comunicação, absenteísmo, falta de engajamento ou de atingimento de resultados. Qualquer que seja a razão que motive a demissão, líderes precisam saber que o problema pode não estar somente no funcionário, pois comportamentos negativos podem ser disparados por questões culturais da empresa ou da equipe, pela postura da liderança, por falta de clareza na estratégia, nas metas ou nas avaliações, por falta de estímulos positivos, que muitas vezes, poderiam ser resolvidos com elogios ou reconhecimento. Infelizmente, nos últimos meses e semanas, demissões em massa têm acontecido no mercado financeiro brasileiro, como no caso do C6 Bank, da XP Inc., das empresas de influenciadores financeiros como Me Poupe! e Grupo Primo, que levaram a debates polêmicos nas redes sociais. Entre as explicações dadas para demissões coletivas estão: reestruturações, mudança de estratégia, crises financeiras, redução de custos, problemas tecnológicos e fusões de empresas. Em outros setores e países, como no caso das empresas de tecnologia, a onda de demissões em massa também tem causado comoção. “Trauma e choro” é a descrição do processo de quem viveu ou acompanhou algumas dessas situações. Se a demissão for feita de forma traumática, pode causar feridas emocionais e marcas profundas na vida de quem foi demitido, com impacto direto na autoestima, na qualidade de vida, na produtividade, nos relacionamentos e na saúde emocional da pessoa. Mas os prejuízos acompanham quem demite também. Companhias que decidem pela demissão em massa perdem valor no preço de ações na Bolsa; e, independentemente da quantidade de pessoas demitidas, dispensas mal geridas, geram impactos negativos de curto e longo prazo nas empresas como um todo, pois provocam insegurança, medo, falta de confiança na gestão, perda de atratividade de novos talentos, queda na produtividade e prejuízos na imagem da marca. É preciso saber demitir! Assim como é necessário cuidar de quem fica também é importante ter atenção e cuidado com quem deixa a empresa. É necessário humanizar as demissões. Apresento aqui algumas boas atitudes características de demissões humanizadas: 1. Mesmo que a demissão seja coletiva, ter a compreensão de que cada pessoa é única: isso envolve colocar-se no lugar do outro com empatia, entender e respeitar sentimentos despertados pela situação; 2. Oferecer acolhimento: mesmo sendo uma situação difícil também para quem demite, mesmo tendo os motivos para fazê-la, o simples fato de reconhecer sua própria vulnerabilidade e o sofrimento do próximo já são formas de acolhimento; 3. Evitar demitir por telefone, mensagem gravada ou vídeo conferência e, de forma alguma, expor publicamente o funcionário: esta é uma das situações que nem a tecnologia, nem o modelo remoto substituem o presencial. Parece algo bastante óbvio, mas há vários relatos recentes de demissões por WhatsApp. Além disso, o ato de demitir é algo privado, uma conversa que não deve ser feita publicamente; 4. Estabelecer uma rotina de diálogo contínuo com transparência: compartilhar dificuldades e/ou mudanças na estratégia da empresa no dia a dia, fazer avaliações efetivas e construtivas com periodicidade e envolver colaboradores nas decisões aumentam a confiança, a credibilidade e compreensão do funcionário sobre qualquer decisão a ser tomada, mesmo que esta seja seu próprio desligamento; 5. Elogiar, de forma genuína, as qualidades da pessoa demitida: sim, é possível elogiar, mesmo que a demissão seja por performance. Todos os indivíduos possuem qualidades e, com certeza, uma parte positiva e grande esforço foram depositados pelo funcionário ao longo de seu trabalho. É injusto não reconhecer isso. Se você é líder e, ao demitir, não consegue enxergar o que de bom foi trazido pelo funcionário, isso diz mais sobre seu olhar crítico do que sobre a pessoa demitida. Veja que nenhuma dessas atitudes dizem respeito a dinheiro ou acordo sindical. Vale também lembrar que um colaborador ou ex-funcionário também pode ser um cliente, um investidor e um formador de opinião sobre a marca da empresa. Assim como contratar, demitir faz parte dos processos ligados à gestão de pessoas. No entanto, definitivamente, a competência de demitir de forma humanizada também precisa ser foco do desenvolvimento da liderança de toda empresa comprometida com sua longevidade e com o seu impacto positivo na sociedade. De toda empresa empenhada em fidelizar clientes, em reter pessoas, na gestão positiva e sustentável de sua marca. Para atrair investidores de longo prazo, é preciso que uma empresa esteja comprometida com os pilares ESG. Demitir de forma humanizada é parte importante da boa governança e da boa gestão social.
7 dicas para vencer a procrastinação em 2023 e evitar prejuízos
Existe uma diferença fundamental entre fazer uma promessa e assumir um compromisso Ano novo, vida nova. O famoso clichê carrega a expectativa de mudança, da oportunidade de colocar a vida em ordem e adquirir hábitos mais saudáveis. Declaramos em voz alta, fazemos promessas a nós mesmos: “ano que vem, segunda-feira, ou depois do Carnaval, vou começar aquele projeto ou objetivo importante”. Mas a verdade é que existe uma diferença fundamental e transformadora entre fazer uma promessa e assumir um compromisso. A primeira, a promessa, já inclui o ato da procrastinação nela mesma. É um ato futuro, que provavelmente nunca será realizado quando chegar a data. Será sempre lançado para a frente. O compromisso, por outro lado, é justamente o contrário. É a antecipação do ato. É planejar com tamanho desmembramento em passos de ação, que não restará outra alternativa, se não realizá-lo. Exemplos de promessas: “ano que vem terei minhas contas em ordem, não farei dívidas e terei meus estudos em dia na faculdade. Inclusive, farei um regime”. Obviamente, quando o ano começar (e já começou!), provavelmente nada disso irá ocorrer. Por outro lado, bons exemplos de compromisso seriam: “como no ano que vem quero ter as contas em ordem, já montei meu orçamento. Percebi que preciso reduzir minhas despesas de moradia. Então, estou procurando um lugar mais barato para morar. Como quero fazer diferente e ter meus estudos em dia, já me inscrevi em um curso de gestão do tempo, para melhorar minha organização. Também iniciei um processo psicoterapêutico para desenvolver novos hábitos, melhorar minha rotina e aumentar meu patamar de autoconhecimento”. Frases populares – como “estou mais quebrado que promessa de bêbado” ou “não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje” – de forma simples, apontam causas, consequências e conselhos para não procrastinar. A procrastinação, como atraso intencional e frequente, embute um comportamento estabelecido de prometer-se a si mesmo, sem nenhum compromisso ou passo concreto na direção da realização. É acompanhada de frases e pensamentos como: “daqui a pouco eu faço”, “agora não consigo”, “estourando vou chegar em tanto tempo”, “no limite, posso parcelar”, e causa sentimentos de ansiedade, culpa e frustração como resultado do objetivo não atingido. A origem dessa conduta está na luta interna entre escolhas imediatistas de curto prazo e o autocontrole por escolhas melhores de resultados no longo prazo. Seres humanos editam mentalmente o valor da recompensa quando há atraso. Por isso, realizações de longo prazo não são tão atraentes quanto satisfações imediatas. Se você quer ter a vida financeira mais organizada, ser mais efetivo em seu trabalho e/ou estudos, aqui vão sete passos que podem facilitar sua vida: 1 – Investigue a causa Crenças estabelecidas, medo, insegurança, ansiedade, perfeccionismo, baixa autoestima, desorganização mental e tendência à impulsividade levam a adiar tarefas, perder prazos, estar sempre devedor e no sufoco, o que retroalimenta e intensifica o ciclo psicológico da frustração e da sensação de incapacidade. Transtornos mentais, pessoas deprimidas ou com TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) podem apresentar a procrastinação como sintoma. 2 – Valorize iniciativas pequenas e faça agora Fazer algo muito simples para começar a meta é milagroso para sair da inércia e já é um passo importante para transformar uma promessa em compromisso. Pode ser apenas um primeiro telefonema, uma busca na internet ou só fazer uma lista das atividades necessárias para se organizar. 3 – Faça contagem regressiva de 5 para 1 Diante de uma tarefa difícil, conte de 5 para 1. Se você ainda não organizou suas finanças e está com preguiça de fazê-lo, comece a contar: 5) Vou abrir a planilha no meu computador 4) vou abrir o extrato do banco e separar as últimas faturas 3) levante-se, 2) respire, 1) comece a lançar dados. Você pode fazer uso de mapas mentais ou listas, para estabelecer prioridades e a sequência de passos. 4 – Separe um horário fixo e calmo na semana para seu objetivo importante Você pode aplicar a técnica Pomodoro (método de gerenciar o tempo), dedicando-se 25 minutos com foco em uma atividade e, em seguida, fazer pausas curtas para descansar. 5 – Elimine distrações A presença do celular é um grande “distrator”. Se for possível, coloque-o em modo avião antes de iniciar a atividade. Gerencie seu tempo, suas emoções e sua concentração. O mindfulness (prática de respiração e meditação) é muito eficaz para aumentar o nível de atenção no presente e esvaziar a mente de sentimentos e pensamentos que estejam tirando o foco. 6 – Conte com ajuda para bancar o compromisso com sua meta Como o entusiasmo com o objetivo acontece muito antes do momento da implementação, encontre uma trava para garantir o compromisso. Bloqueie a agenda ou peça para alguém próximo fazer o acompanhamento e conferir se você está fazendo mesmo o que decidiu. 7 – Celebre pequenas vitórias com recompensas significativas Assim estará ajudando seu cérebro a registrar sua mudança positiva de comportamento. “Feito é melhor que perfeito”, o “ótimo é inimigo do bom” ou “missão dada é missão cumprida” são exemplos de crenças fortalecedoras que podem ajudar seu novo repertório comportamental. Reconhecer o hábito procrastinador já é um grande passo para a mudança. Não importa em que dia da semana ou em que momento do calendário você está! O hoje e o agora são sempre a melhor hora para recomeçar de forma diferente, com muitas realizações pessoais, profissionais e financeiras.
Os comportamentos que podem afetar as finanças dos brasileiros em 2023
Se há ou houve pedras no caminho em 2022, podemos construir pontes com elas em nossas vidas financeiras “No meio do caminho tinha uma pedra”, escreveu Carlos Drummond de Andrade. Certamente você também viu muitas pedras no caminho em 2022, provavelmente de forma menos poética. As atitudes são construídas e aprendidas como fruto da relação do homem com o ambiente e afetam diretamente a saúde mental e financeira. Que lições, então, podemos tirar dos nossos comportamentos financeiros mais frequentes perante os estímulos recebidos em 2022, para evitar ou levar para 2023? Trago aqui, para reflexão, uma retrospectiva de alguns dos principais destaques de fenômenos psicológicos ocorridos em 2022 que impactaram diretamente a vida financeira das pessoas: 1) Transtornos de ansiedade Fenômeno que tem afetado muito os jovens, chamou atenção a frequência de crises de ansiedade coletivas sofridas por estudantes no Brasil. Exemplo: em escola de Recife, vários alunos sofreram falta de ar, tremores e crise de choro. No mercado financeiro, o modelo de precificação que antecipa ocorrências na economia ou nos ativos já é o próprio sinônimo de um transtorno de ansiedade. Quantas vezes, neste ano, vimos a Bolsa fechar em queda, devido à aversão ao risco ou pressionada com as incertezas domésticas? Ou vimos traders e investidores, diante de cenários prolongados de instabilidade, ansiosos, tomando decisões precipitadas por aversão a perdas? Ansiedade leva a desistência de sonhos, perda de emprego, fuga do cuidado com as próprias finanças e a fazer dívidas. 2) Endividamento dos brasileiros O endividamento da população brasileira beira a quase 80% das famílias, o que indica uma questão estrutural em nossa sociedade. O comportamento estabelecido está relacionado às condições econômicas nas quais vivemos, a questões culturais, à carência de educação financeira e à falta de exemplo de nossos governantes (sem querer politizar neste artigo!). Entre os tops trends do Google este ano apareceram: “Como fazer empréstimo do Auxílio Brasil?”, “Como fazer o cadastro no Auxílio Brasil?” e “Como fazer empréstimo no Caixa Tem”. 3) Comportamentos supersticiosos e compulsivos Há muita expectativa para 2023 quanto à regulamentação das apostas. Apesar de o assunto ainda não estar consolidado, houve forte crescimento das apostas em sites e aplicativos, inclusive entre menores de 18 anos, o que pode se tornar um grande problema de saúde pública e saúde financeira da população. Existem similaridades psicológicas entre mecanismos de apostar e investir, principalmente entre os investidores despreparados, ávidos por altos retornos que, por excesso de confiança, acabam perdendo seu patrimônio. 4) Pirâmides financeiras As pirâmides financeiras continuam mais vivas do que nunca. Inúmeros casos ocorreram em 2022, arrastando famosos e cidadãos comuns nos golpes financeiros. Entre eles houve o casal de Minas Gerais que prometia altos retornos financeiros e o investidor estelionatário de criptomoedas do Rio de Janeiro, aguçando a ambição dos investidores e o comportamento de manada. 5) Sexismo, guerra, poder e dinheiro Quem não se lembra das manifestações hostis e sexistas de Arthur do Val, o “Mamãe falei”, ao dizer sobre as mulheres ucranianas: “São fáceis porque são pobres”, estabelecendo uma relação deplorável entre sexo, dinheiro e poder em uma situação desumana de guerra, reflexo de comportamento abusivo tanto sexual como financeiramente em relação à figura feminina. 6) Burnout, quite quitting e quite firing Mediante os fenômenos intensamente presentes em 2022 – síndrome do esgotamento profissional, demissão silenciosa por parte dos funcionários, ou líderes indiretamente forçando colaboradores a sair -, empresas devem repensar seus ambientes de trabalho, seus modelos de governança, liderança, metas, reconhecimento e gestão. 7) Atitude ESG Como boa notícia, a apresentação de informações e a implementação das práticas relacionadas aos aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa por parte das empresas vêm ganhando força no mundo todo. No Brasil, a resolução CVM 59, 21, que entrará em vigor em janeiro de 2023, exige que as empresas passem a indicar nos seus formulários de referência dados relacionados à governança corporativa, direitos humanos e meio ambiente, além da adoção de práticas voltadas à gestão de riscos, referentes ao exercício de 2022. Há um aumento na demanda por informações mais consistentes, comparáveis e úteis à decisão e ao risco de greenwashing. Se há ou houve pedras no caminho em 2022, podemos construir pontes com elas em nossas vidas financeiras. Como diz o papa Francisco, “Derrubar muros para construir pontes” e identificar comportamentos negativos para mudá-los. Aprender novos repertórios comportamentais para reagir de forma diferente às circunstâncias que nos afetam. Que venha 2023, repleto de renovação, esperança, coragem, aprendizados e fé! Deixo a você os votos da tradicional música da virada: “Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”!
7 dicas para evitar brigas sobre dinheiro na ceia de Natal
Seguramente, a ceia de Natal não é a melhor hora para discutir sobre questões financeiras Enfeites pela cidade anunciam a chegada do fim de ano, repleta de expectativas para as confraternizações. Mas nem sempre o espírito natalino é carregado de emoções positivas. Desde os preparativos, as compras, os gastos com a ceia, a decisão dos rateios, a obrigação dos presentes e até a escolha da roupa podem se tornar um peso nesta época do ano. Peso maior ainda acontece quando você se lembra que, na festa de Natal, estará aquele parente que sempre chora porque não tem dinheiro. Ou vem à sua mente aquele que é esnobe e se sente superior; talvez o parente que todo ano dá um presente ruim com validade vencida; ou mesmo aquele que sempre pede dinheiro emprestado, emprego ou oferece uma oportunidade espetacular e enganosa de investimento. Tais exemplos despertam sentimentos ambíguos de felicidade e angústia com a lembrança do que provavelmente acontecerá no encontro em volta da mesa. Dinheiro é assunto sério e precisa ser falado. Sempre estimulo meus clientes a estabelecer uma rotina mensal, um dia em família para conversarem sobre o orçamento doméstico, planos, prioridades e necessidades de cada um. Mas seguramente, a ceia de Natal não é a melhor hora para isso! Se você deseja profundamente evitar brigas sobre o dinheiro na festa natalina, aqui vão algumas dicas: 1) Avalie se você não é o problema Faça uma autoavaliação honesta do quanto você mesmo não é o agente perturbador da festa por meio de perguntas como: falo sobre minhas questões financeiras com as pessoas com muita frequência? Quando o assunto dinheiro toma conta da minha mente, é de forma positiva ou negativa? Observe o impacto que você gera nas pessoas com seus comportamentos financeiros, relativos à falta ou à abundância de dinheiro em sua vida. Se esse é o seu caso, buscar atendimento psicoterapêutico para trabalhar comportamentos, pensamentos e emoções frente ao dinheiro pode ser uma boa resolução para 2023; 2) Exercite a empatia e compaixão Muitas vezes, a pessoa “inoportuna” quer apenas ser escutada, percebida e precisa desabafar. Os simples atos de escutar, validar e acolher podem atenuar ou mesmo dissipar a tensão da situação. Ponderar que esta pessoa possa estar sofrendo e sentindo-se solitária, com dificuldade em lidar com seus conflitos, que pode estar em luto por ciclos mal fechados ou resolvidos, pode ajudar no exercício da empatia e no aumento da compaixão; 3) Estabeleça limites com gentileza Após escutar, validar e acolher é possível propor um outro momento para conversar sobre o tema. Com gentileza, você pode dizer como se sente em relação ao assunto e propor, por exemplo, falar sobre isso em outra hora com mais privacidade, tranquilidade e tempo para reflexão; 4) Pratique a aceitação Aceitar que a situação é aquela que se apresenta no momento, que pessoas possuem seus dilemas e podem ter dificuldade de mudar, aceitar-se a si mesmo como você está e aceitar seus próprios sentimentos como surgem podem ser grandes passos para a mudança. O psicólogo humanista Carl Rogers disse: “O paradoxo curioso é que, quando me aceito como sou, posso mudar”. Isso vale também para as situações e relacionamentos com pessoas difíceis; 5) Pratique a doação Praticar a doação mensalmente durante o ano é um excelente exercício para aumentar os níveis do amor incondicional, da ajuda ao próximo, da aceitação e compaixão, da gratidão, da eficiência na gestão do próprio orçamento e da capacidade de economizar. Quando ajudo outra pessoa através da doação, consigo aumentar minha capacidade de ajudar o meu “eu do futuro” através do poupar. Inclusive, um outro bom exercício é conseguir presentear no Natal, sem esperar nada em troca; 6) A gratificação ou punição não é papel do Papai Noel Se você é pai ou mãe, vigie-se para não atribuir ao Papai Noel a tarefa de recompensar ou punir. A fantasia natalina faz parte dos símbolos culturais do imaginário infantil, mas não deve ser usada como ferramenta de chantagem para instruir sobre boas ou más ações da criança ao longo do ano. Menos ainda deve gerar expectativas na criança ou causar sofrimento nos pais por presentes que não cabem no orçamento. É papel dos pais acolher, perdoar, ensinar e principalmente elogiar. Cabe aos pais falar sobre o dinheiro de forma franca e transparente e passar sempre conceitos corretos de educação financeira. Para o bem do Natal e das crianças, Papai Noel pode sim ser adotado como uma figura simbólica e lúdica, no entanto, não deve representar o grande juiz, mestre ou redentor do ano. 7) Atribua propósito à festa Separe um momento no encontro para refletir sobre o real propósito da reunião familiar. Exercite a espiritualidade em família. Aproveite o momento como oportunidade para cada um contar aos outros sobre alegrias, dificuldades, motivos de gratidão do ano que passou e sonhos para o próximo ano. Esta prática pode ser utilizada para estreitar vínculos e estabelecer laços de conexão. Encerro este texto desejando a você e seus familiares um feliz Natal, com muita comunhão, gratidão, amor, esperança e fé!
10 resoluções de fim de ano para controlar o destino financeiro em 2023
Resoluções financeiras para parar de sofrer em 2022 e fazer de 2023 um Feliz Ano Novo “Quando tudo isso vai acabar?” Tenho ouvido essa pergunta com certa recorrência em meu consultório. Pessoas angustiadas com as circunstâncias, pessimistas por não enxergar a luz no fim do túnel. E a mesma pergunta vem de todos os lados, sem prevalência de gênero, idade ou escolaridade. A pandemia veio, mas não acabou, as eleições passaram, mas o brasileiro segue inseguro, com medo. Acho que o indivíduo que mais demonstra toda essa melancolia armazenada é o mercado financeiro! Esse sujeito indeterminado, mas tão transparente e humanamente emotivo, é um verdadeiro eletrocardiograma do coração dos investidores e da população em geral. Se há um divã, um verdadeiro lugar de desabafo, este lugar é o mercado de ações. Ele precifica, se preocupa, sofre de ansiedade, passa por euforia e depressão. Mas quando tudo isso vai acabar? “O destino é só o acaso com mania de grandeza” disse Mário Quintana. A vida realmente é uma sucessão de acasos, de circunstâncias. O cientista Albert Einstein dizia que todos deveriam fazer-se a seguinte pergunta: “O universo é um lugar amistoso?”. Do ponto de vista dele, quem responde “não” a essa pergunta, se arma até os dentes para se defender. Pelo contrário, se a resposta for positiva, o indivíduo será capaz de enxergar oportunidades e construir alianças. Apesar de querermos ter controle das situações, o acaso é incontrolável. O renomado psicólogo comportamental B. F. Skinner realizou pesquisa com pombos famintos oferecendo alimento em intervalos regulares. Mesmo que a oferta de comida não dependesse do comportamento dos pássaros, a maioria deles desenvolveu padrões de comportamento bem estereotipados para consegui-la, tais como dar voltas no sentido anti-horário, bater as asas no período entre apresentação de alimento; enfiar repetidamente a cabeça num dos cantos da gaiola. Os animais desenvolveram comportamento supersticioso, acreditando que, agindo de determinado modo, a comida iria chegar. Pessoas controladoras tendem a sofrer de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e síndrome de burnout. Desta forma, a grande sabedoria está em conseguir distinguir o que está sob nosso controle e o que não está. Por esse motivo, a organização Alcoólatras Anônimos, que oferece ajuda mútua de recuperação de dependentes de álcool, adotou a oração da serenidade para ser repetida em todos os seus encontros. Um trecho da oração diz: “Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras”. Essa sabedoria é um dos grandes desafios humanos, e me incluo nesta busca. É o aprendizado que isenta a necessidade de ver luz no fim do túnel para ser feliz; mas ensina a aceitar, agradecer e viver equilibrado mesmo no escuro. Com toda humildade de quem também busca isto para si, aqui vão algumas dicas para terminar o ano bem e começar um 2023 feliz, modificando, na vida financeira, o que realmente está ao nosso alcance: Em vez de entrarmos 2023 como pombos supersticiosos, dando voltas ao redor do corpo, teclando ordens aleatórias de compra e venda de ativos, tentando a sorte em apostas ou reclamando das circunstâncias, é possível sim influenciar o próprio destino escolhendo os passos certos.
Copa do Mundo: por que apostas esportivas são perigosas para os jovens
Apostar não é o mesmo que investir e deve ocupar uma fatia restrita como despesa na categoria de lazer A Copa do Mundo 2022 vai começar! O maior evento público desde o início da pandemia foi adiado para novembro, mês em que as temperaturas são mais amenas no Catar. Espera-se que o mês traga também temperaturas políticas e econômicas mais amenas ao Brasil. E na rasteira do espírito positivo de motivação, esperança, lazer e união em torno do futebol, que sempre uniu os brasileiros, um fenômeno crescente, arrebatador de multidões, tem despertado o interesse da indústria financeira no Brasil: as apostas esportivas. Já é uma tradição histórica cultural em nosso País durante Copas do Mundo o famoso “bolão”, prática adotada entre amigos, familiares e colegas de trabalho, que se reúnem para apostar em performance de equipes e jogadores ao longo do campeonato. A era digital, com seu poder de potencializar práticas em escalas nunca antes vistas, tornou as apostas esportivas uma atividade consolidada e com números de gente grande. A consultoria norte-americana Grand View Research avaliou em 2020 o mercado global em US$ 59,6 bilhões e estima que em 2027 chegará a US$ 127,3 bilhões. Se houver regulamentação no Brasil, o País poderá se tornar um dos principias mercados, dada a paixão pelo esporte no País e o tamanho da população brasileira. O risco para os jovens Já existem muitos aplicativos disponíveis para apostas de todos os tipos e, embora não seja permitida a participação de menores de 18 anos, as apostas têm se popularizado cada vez mais entre o público adolescente, que mente a idade no cadastramento, sem fiscalização. A questão é muito grave e, no curto espaço de tempo, a adição por jogar pode se tornar mais um dos sérios problemas de saúde pública, superando a dependência química, além de favorecer o agravamento do endividamento da população. Adolescentes, devido à puberdade, passam por transformações hormonais intensas nesta fase da vida, o que inclui fortes oscilações da produção de dopamina, hormônio responsável pelo registro de felicidade de longo prazo. A variação biológica ocorre para que o organismo tenha oportunidade de desenvolver novos repertórios comportamentais necessários para a fase adulta, associados à autonomia. No entanto, se os estímulos nesta fase da vida privilegiarem emoções positivas intensas de curto prazo, o comportamento passará a ser emitido com mais frequência e intensidade, e assim se tornará um vício. Ademais, a parte do cérebro responsável pela avaliação de riscos, o córtex pré-frontal, somente tem sua formação completa, em média, após os 20 anos de idade. Não é à toa que adolescentes são mais propensos a se exporem a perigos que podem comprometer sua integridade física, mental, financeira e às vezes a própria vida. Por esta razão, os Estados Unidos, pais que tem jogos de azar legalizados, proíbe que menores de 21 anos entrem nos cassinos. Há similaridade entre apostas e investimentos? Existem similaridades psicológicas entre os mecanismos de apostar e investir, principalmente em investimentos de ações nominadas “tipo-loteria”, aquelas de alta volatilidade e que apresentam pequena probabilidade de alcançar um grande retorno. Assim como os investidores destas ações, em momento esporádicos e pontuais de ganhos, apostadores experimentam picos de emoções positivas, o que leva à euforia e empolgação tornando-os mais avessos à avaliação de risco e mais confiantes em seguir apostando ou fazendo investimentos ruins. Há uma crença de que apostadores profissionais, por fazerem muitos estudos de probabilidades estatísticas de performances de jogadores, estariam aptos a altos retornos, assim como investidores de análise fundamentalista das ações. No entanto, estudos como o de Richard Thaler, ganhador de Prêmio Nobel de Economia, mostram que ganhos em apostas bem-sucedidas, por excesso de confiança e empolgação, são imediatamente usados em novas apostas, com probabilidade de serem malsucedidas. Esse comportamento é chamado de Dinheiro de Casa (“House Money behavior”), dinheiro que permanece no lugar da aposta ou no mercado financeiro, e não no bolso do investidor. Se há semelhanças comportamentais, há também uma diferença fundamental entre investimentos e apostas, quanto à finalidade. A compra de ações favorece a economia real, o crescimento de empresas, a geração de produtos e empregos. Traz retornos financeiros e por isso é classificada como investimento. Já a aposta tem, em sua essência, uma finalidade recreativa e, portanto, é considerada despesa. Como saber se o comportamento recreativo das apostas virou vício? Na fase recreativa, a pessoa joga em um ritmo baixo e tem prazer em diferentes atividades em sua vida. No entanto, quando o prazer em jogar se intensifica e passa a representar alívio de estresse e forte socialização com amigos, a pessoa torna a prática mais frequente, depositando grande parte da satisfação de sua vida no jogo e desenvolve uma adição por jogar. Nestes casos, a ausência do jogo provoca sintomas de abstinência como ansiedade, irritabilidade, mau humor e depressão, o que impulsiona o comportamento para jogar novamente, tornando-se uma compulsão. Por isso, elogiar muito um filho que teve sucesso em apostas ou mesmo em investimentos de curto prazo, ao acaso, sem que ele tenha o conhecimento profundo de um investidor qualificado, pode ser um reforçador social perigoso de indução ao vício de jogar. A prática de apostar não deve ser vista como uma profissão, e precisa ocupar um espaço bem delimitado de uso recreativo, tanto em tempo como em orçamento e em satisfação pessoal. Apostar não é o mesmo que investir e deve ocupar uma fatia restrita como despesa na categoria de lazer. Crianças e adolescentes não estão preparados fisicamente e tampouco psicologicamente para jogos de azar. Para elas, o melhor elogio é aquele que reforça seus talentos, seu empenho em atividades produtivas, que fortaleçam sua autoestima e seu senso de contribuição com a sociedade.
Responda a essas perguntas e veja se é hora de pedir demissão
Manter-se no emprego apenas pelo salário não é uma boa opção para a saúde e muito menos para o bolso Demitir-se ou não se demitir, eis a questão! Um fenômeno recente, que viralizou nas redes sociais, principalmente entre os mais jovens, foi o “quiet quitting”, a famosa demissão silenciosa. É o comportamento no qual o funcionário faz apenas o necessário, nem mais nem menos, para manter seu emprego. Uma das justificativas para a adoção dessa atitude, por quem a pratica, é tida como uma forma de estabelecer limites às horas extras de trabalho, em busca de mais qualidade de vida. No entanto, o resultado pode ser inverso, uma vez que a desconexão afetiva do sentido de propósito no trabalho pode levar ao burnout. A percepção de trabalho produtivo é um pilar importante da saúde mental, pois o significado de trabalhar tem um vínculo intrínseco ao sentido de existência e identidade dos seres humanos. Quando avaliar o pedido de demissão? Entre as motivações mais frequentes para a mudança de emprego estão: a desconexão entre a cultura e os valores da empresa e os seus próprios, ambiente tóxico, desalinhamento de metas e de objetivos, falta de oportunidade de crescimento, de autonomia ou aprendizado, insatisfação com aquilo que faz ou com a liderança, perda do sentido de contribuição, de reconhecimento ou prejuízos à qualidade de vida e saúde mental. Se este é p seu caso, é hora de avaliar um pedido real de demissão. Manter-se no emprego apenas pelo salário não é uma boa opção para a saúde, nem para a felicidade e muito menos para o bolso, pois a situação não é sustentável no longo prazo e, portanto, não trará bons resultados. Como se preparar para a mudança? Para evitar agir por impulso e ter arrependimentos futuros é importante avaliar se realmente a percepção dos fatos não está enviesada. Você pode começar fazendo-se perguntas como: O que realmente desejo? Os pontos pelos quais estou insatisfeito podem melhorar de alguma forma? É possível ressignificá-los? No médio prazo, as coisas poderiam melhorar? Quais são os pontos fortes e desvantagens de onde trabalho? O que pesa mais entre vantagens ou pontos fracos? As questões que me incomodam dizem mais ao meu respeito ou ao ambiente externo? Há opções melhores? Consigo enxergar meu valor e minha contribuição independentemente de onde trabalho? Você pode fazer essa avaliação sozinho ou pedir a ajuda de um profissional. Caso a conclusão seja pela mudança, é importante planejar a transição. Não é recomendável pedir demissão sem outra opção de ocupação. De qualquer forma, é imprescindível uma reserva financeira de pelo menos 6 meses equivalentes aos seus gastos orçamentários mensais. Monte um plano, organize-se, desenhe as alternativas antes de se desligar. Qual é melhor forma de fazer? Trabalhar mal para forçar a demissão não faz bem a você mesmo. Seu senso de autoeficácia, o valor de seu próprio trabalho e a sua imagem valem muito mais que qualquer compensação financeira imediata das verbas rescisórias de ser demitido. Se a decisão de sair do emprego partiu de você, honre essa escolha. A boa notícia é que, por meio da reforma trabalhista que passou a vigorar em 2017, está prevista nova modalidade de demissão por acordo trabalhista. Ela permite que ocorra negociação para consenso entre o empregador e o empregado, chamada de demissão consensual. Nesse modelo de rescisão do contrato de trabalho, é permitido uma saída na qual ambas as partes aceitam o fim do vínculo empregatício. Nessa modalidade, o profissional recebe o saldo de salário; aviso prévio pela metade; 13º proporcional; férias proporcionais + ⅓; férias vencidas + ⅓; 20% de multa sobre o saldo do FGTS; também adquire o direito de movimentar 80% do valor disponível do seu FGTS. Só não tem direito ao seguro-desemprego. A melhor forma de saída é sempre a mais colaborativa, pacífica e acordada. Com isso você construirá não somente seu caminho escolhido imediato, mas também fortalecerá sua autoestima e manterá portas abertas para oportunidades futuras.